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Batalha de Zikim, momentos excelentes e deprimentes

A investigação do IDF revela falhas graves nos eventos na Praia Zikim e no Kibutz em 7 de outubro:

A principal falha – alguns soldados da Golani estacionados na praia fugiram dos terroristas. (OBS: é algo inimaginável de esperar ler num relatório oficial das FDI. Golani sempre foi considerada uma divisão de tropas de elite: tipo, os melhores. Alguns dos melhores “fugirem” sem dar combate a terroristas que vinham em botes pelo mar e tinham que percorrer a areia da praia para chegar em algum lugar, só que os soldados estavam na praia, de folga e desarmados. Mas esta é uma pergunta que, daqui do Brasil, temos para quem fazer e a totalidade da mídia israelense não fez. Aliás, não desenvolveram perguntas sobre nenhum dos relatórios de batalhas do dia 7 de Outubro. Recebem e publicam. Raras são as considerações, como esta observação. Como já vimos outras instâncias onde, pela lógica, soldados deveriam estar armados, mas pela conceptzia vigente até o dia 7 de Outubro, as ordens deles eram não portarem armas. Não nos surpreenderia se esta “fuga” tivesse tal explicação. Se não é assim e eles estavam armados, então cadeia neles. Não foram 100, ou 500 ou 1.000 que eles teriam que combater.

  • 38 terroristas infiltraram-se pelo mar usando 7 barcos.
  • Nos combates, 32 dos terroristas foram eliminados (84% da força de ataque especializada do Hamas foi dizimada):

22 terroristas foram eliminados pela Marinha na Praia Zikim (14 na água, 8 na orla).

4 terroristas foram eliminados perto do Kibutz Zikim.

2 terroristas foram eliminados no cruzamento de Erez.

1 terrorista foi eliminado nas dunas ao sul de KATZA.

1 terrorista foi eliminado perto da torre de salva-vidas.

2 terroristas foram eliminados em um abrigo na ponte do rio Shikma.

  • 17 civis e um soldado foram mortos na Praia Zikim.
  • Os soldados na praia falharam em se engajar, alguns fugiram dos terroristas e não impediram o massacre.
  • Não houve coordenação entre as forças terrestres e os barcos da Marinha.
  • O sistema de comando e controle entrou em colapso nos primeiros minutos.
  • A Praia Zikim não foi designada como um bem vital, e o posto de comando da companhia foi abandonado por 9 minutos críticos.
  • A remoção dos corpos do abrigo foi atrasada por uma semana.
  • Por 40 horas, não houve comunicação adequada entre a Brigada Norte e a área marítima.

OBS: precisamos ter certeza se o leitor viu com atenção. A cada relatório da investigação do dia 7 de outubro, temos a frase padrão: “O sistema de comando e controle entrou em colapso nos primeiros minutos.” O sistema de comando e controle não é uma responsabilidade dos soldados e sargentos, ou dos tenentes comandantes de companhia: a responsabilidade é do comando. Projetaram, montaram, gastaram, testaram, um sistema de comunicação de comando e controle que simplesmente não resistiu, não funcionou, na primeira ocasião. Lamentavelmente, a primeira ocasião de demonstrou fatal. O fato novo, da Brigada Norte das FDI não conseguir se comunicar com a marinha POR QUASE DOIS DIAS é algo que não podemos explicar, entender ou aceitar. Os terroristas com SIM cards de celulares de Israel não tiveram problema algum para se comunicarem. Quem projetou os sistemas militares de comunicações que falharam de forma catastrófica já deveria estar no banco dos réus.

Em contraste:

  • O oficial de segurança e a equipe de emergência no Kibutz Zikim agiram de forma eficaz e impediram que os terroristas entrassem no kibutz.
  • Nenhum terrorista conseguiu entrar na área do kibutz.

OBS: aplausos para estes heróis.

Lições chave:

  • Estabelecer um procedimento de coordenação entre as forças terrestres e navais.
  • Fortalecer os sistemas de defesa e alerta em áreas públicas.
  • Estabelecer uma força permanente de terra da Marinha nas praias sensíveis. OBS: como assim uma força da marinha em terra? Os soldados são para quê?
  • Fortalecer os sistemas de inteligência e defesa comunitária.
  • Instalar barreiras automáticas nas vias de acesso.

Com informações públicas do relatório, comentário de José Roitberg – jornalista e pesquisador

Imagem: capitã Or Moses, 22 anos, de Ashdot, da comunidade etíope, especialista em resgate, morreu em combate em Zikim, foto oficial das FDI. “Or Moses” significa “Luz de Moisés”. Que seja sempre lembrada pelas suas boas ações.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.