Tem início o mês hebraico de Elul, o mês de preparação para o ano novo judaico
Tem início o mês hebraico de Elul, o mês de preparação para o ano novo judaico
Elul é o último mês do ano judaico,o mês que antecede Rosh Hashaná, o ano novo judaico. Tradicionalmente neste período os judeus se preparam para as Grandes Festas, Rosh Hashaná e Iom Kipur (o dia do perdão). O mês cai por volta dos meses seculares de agosto ou setembro, e, este ano, começou na sexta-feira, 18 de agosto.
Os últimos 29 dias do calendário hebraico constituem um período de introspecção, conhecido em hebraico como cheshbon hanefesh – literalmente “uma contabilidade da alma”.
Este processo é pessoal, no qual se avalia atentamente a vida no ano que passou para traçar caminhos melhores para o ano que começará em breve. É também um momento para procurar curar relacionamentos, oferecer desculpas atrasadas e reparar os danos que podemos ter causado aos outros.
Este processo acontece como uma preparação para Rosh Hashaná e os Dias Temíveis quando, como ensina a tradição judaica, toda a humanidade é chamada a prestar contas e um julgamento divino é decretado em Iom Kipur (Dia da Expiação).
Há uma série de observâncias especiais durante o mês de Elul que são projetadas para nos lembrar e nos ajudar a nos preparar espiritualmente para as próximas Grandes Festas.
É costume tocar o shofar todas as manhãs (exceto no Shabat) do primeiro dia do mês até Rosh Hashaná. O shofar é tocado para servir como um poderoso chamado ao arrependimento.
Elul é o momento mais pertinente para fazer teshuvá (“retornar” ao caminho estabelecido por D’us), rezar, fazer caridade e aumentar o ahavat Yisrael (amor ao próximo), com o objetivo de melhorar e aproximar-se de uma espiritualidade maior.
Uma das explicações mais conhecidas sobre Elul é que as quatro letras hebraicas do nome do mês são um acrônimo do verso do Cântico dos Cânticos: Ani l’dodi v’dodi li (“Eu sou do meu amado e meu amado é meu “), representando uma alegoria em que os amantes são Deus e Israel. Elul é, portanto, entendido como um tempo de recomeço ao nosso relacionamento com Deus.
Na tradição chassídica, diz-se que, durante este mês, “o rei (D’us) está em campo”, sorrindo e acessível a todos.
Também é costume recitar diariamente, durante o mês de Elul, o Salmo 27, que fala da certeza da proteção de Deus e inclui um apelo para que Deus não abandone seu povo.
Outra recomendação é que os tefilim e as mezuzot sejam verificados por um sofer (escriba) para garantir que estejam aptos para uso.
Da mesma forma, as parashiot (seções semanais de leitura da Torá) referem-se aos últimos momentos da vida de Moisés, em uma analogia com o fato de que o povo judeu está a caminho de deixar mais um ano para trás.
Desde tempos muito antigos, esses dias simbolizam a reconciliação entre D’us e Israel, pois o povo mais uma vez se desculpou por ter cometido o pecado de fazer um bezerro de ouro para adorá-lo, o que levou à quebra das primeiras Tábuas da Lei e da subsequente subida novamente ao Monte Sinai para implorar por misericórdia e perdão, que foram concedidos.
As selichot (orações penitenciais especiais) são recitadas durante o mês de Elul. Judeus sefarditas recitam selichot especial todas as manhãs de Elul (exceto no Shabat). Os judeus asquenazitas começam estas selichot logo após a meia-noite na manhã de domingo antes de Rosh Hashaná Muitos continuam recitando selichot até Yom Kippur.
Finalmente, no dia 25 de Elul, celebra-se a Criação do mundo. Ano Novo judaico cai, na verdade, no dia em que o homem foi criado, que foi o último dos seis dias da criação. A criação do mundo, portanto, ocorreu seis dias antes, o que corresponde à data hebraica de 25 de Elul.
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Foto
Judeu Iemenita tocando o shofar.Serviço de fotos Matson, domínio público, via Wikimedia Commons.