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Hamas escreve e desenha o que pretende, basta ver

De imediato, podemos ver, pela primeira vez desde 7 de outubro (inclusive) o Hamas utilizar a bandeira palestina além da sua. Os banners que eles produzem para o cenário midiático têm muito a dizer e trazem a mensagem em três línguas: árabe, hebraico e inglês.

O motivo é simples: para que não haja dúvidas sobre o que está escrito. A dúvida que eu tenho, é se alguém no Ocidente irá ler. Isso me remete ao dia Primeiro de Abril de 1933. Hitler ainda não tinha o poder total na Alemanha e mandou suas tropas paramilitares realizarem uma demonstração de força em todo o país. Desarmados, mas fardados, os camisas marrons da SS se posicionaram na frente de todos os comércios judaicos, tentando impedir a entrada de não judeus e portando cartazes produzidos em massa, em gráfica, com os dizeres: “Alemães, defendam-se da atroz propaganda judaica.” “Comprem apenas em lojas alemãs.”

Calma, não estou comparando o Hamas com os nazistas. A comparação é outra. Os cartazes de 1933 estavam escritos em alemão e em inglês, permitindo a todo o mundo entender a mensagem. E a maior parte do mundo preferiu sequer ler e, dos que leram, um número ínfimo se preocupou com a situação. Os cartazes de 1933 eram um indício de que as coisas piorariam. E isso aconteceu. Em 1933, quem retirou os piqueteiros da SA em Berlim e noutras cidades foi a polícia alemã.

As três frases de hoje, impressas à vista de todos pelo Hamas, não são indícios: são planejamentos claros. Verá quem tiver coragem de crer. Quem não quiser crer, e ainda tem muita gente assim, não verá.

Deixei a imagem em tamanho grande, conforme publicada pelo Hamas então vale a pena vê-la grande.

À esquerda da imagem temos uma belíssima e profissional arte. Um homem fardado de costas, sentado numa poltrona vermelha em meio às ruínas, contempla, por um buraco na parede destruída do prédio, a bandeira palestina tremular na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém. O texto é: “Nenhuma imigração, exceto para Jerusalém.” É um projeto: vamos nos levantar das ruínas e, honrando o Sinwar, vamos conquistar Jerusalém. Quem imaginaria que uma poltrona iria se tornar um símbolo de luta? Francamente, é genial. Minha resposta a eles é: podem imigrar para a casa do carvalho!

No centro, um grande skiline de Jerusalém, e soldados com as bandeiras, e é importante identificar, das Brigadas de Al Qassan do Hamas, a verde e branca mais nítida, da Palestina, da Argélia, da Jordânia, do Iêmen, do Iraque, do Líbano e… não tem a bandeira amarela do Hezbollah e não tem a bandeira do Irã. Capice? Understood? Preciso desenhar? Então, vou desenhar. Estes são os países que o Hamas está publicando que os apoiem de fato e estão com eles. Mas a Jordânia e o Líbano, como países, não estão junto com o Hamas, ou será que está?

O texto é muito óbvio: “Oh, Jerusalém, testemunhe: nós somos os seus soldados.” Neste momento, está muito estranho colocarem o Iêmen houti sunita nesta imagem e deixarem de fora o Hezbollah e o Irã xiitas. Esta declaração parece ser para nós e para os xiitas.

No banner da direita, nove líderes mártires mortos por Israel. Eu quase não reconheci o Sinwar. O artista aliviou a cara de ratazana que ele tinha. E no banner de baixo, os locais onde onze líderes foram mortos e a frase que o Ocidente vai fazer de conta que não existe: “Fizemos a travessia suavemente.” O que significa a travessia entre este mundo e o Paraíso. Deveriam agradecer à Israel por isso, você não acha?

O Estado Judeu se tornou o fornecedor de almas muçulmanas para o Paraíso, agindo como eles querem que nós atuemos e sendo execrados por fazer isso por uma turba ocidental que se recusa a compreender o óbvio.

Resumo do palco: o martírio está ótimo e suave, os jihadistas sunitas nos países citados vão continuar a lutar para tomar Jerusalém das mãos dos judeus, e ninguém sai da Faixa de Gaza. Esta porcaria de gente que não conseguiu conquistar Nir Oz é que vai conquistar Jerusalém?

Talvez a poltrona ganhe novo sentido: podem sentar e esperar. Se o tempo é amigo de vocês, então esperem para sempre!

Tem mais um ponto. Enquanto do nosso lado estamos nos incomodando com os “presentes e certificados de finalização do curso de reféns” que o Hamas está dando, com obrigação de aceitar, para nossos reféns e já li que tem gente querendo que tais papéis e objetos vão para o “museu” desta nova guerra que será implementado, os prisioneiros palestinos, ao saírem dos ônibus, no sábado, retiraram as camisas com estrela de David e frase acadêmica bobinha, e queimaram tudo, aproveitando para mostrar que estão cagando para Israel, para os judeus, para a polícia de Israel, carcereiros etc. Ninguém explicou aos palestinos que poderia existir a tal da Síndrome de Estocolmo. São imunes a isso. Mais para Síndrome de Estoucalmo, muito calmo.

Cagaram coletivamente para o “presente dos judeus” enquanto nós ficamos putos com os “presentes” dados ao reféns.

por José Roitberg, jornalista e pesquisador.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.