Blog do RonaldoÚltimas notícias

A ALEMANHA QUE ESCONDE O PASSADO

Nasci no dia 8 de novembro de 1948 de pais e avós brasileiros. Caso eu tivesse nascido alguns poucos anos antes, e, na Europa de onde vieram meus antepassados, não estaria aqui hoje, comemorando o meu septuagésimo terceiro aniversário. Certamente, da mesma forma que seis milhões de judeus, não poderia ter vivido a minha vida livre como tenho vivido em meu país.

Na foto, tirada por Ronaldo Gomlevsky no Centro de Documentação sobre o Nacional Socialismo, podemos conferir o trabalho nos campos de extermínio retratados de forma mentirosa.

A noite passada, por ter me deitado muito cedo, acordei antes da meia noite e fui dar uma olhada na Netflix e me deparei com o CASO COLLINI, imaginando que era algo relativo a tribunal penal e julgamento que sempre tenho prazer em assistir em função de minha profissão original, advogado.

Qual não foi minha surpresa quando me deparei com o julgamento do assassino de um velho empresário alemão, bem-sucedido, morto com um tiro na testa por um italiano também já entrado em anos.

Este alemão assassinado, bem-sucedido e bonzinho, a vítima que tratava bem as crianças e os imigrantes turcos, na verdade, resta provado no julgamento, havia sido, um jovem comandante nazista, que fora responsável pela ocupação das SS na cidade italiana de Monte Cassino.

Aqui abro um parêntesis para afirmar que além de todos os nazistas que fugiram da Europa no final da Segunda Guerra Mundial, para diversos países da América Latina, dentre eles o Brasil, a esmagadora maioria dessa corja ladra, assassina, canalha e impune, continuou vivendo na Alemanha como se nada tivesse acontecido, principalmente acobertada pela justiça porca de uma sociedade imunda que passou a se valer de leis que mantinham os criminosos asseclas de Adolf Hitler muito bem obrigado, enquanto os corpos de milhões de vítimas estavam enterrados em valas comuns.

Houve um promotor público nazista e implacável nos tempos da Cruz Suástica que havia funcionado na cidade de Innsbruck o qual, ao final da guerra, passou a servir ao regime democrata cristão de Konrad Adenauer, transformando-se num funcionário do alto escalão da justiça alemã. Eduard Dreher, assim se chamava. Teve uma carreira meteórica e influente na justiça alemã, cuidando não só para que nunca pudesse ter sido apanhado como cuidou da impunidade de milhares de juízes e membros da justiça nazista que haviam operado durante o tempo do Terceiro Reich. Eduard Dreher é o autor de uma lei que foi aprovada pelo Bundestag, o parlamento alemão, que permitia escaparem impunes e sem perseguição judicial os nazistas que haviam fuzilado inocentes, sendo que esses assassinatos passaram, em função da lei Dreher, a ser considerados, acidentes de guerra, ou algo parecido.

Voltando ao filme: não vou contar a razão que levou Collini a matar o vovô tão bonzinho, pois vale a pena assistir. Por outro lado, deixando o filme e voltando à vida real, quero que você que me lê, saiba que seria impossível aos nazistas escaparem se não houvesse a conivência da esmagadora maioria da nação alemã, até hoje, embevecida com os “feitos” nazistas.

Não faz 4 anos, em dezembro de 2018, estive na Alemanha e pude constatar com os meus próprios olhos, como os alemães atuais escondem de forma desavergonhada os crimes que seus pais e avós cometeram contra a Humanidade. Visitei um museu em Munique que conta a história da Segunda Guerra pelo olhar dos assassinos, buscando enganar os visitantes. Como exemplo, aponto um lote de fotografias exibido numa das seções daquela vergonhosa instituição- CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO SOBRE O NACIONAL SOCIALISMO- que dão conta de que os judeus eram muito bem tratados nos campos de concentração, inclusive, trabalhando de terno e gravata! Kakakakakakakaka!

Me enganem que eu me apaixono! Que vão todos para o inferno!!!

Ainda assim, por favor, assistam o mais rápido que puderem, O CASO COLLINI!

Bom filme é o que lhes desejo!

Ronaldo Gomlevsky

Ronaldo Gomlevsky

Ronaldo Gomlevsky é jornalista, advogado e empresário.