Milhares de mísseis e armas avançadas: como a Rússia está ajudando o Hezbollah
Por Tuvia Yaglenik, com informações do Wall Street Journal e Canal 14 da TV israelense
A maioria das armas do Hezbollah apreendidas no sul do Líbano tem origem russa, revelou o Wall Street Journal. De acordo com o jornal, os amplos arsenais descobertos incluem mísseis antitanque modelo Kornet, fabricados na Rússia, além de munições avançadas. Enquanto isso, em Israel, há quem defenda mudanças na política em relação à Rússia, que mantém uma aliança estreita com Teerã.
Enquanto as Forças de Defesa de Israel (IDF) continuam operações no sul do Líbano, destruindo infraestruturas terroristas próximas à fronteira, os arsenais de armas apreendidos revelam uma realidade preocupante: a maior parte do armamento avançado do Hezbollah é de origem russa, contrabandeado principalmente via Síria, conforme relatado pelo Wall Street Journal.
Os arsenais incluem mísseis antitanque Kornet, produzidos em 2020, e outros equipamentos modernos. Anteriormente, o Hezbollah utilizava armamento russo menos avançado. Agora, a organização dispõe de tecnologia moderna em quantidades surpreendentes.
“É uma mudança significativa no cenário”, afirmou uma fonte militar sênior de Israel. “Essas armas permitem que o Hezbollah opere de forma mais eficaz, mesmo após os ataques do IDF, que causaram danos significativos à liderança do grupo.”
Achados graves: maioria das armas é russa
Durante uma inspeção em um laboratório de desativação de armas apreendidas no sul do Líbano, constatou-se que entre 60% e 70% das armas eram de fabricação russa. Algumas são extremamente modernas, enquanto outras datam dos anos 1980, destacando a diversidade do arsenal militar do Hezbollah.
“É importante esclarecer”, disse uma fonte de segurança, “a presença dessas armas não é acidental. A conexão russa é evidente tanto pelas marcações nos mísseis quanto pelo modo como foram contrabandeados para o Líbano.”
Relações entre Rússia e Hezbollah: sinais preocupantes
A descoberta das armas russas levanta preocupações em Israel sobre os laços entre Moscou e o Hezbollah. A Rússia, que antes era vista como neutra no Oriente Médio, agora demonstra apoio significativo ao eixo Irã-Hezbollah.
Desde a guerra civil na Síria, a Rússia intensificou sua colaboração com o Hezbollah, que lutou ao lado das forças de Bashar al-Assad. Segundo fontes de segurança, houve transferências de armas russas para os depósitos do Hezbollah, incluindo mísseis avançados contra tanques, navios e aeronaves.
“A conexão estratégica entre Rússia e Hezbollah é uma ameaça direta à nossa segurança”, afirmou Carmit Valensi, pesquisadora sênior do Instituto de Estudos de Segurança Nacional em Tel Aviv. “É hora de Israel mudar sua abordagem em relação à Rússia e confrontá-la diretamente.”
Apelos por mudanças na política israelense em relação à Rússia
Até agora, Israel evitou adotar uma postura firme contra a Rússia, buscando manter equilíbrio nas relações, especialmente devido à presença militar russa na Síria. No entanto, crescem os apelos por uma mudança de política.
“Nossa abordagem conciliatória em relação à Rússia é um erro”, disse uma autoridade sênior. “Precisamos reconsiderar nossos laços com Moscou, especialmente quando estão armando diretamente nossos inimigos.”
Apesar das tensões, Israel continua pedindo à Rússia que ajude a impedir o contrabando de armas para o Líbano e use sua influência na região. No entanto, diante do agravamento da situação, parece que Israel será forçado a tomar medidas mais ativas para garantir sua segurança diante da ameaça no norte.
Imagem oficial do IDF na região de Karfela, sul do Líbano. Só nesta imagem são 91 mísseis antitanque Kornet, de fabricação russa, 36 deles ainda nas caixas de transporte com todos os dados do contrato militar de exportação pintados em cada uma delas.