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Só restam ao Hezbollah 30.000 mísseis?

Dias atrás a informação oficial era de que o arsenal de mísseis do Hezbollah tinha sido reduzido a 30%. Hoje, em visita a base do Comando Norte em Safed, o ministro da defesa Yoav Gallant afirmou que o número está em 20%, todavia a estimativa inicial antiga de um arsenal de 110.000 mísseis foi atualizada par 150.000. Posto isso, o Hezbollah teria APENAS, 30.000 mísseis.  
 
Impressionantemente, o Hezbollah, continua capaz de dispara entre 150 e 200 mísseis por dia contra o norte de Israel, sem ter conseguido modificar absolutamente na eficiência de tais ataques. Nos últimos dois dias três cidadãos árabes israelenses foram mortos: um hoje e dois ontem. Vários outros ficaram feridos. É difícil acreditar que o Hezbollah esteja disparando intencionalmente contra as cidades árabes israelenses, mas não se pode garantir isso. O mais provável é que continuem disparando em direção ao sul, atingindo qualquer lugar, sem intenção e não atingindo nenhum dos alvos afirma em comunicados para cada ataque. Por um lado isso é bom. Por outro lado, a figura do “ataque normal diário” é algo inaceitável para qualquer país.  
 
Em algum momento a capacidade de disparar mísseis tem que terminar, mesmo que os mísseis não terminem. O Hezbollah não tem mais alcance para disparar mísseis antitanque contra edificações em Metula, Kiriat Shemona e outras localidades muito próximas à fronteira. São mísseis com alcance preciso guiado por fio de 4 km. Um modelo iraniano, chamado “Alma 3”, que é um produto de engenharia reversa do míssil Javelin norte-americano, tem sido muito eficiente. Guiado por rádio, “pilotado” pelo atirador, possui um câmera e dois modos de trajetória: plana, ou elevada com impacto vindo por cima do tanque. E Merkavás IV, com sistema de proteção Trophy, estão sendo atingidos. Existe a confirmação em vídeo de pelo menos dois.  
 
Apesar de ser perfeito contra armas antitanque de trajetória plana, o sistema de defesa Trophy não está funcionando para armas de trajetória alta, mas isso os projetistas, as FDI e os inimigos já sabiam. Todavia os Merkavas, não estão sendo destruídos pelo Alma 3, mas danificados. Aqui cabe uma explicação rápida. Os tanques de projeto soviético com canhões de carregamento automático possuem um carrossel de munição abaixo da torre, totalmente exposto internamente. Era uma área que jamais seria atingida num combate frontal entre tanques, portanto segura. Mas qualquer penetração de arma antitanque, vinda por cima (e a blindagem superior é a mais fina em qualquer tanque, devido às leis da física), atinge a munição e tudo explode.

No caso dos projetos modernos ocidentais, a munição fica num compartimento na parte de trás da torre (por isso elas são tão grandes). O carregamento é manual e existe uma porta corta-fogo que corre lateralmente e é aberta e fechada cada vez que é preciso carregar um projétil. Se o depósito de munição for atingido, vai pegar fogo e ou explodir também. Mas os tanques ocidentais possuem pórticos que se abrem mediante a pressão interna, criando caminhos para que a explosão ou as chamas saiam do compartimento de munição, não afetando outros sistemas do tanque ou a tripulação. Os tanques ocidentais são focados na sobrevivência dos soldados. Os tanques russos são focados no baixo custo, pois soldados são mais baratos que tanques.  
 
É um fato que o Hezbollah não conseguiu, em 381 dias de guerra, disparar um míssil sequer com alcance superior a 70 ou 100 km. Os tais que iam destruir Tel Aviv, Haifa, o sistema elétrico de Israel etc. É muito provável que os depósitos destes mísseis já tenham sido destruídos

por José Roitberg – jornalista e pesquisador

Imagem: caminhão lançador com 48 tubos de mísseis Grad BM21 atacando Israel, imagem capturada de vídeo divulgado pelo Hezbollah.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.