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Há 80 anos judeus eram forçados a usar uma estrela amarela

Há 80 anos, os nazistas decretavam para todos os judeus o uso da estrela de seis pontas sobre fundo amarelo. Ela se tornou um estigma de sua exclusão da sociedade e, mais tarde, do próprio Holocausto.

Na foto, a estrela amarela em tecido que era costurada nas roupas dos judeus. Foto Menorah.

Origens

Os judeus da Europa foram legalmente obrigados a usar emblemas ou roupas distintas (por exemplo, chapéus pontudos) pelo menos desde o século XIII. Esta prática continuou ao longo da Idade Média e Renascimento, mas foi em grande parte eliminada durante os séculos XVII e XVIII. Com o advento da Revolução Francesa e a emancipação dos judeus da Europa Ocidental ao longo do século 19, o uso de emblemas judaicos foi abolido na Europa Ocidental.

Os decretos que impunham a identificação dos judeus, com algum tipo de marcador, eram, muitas vezes, parte de uma série de medidas antijudaicas destinadas a segregar os judeus do resto da população e reforçar sua posição de inferioridade.

Durante a era nazista, as autoridades alemãs reintroduziram o uso da insígnia judaica como elemento-chave em seu plano de perseguir e, eventualmente, destruir a população judaica da Europa. Eles utilizaram o distintivo não apenas para estigmatizar e humilhar os judeus, mas também para segregá-los, observá-los e controlar seus movimentos. O distintivo também facilitou a solução final, o plano dos nazistas para aniquilar de forma definitiva os judeus.

Na era nazista

Em um memorando de maio de 1938, o ministro da propaganda nazista, Josef Goebbels, foi o primeiro a sugerir uma “marcação geral” que identificasse os judeus alemães.

Reinhard Heydrich, chefe da Polícia de Segurança do Reich, recomendou que os judeus deveriam usar uma identificação após o pogrom da Kristallnacht(Noite dos Vidros Quebrados) que aconteceu entre 9 e 10 de novembro de 1938. Pouco depois da invasão da Polônia em setembro de 1939, as autoridades alemãs locais começaram a introduzir o uso obrigatório dos distintivos. No final de 1939, todos os judeus nos territórios poloneses recém-conquistados eram obrigados a identificação.
 
Em 1º de setembro de 1941, Reinhard Heydrich decretou que todos os judeus do Reich, com 6 anos ou mais, eram obrigados a usar um distintivo:uma Estrela de Davi amarela, sob um fundo preto, a ser usado no peito, com a palavra “Judeu” inscrito dentro da estrela, em alemão ou na língua local.Esse decreto se aplicou também a todos os territórios que a Alemanha foi ocupando.

Isso facilitou a separação e a subsequente guetização, o que acabou levando à deportação e assassinato de 6 milhões de judeus. 
Os judeus eram responsáveis ​​por adquirir, distribuir, cortar e costurar os distintivos, e eram obrigados a usá-los o tempo todo, fora e dentro dos guetos, e em todas as ocasiões, mesmo em casamentos. 

Os judeus que não usassem o distintivo ou não respeitassem os regulamentos poderiam ser punidos severamente, incluindo a morte.

Nos campos de concentração

Judeus encarcerados em campos foram marcados com dois triângulos amarelos sobrepostos formando uma estrela de Davi. Feitos de tecido, estes distintivos eram costurados nos uniformes usados pelos prisioneiros nos campos. Outras categorias de prisioneiros eram identificadas por por cores:um triângulo vermelho (presos políticos), verde (criminosos), negro (anti-sociais), pardos (ciganos Sinti-Roma, inicialmente eles eram de cor preta), e rosa (homossexuais), dentre outros.

Estas categorias foram ainda mais refinadas através de combinações. Por exemplo, um judeu encarcerado por razões políticas, usava um triângulo vermelho sobreposto em um triângulo amarelo. Para os cidadãos não-alemães, uma letra que denotasse seu país de origem era colocada dentro do distintivo como, por exemplo, um P para os prisioneiros poloneses.

*Com informações da biblioteca do Holocausto do United States Holocaust Memorial Museum

Marcia Salomão

Publicitária, com formação em publicidade, propaganda, marketing e relações públicas, Atua nas áreas de produção editorial e assessoria de imprensa.