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O confronto idiota é a opção palestina

opinião de José Roitberg – jornalista e pesquisador

O presidente palestino Mahmoud Abbas já tinha dado o recado de que o adiamento das eleições palestinas era culpa dos judeus. A escalada da violência em Jerusalém faz parte deste confronto político que visa apenas adiar mais ainda o pleito culpando a polícia de Israel pela violência.

As mídias mundiais patrocinadamente horrorizadas mostram as imagens de tropas da polícia judia ferindo os coitados dos palestinos no último dia do Ramadã, que insistem em publicar como “mês sagrado para o Islã”. Optam por não dizer que o Ramadã também é um mês tradicional para insuflar atos islâmicos de violência, através da mídia islâmica, principalmente ao final do último dia.

Apesar das notícias terem publicado que os palestinos estocaram a mesquita de Al Aqsa com pedras para jogar contra os judeus, não há qualquer juízo de valor, dando ao leitor, entender que levar centenas de pedras para dentro da principal mesquita de Jerusalém é um ato legítimo e que apedrejar judeus é o que deve ser feito.

O momento desgraçado este ano é que o último dia do Ramadã, coincidiu com a data judaica para a libertação de Jerusalém do domínio muçulmano sunita jordaniano na Guerra dos Seis Dias, de 1967.

As autoridades palestinas sabiam que os judeus iriam à praça do Kotel, e os israelenses sabiam que os palestinos muçulmanos estariam lá em cima do muro para jogar pedras. Não é a primeira vez que acontece.

Lamentavelmente a decisão correta poderia ser, neste caso sim, evacuar os judeus da praça e ter muitos minutos de imagens na TV dos palestinos jogando pedras do espaço vazio. Mas a opção foi dar às mídias as imagens do confronto na Esplanada das Mesquitas e no Portão de Damasco. Confronto este desejado e planejado pelos palestinos. Filmado, fotografado e gravado pelos palestinos com vasto sortimento de imagens distribuídas para a mídia. Vitória deles, pois cada ferido palestino é um alfinete espetado na imagem pública de Israel que estava anormalmente boa no combate à pandemia.

Para piorar o cenário, a Suprema Corte marcou o julgamento de uma questão civil bizarríssima, para estes dias. Podia ter marcado para daqui dois meses. Não faria diferença para o julgamento, mas hoje é utilizada como catalizador falso para a violência. O processo é simples: alguns judeus ortodoxos exigem a posse de quatro pequenas casas de famílias palestinas. Num mundo um pouco mais coerente, o ministério público israelense sequer deveria ter aceito a causa, pois é absolutamente ilegítima. Mas quando se trata de exigências ortodoxas as mãos tem muito mais que dedos e há pressões de rabinos chefes disso, diretores de escolas religiosas daquilo, membros do Parlamento de partidos ortodoxos e por aí vai.

Caso a corte dê ganho de causa aos judeus, mandando remover as quatro famílias palestinas, estará deflagrada uma nova Intifada, com toda a certeza. Caso a corte dê ganho de causa aos palestinos, os radicais ortodoxos ultra-nacionalistas que também estão nas ruas acossando árabes israelenses vão aumentar seu grau de violência. A decisão judicial não tem nada mais a ver com quatro casas, mas qual violência é preferível: jogar gasolina no fogo palestino ou jogar gasolina na fogueira ultra-nacionalista. Qualquer decisão é um jogo de perde-perde. É pouco provável que a corte tome o caminho mais inteligente: adiar o julgamento por seis meses ou um ano, pois já vem sendo adiado mesmo.

Quanto ao Hamas lançar dezenas de mísseis contra Israel, enquanto algum judeu e algum líder ocidental continuar não acreditando que os clérigos jihadistas muçulmanos sunitas do Hamas definiram no final do ano de 2018 que “a paz não existe, apenas o estado de guerra constante existe” não se irá para lugar algum.

Os mísseis palestinos continuam a não acertar nada. Os mísseis que tinham trajetórias para áreas com população israelense foram abatidos pelo Domo de Ferro. 

Todos os israelenses contam com bunkers. Na verdade, não há lugar melhor para ser bombardeado que Israel. Ou será que isso não é mais verdade? Os ataques de precisão da aviação israelense contra alvos militares na Faixa de Gaza, acertam os alvos e não produzem qualquer efeito no esforço de guerra do Hamas. Hoje, a população junto aos lançadores de mísseis também conta com bunkers. Existem duas Gazas: uma acima do solo e outra abaixo do solo. O mesmo ocorre com o Hezbollah no Sul do Líbano e no Vale de Beeka.

Quanto ao lançamento de sete mísseis contra Jerusalém, eles certamente foram lançados para não acertar a cidade. Os mísseis, por enquanto são desguiados, lançados com um alcance mais ou menos calculado pela inclinação da rampa e com pouca chance de não se desviarem. Se o Hamas acertar um míssil na Esplanada das Mesquitas ou numa das mesquitas, ou mesmo no lado árabe da cidade ou no bairro árabe da Cidade Velha, estará arrumando um problema seríssimo com todas as nações sunitas.

Há um vídeo circulando nas mídias sociais de antimísseis do Domo de Ferro sendo disparados em Ashdot e acertando os mísseis do Hamas. O título é “até quando é possível viver assim?” Lembro aos mais jovens que esta situação que a maioria considera horrível, na realidade é ótima se comparada com homens-bomba se explodindo dentro de ônibus, restaurantes e outros lugares em Israel. Reclamar que é chato seu sistema único no mundo, de defesa antimíssil garantir sua segurança é uma asneira. Existe um estado de guerra permanente. Aproveitem os momentos de paz e lutem como leões nos momentos de batalhas.

Do norte da Faixa de Gaza para atingir Jerusalém é preciso de um alcance entre 65 e 75 km. Se disparados do sul da Faixa de Gaza, o alcance precisa ser de 95 a 110 km. Mesmo desguiados estes mísseis tem maior capacidade e podem atingir todas as cidades do centro sul de Israel, conforme pode ser visto na imagem deste artigo.

De segunda para terça-feira, até o momento do fechamento desta edição o Hamas já havia disparado 200 mísseis, principalmente contra Ashkelon e a IAF havia bombardeado 130 alvos.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.