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A hamsa é um símbolo muito usado por judeus: conheça a história

Alguns chamam a hamsa de “mão de Deus”. Outros estranham quando entram num lar judaico e a encontram. Dificilmente quem é adepto da hamsa tem apenas uma. São pequenas obras de arte, incorporadas ao judaísmo com vários significados e origens.

Hamsa em árabe é o número cinco, com hamesh em hebraico. O primeiro significado desta mão estilizada, palma com cinco dedos, mas que não é uma mão humana por ter dois polegares, um de cada lado é de ser um amuleto para boa sorte e também para favorecer um bom karma espiritual.

Para várias pessoas, não é nem um, nem outro. São apenas visualmente bonitas, decorativas e uma forma de se conectar com o Estado de Israel.

A “mão de Fátima” é um símbolo muçulmano, mas não criado pelo islã no século 7 EC. Quando os muçulmanos chegam ao Norte da África encontram este símbolo amplamente utilizado na região hoje conhecida por Tunísia. Lá, diz-se que foi criado em Cartago no século 4 ou 5 AEC. Curiosamente foi encontrado um baixo relevo semelhante, mas pouco detalhado, num túmulo judaico datado do século 8 AEC hoje na localidade de Khirbet el-Qom, na Judeia e Samaria. Todavia é a única incidência deste símbolo em toda a arqueologia judaica.

Fátima (605-633) foi a filha mais nova de Maomé, casada com Ali, o quarto califa para os sunitas e o primeiro para os xiitas. Xiita vem de “shiatu ali”, seguidore de Ali (em árabe).

No Egito antigo existia “Mão de Todas as Deusas”, com dois dedos significando Isis e Osiris e o polegar representando o filho deles, Horus. O uso era para proteção espiritual das crianças.

Na Fenícia e em Cartago a função era proteger contra o mau olhado.

Algumas hamsas tem um olho na palma da mão. Seria o Olho de Horus (egípcio), deus do Céu, significando que o ser humano não pode escapar do olhar de sua própria consciência.

A hamsa sobe para a Europa durante o período bizantino, levada por judeus e por cristãos, onde é conhecida como a “Mão de Maria”, para proteger as mulheres do mau olhado, aumentar a fertilidade e produção de leite materno e promover a saúde na gestação.

Nenhuma religião possui qualquer normatização sobre a hamsa. A arte, traços, cores, símbolos são absolutamente livres. Nesta imagem apenas um exemplo da simbologia básica nas três religiões. Na maior parte das vezes a judaica possui um olho bem simples. Mais estilizado nas islâmicas e sempre acompanhado pela flor na católica.


Já os judeus expulsos da Península Ibérica em 1496 tiveram contato com o símbolo no Marrocos e Tunísia islâmicos e também na Turquia. Todavia, os judeus espanhóis, que vivam no Califado de Córdoba, já utilizavam a hamsa ao menos por 350 anos ou mais.
Dentro do islã, os cinco dedos são os cinco pilares da religião: Shahada (testemunho de fé), oração, caridade obrigatória, jejum do Ramadã e peregrinação à Meca.

Após a rendição do Califado de Córdoba, em 1492 para os reis católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela, o uso do amuleto se disseminou por toda a Espanha a ponto de um comitê episcopal, dirigido pelo imperador do Sacro Império Romano, Charles V (1500-1558), arquiduque da Áustria, Rei da Espanha, chefe da casa Habsbrug, entre outros títulos, ter banido em todo o Sacro Império Romano o uso da “mão de Fátima” e todo e qualquer amuleto com a mão espalmada.

Saiba mais: https://menorah.com.br/o-significado-da-hamsa/

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.