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86% dos votos contados em Israel dão 65 cadeiras para a coalizão de Bibi e Meretz fora do Knesset

Situação dramática para a esquerda israelense. Lá, existe uma linha de corte do coeficiente eleitoral. O partido que não obtiver 3.25% dos votos não recebe cadeira alguma. O que atingir a linha de corte, recebe 4 cadeiras. As cadeiras adicionais vem por conta de uma maior percentagem de votos.

Neste momento, o Avodá, o Partido Trabalhista, o sucessor do partido de Ben Gurion, Golda Meir, Moshe Dayan e tantos outros, que além de fundar Israel, dominou o denário político, inconteste, pelos primeiros 30 anos, está com 3.57% dos votos, portanto ligeiramente acima da linha de corte e continua vivo politicamente com as 4 cadeiras mínimas por lei.

Já o Meretz, o partido da esquerda judaica e também de árabes cristãos israelenses de esquerda, recebeu até o momento, 3.19% dos votos e não atingiu a linha de corte. Se isso se mantiver, a esquerda judaica raiz não fará parte do próximo Knesset.

O mesmo está acontecendo com o partido árabe de esquerda, o Balad, que amarga 3.01% dos votos. Balad significa, em hebraico “Brit Leumit Democratit”(Assembleia Democrática Nacional). A plataforma do Balad é por um estado único bi-nacional, mas com a remoção de todas as colônias judaicas da Cisjordânia, e pela volta de todos os refugiados palestinos e seus descendentes (ou seja, no estado bi-nacional do Balad, o território de Israel deve receber alguns milhões de palestinos, mas a Cisjordânia deve ser livre de judeus).

CENÁRIO ESTRANHO E AINDA IDEFINIDO

Estes 86% dos votos são os que foram colocados nas urnas durante o processo eleitoral normal. Os 14% que faltam contar são os votos especiais, como os das forças de segurança (forças armadas e polícias que votam uma semana antes), prisioneiros condenados, pessoas com deficiência que não podem se deslocar e o voto é colhido em casa, nos hospitais ou asilos, e diplomatas no exterior.

Se as percentagens se mantiverem a coalizão para o próximo governo de Bibi Netanyahu estaria garantida com 65 cadeiras de 120. Mas perceba o tal do drama do momento. Se o Meretz e o Balad conseguirem superar a faixa de corte, 8 cadeiras será redistribuídas, alterando o percentual atual dos outros partidos. E caso a subida destes dois partidos retire aquele trisquinho que o Avodá tem, ele perde as 4 cadeiras.

O maior volume destes 14% que faltam se contabilizados vem das forças de segurança que historicamente, nos últimos 30 anos votam na direita política. Portanto, é possível que a eleição esteja decidia, que o nó que impedia a formação imediata de um governo tenha sido desfeito.

DRAMA NÚMERO 2

A votação do partido de Ben Gvir, que há cinco eleições atrás era apenas alguém cujo partido original nunca conseguia atingir a linha de corte eleitoral, até o momento chegou a 10% do eleitorado, lhe dando 14 cadeiras e o assento como Ministro da Segurança Interna, conforme negociado com Bibi Netanyahu dias atrás. Todos os judeus do mundo precisam ficar atentos não com ascensão de Gvir mas com a mudança de pensamento de setores da sociedade israelense que garantiram uma forte presença no ministério e no Knesset da linha de pensamento que pretende um Estado Judeu regido apenas pelas leis da Torá.

Imagem: ilustrativa, soldado escolhendo o voto que colocará no envelope, foto de divulgação do IDF.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.