Cristóvão Colombo e os judeus
Teria Colombo alguma herança judaica? Alguns autores dizem que sim.
No dia 3 de agosto de 1492,o navegador Cristóvão Colombo içou velas e partiu do porto de Palos, no sul da Península Ibérica, rumo às Índias.
Esta partida coincidiu com o prazo estabelecido para os judeus deixarem a Espanha, de acordo com o decreto de Fernão de Aragão e Isabel de Castela e desta forma Cristóvão Colombo começa seu diário de viagem citando esse acontecimento:
“No mesmo mês em que suas Majestades [Fernando e Isabel] emitiram o edital de que todos os judeus deveriam ser expulsos do reino e de seus territórios, no mesmo mês deram-me a ordem de empreender com homens suficientes minha expedição de descoberta para as Índias. “
A análise de vários autores dos escritos, correspondências e anotações do diário do descobridor das Américas revelam várias características e hábitos que motivaram a pesquisa sobre a relação de Colombo com o judaísmo.Muitos afirmam que Colombo foi um marrano.Os marranos eram judeus que fingiam a conversão mas continuavam com as suas antigas práticas religiosas de forma oculta.
A tripulação de Colombo incluiria vários judeus, Luis de Torres serviu como intérprete de Colombo, em parte porque sabia hebraico. Colombo esperava descobrir as 10 tribos perdidas de Israel em suas viagens. O navegador e o médico de Colombo no navio também eram judeus, e a viagem foi financiada por três judeus, ou conversos, que se converteram ao cristianismo para servir na casa real do rei Fernando e da rainha Isabel: Louis de Santangel e Gabriel Sanchez,que fizeram um empréstimo sem juros de 17.000 ducados de seus próprios bolsos para ajudar a pagar a viagem, assim como Don Isaac Abrabanel, rabino e estadista judeu e foi a eles que Colombo enviou as primeiras notícias sobre o progresso da expedição.
Enquanto Colombo zarpava com vários judeus a bordo de seus próprios navios, ele também testemunhou incontáveis navios levando refugiados judeus espanhóis deixando a terra onde nasceram.
Historiadores afirmam que há pistas que apontam que Colombo seria judeu. Pedidos feitos no seu testamento com deixar um décimo da sua renda aos pobres e fornecer um dote anônimo para jovens que não tinham condições de pagá-lo, eram costumes judaicos.Ele deixou uma quantia não divulgada para financiar a Cruzada para libertar a Terra Santa, além de deixar fundos para um judeu que morava à entrada do bairro judeu em Lisboa.
Simon Wiesenthal, o famoso caçador de nazistas, depois da Segunda Guerra Mundial, argumenta em seu livro Velas da Esperança,que a viagem de Colombo foi motivada pelo desejo de encontrar um refúgio seguro para os judeus diante de sua expulsão da Espanha.
Carol Delaney, antropóloga cultural da Universidade de Stanford, conclui que Colombo era um homem profundamente religioso cujo objetivo era viajar à Ásia para obter ouro, a fim de financiar uma cruzada para recuperar Jerusalém e reconstruir o templo sagrado dos judeus.
Colombo sempre carregava consigo tabelas astronômicas compiladas pelo célebre sábio judeu, Abraham Zacuto, traduzidas para o latim por outro judeu, Joseph Vecinlo.
Estelle Irizarry, professora de linguística da Universidade de Georgetown, observou que no canto superior esquerdo das cartas escritas por Colombo a seu filho, Diego, continha as letras hebraicas bet-hei, que significa b’ezrat Hashem (com a ajuda de Deus). Nenhuma carta para pessoas que não eram judias carregava esta marca.
Embora essas afirmações possam ser difíceis de verificar, alguns estudiosos destacam que Colombo acabou lucrando com a calamidade judaica: a recompensa que recebeu em seu retorno e o financiamento para sua segunda viagem derivou de dinheiro e joias expropriados dos judeus expulsos pelos reis católicos.