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Conheça a história dos judeus de Recife que ajudaram na fundação de Nova York

Há 369 anos, em 7 de setembro de 1654, 23 judeus sobreviventes de um naufrágio de um navio que havia deixado o Recife, no Brasil, um mês antes, fugindo da perseguição portuguesa, chegaram a Nova Amsterdam que posteriormente tornou-se a cidade de Nova Iorque.

Fugindo da Inquisição

Em dezembro de 1496, o rei Manuel I de Portugal decretou que todos os judeus deixassem Portugal até outubro de 1497. Muitos fugiram para a Holanda, que possuía maior liberdade religiosa. Muitos se envolveram nas Grandes Navegações portuguesas e vários chegaram ao Brasil na esquadra de Pedro Álvares Cabral.

Sinagoga Kahal zur Israel, Recife/BR. A primeira sinagoga das Américas. Foto de Ronaldo Gomlevsky para a Menorah.

Pernambuco permaneceu sob domínio holandês por 24 anos, até 1654. Este foi um período importante na história judaica na América do Sul, já que o Brasil sob domínio holandês foi a única região durante a época colonial onde os judeus foram autorizados a praticar sua religião abertamente e estabelecer uma comunidade organizada. Seus membros eram principalmente judeus da Holanda e criptojudeus que já haviam estado em Pernambuco sob domínio português.

A comunidade que se estabeleceu no Recife floresceu e fundaram a primeira sinagoga das Américas. Em 1654, os portugueses, somados a simpatizantes brasileiros, iniciaram uma guerra que levou à derrota dos holandeses e à reconquista do nordeste do Brasil.

Depois da reconquista do Nordeste por Portugal, holandesas e judeus foram expulsos. Com o fim do Brasil holandês, os judeus foram expulsos do Recife, alguns fugiram para o interior do Sertão outros preferiram voltar à Holanda. Mas o navio enfrentou uma tempestade no Caribe e foram atacados por piratas.

Estabelecendo-se em outro continente

O grupo foi resgatado por um navio francês e levado à Jamaica, então colônia espanhola, e acabou preso por causa da Inquisição espanhola.

Mas, graças à intervenção do governo holandês, foram libertados e, por motivos financeiros, parte deles seguiu para um destino mais próximo do que a Europa: a colônia holandesa de Nova Amsterdam, atual Nova York, naquele momento um simples entreposto comercial. Mas esses judeus não tiveram uma recepção calorosa.

O governador de Nova Amsterdam, Peter Stuyvesant, tentou recusar refúgio aos sobreviventes cansados e sem um tostão. Ele protestou junto à Companhia Holandesa das Índias Ocidentais contra o possível assentamento de uma “raça enganosa” que professava uma “religião abominável” e cujo culto aos “pés de Mammon” ameaçaria e limitaria o lucro dos súditos leais da empresa, mas as instruções da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais ao governador foram de que os recém-chegados tivessem permissão para viver, fazer comércio e viajar em Nova Amsterdam e, de fato, ter os mesmos privilégios desfrutados no Holanda.

Fundou-se, então,ali,a primeira comunidade judaica da América do Norte, que trabalhou e contribuiu para o desenvolvimento da cidade. Atualmente, Nova York é a segunda cidade com o maior número de judeus no mundo, atrás apenas de Tel Aviv, em Israel.

Marcia Salomão

Publicitária, com formação em publicidade, propaganda, marketing e relações públicas, Atua nas áreas de produção editorial e assessoria de imprensa.