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Entenda porque o Hezbollah conseguiu disparar 350 mísseis contra Israel no domingo

Foto real de satélite meteorológico mostra vários sistemas de nuvens e neblina ainda na passagem do dia 24 para 24 de novembro no Oriente Médio. As nuvens foram fotografadas entre 23h45 e 00h10 hora de Jerusalém. Ao longo do dia de domingo a região do Centro Sul do Líbano e Israel estiveram muito encobertas, inclusive com alerta de enchentes temporárias nos leitos de rios secos do deserto da Judeia e na chegada ao Mar Morto. Isso significa nuvens densas, pesadas e muita chuva.

Esta pode ser a explicação para o lançamento de 350 mísseis pelo Hezbollah contra Israel até às 23h (JER), horário em que o relatório diário é encerrado e diversos impactos. O Hezbollah cantou vitória como se Israel tivesse sido destruído, mas o resultado, a efetividade das armas deles, continua pífia. Uma anomalia no que vinha acontecendo. No dia anterior, apenas 30 lançamentos. Ao longo do dia, ocorreram poucos ataques das FAI no Líbano. Vou tentar explicar.

Os sistemas de iluminação de alvo a laser e câmeras dos aviões de combate, evidentemente não ultrapassam ou permitem visão através de nuvens. O mesmo pode acontecer com sistemas auxiliares óticos de mísseis antiaéreos. As bombas guiadas por GPS não enfrentam qualquer problema.

Seria simples entender que o Hezbollah retirou de abrigos os caminhões lançadores grandes, sob a cobertura de nuvens que impedem a observação através de drones de vigilância e os mísseis foram lançados. Deslocaram, carregaram e dispararam sob a cobertura de nuvens.

O Hezbollah quebrou um paradigma ao atacar Israel com tempo ruim e fechado e foi melhor sucedido que o normal, apesar de atingir apenas alvos civis. Ou seja, a precisão do lançamento e cálculo de trajetórias, ou continua péssima ou a intenção dos terroristas xiitas é esta mesma: atirar contra civis alegando estarem atirando contra alvos militares.

Na noite de domingo veio a informação de que um “enxame” de drones estaria a caminho de Israel, provavelmente vindos do Iraque. Notem a grande área cinza sobre a Jordânia. É nevoeiro pesado cobrindo praticamente todo o país. A tática correta seria fazer os drones virem abaixo do nevoeiro ou dentro dele, tornando a tarefa de interceptação aérea por aviões, muito complicada. Radares sim, sistemas óticos não. Tal ataque não aconteceu e a notícia era falsa.

Também existem notícias de mobilização de mísseis balísticos em território iraniano. É POSSÍVEL que a Guarda Revolucionária tenha analisado que as nuvens pesadas prejudicam os sistemas de defesa antiaérea e decidam atacar. Não existe nenhuma informação pública sobre o direcionamento de mísseis ARROW e THAAD nestas condições meteorológicas. São os que devem abater os mísseis iranianos. No domingo e na segunda o tal ataque também não aconteceu.

Mas a pedra está cantada e Israel pode esperar ataques pesados de mísseis em dias de chuvas fortes de inverno, neve e tempo encoberto. Todavia é um clima péssimo para uso de drones. Questão da tecnologia de defesa se adaptar, se for possível.

por José Roitberg – jornalista e pesquisador

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.