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Ações de Biden afastam receio de pessimistas

As ações tomadas nos primeiros dias da presidência democrata de Biden nos EUA, mexeu muito mais com assuntos internos aos Estados Unidos que externos. Em relação à Israel, já se tem o seguinte:

1) Senado dos EUA foi instigado a votar rapidamente sobre a manutenção da embaixada norte-americana em Jerusalém, e para surpresa de muitos, a resposta foi um sonoro “claro que continua”, com 94 votos a favor e apenas 3 contras. Um dos votos contrários foi de Bernie Sanders, a consolidação do judeu norte-americano que odeia Israel e odeia os EUA democráticos. De fato, o Senado mantém a decisão de Trump de cumprir Lei do Congresso aprovada e em vigor desde 1997.

2) Biden declarou que os Acordos de Abraão entre os países árabes e Israel não só permanecem, como serão ampliados. 3) O Comitê Ministerial de Israel, com um atraso de três anos, aprovou a compra de 2,74 bilhões de dólares em equipamentos militares norte-americanos. Especificamente, mais aviões F-35i e F-15 de última geração, helicópteros de transporte de tropas, aviões de reabastecimento e uma plêiade de mísseis ar-terra. A compra será com parte da verba anual de ajuda militar dos EUA à Israel, no valor de 3,8 bilhões de dólares por ano

4) Biden determinou a suspensão temporária, para análise do acordo de Trump no valor de 35 bilhões de dólares em venda de equipamentos militares, principalmente F-35, para a UAE. Perceba o vulto desta ação comparado com a compra ajudada que Israel aprovou. As compras ajudadas servem para fazer aqueles 2,74 bilhões circularem nos EUA, na cadeia de produção, gerando salários, impostos e lucro nos EUA. Não em Israel. A compra pela UAE seria não ajudada, portanto uma entrada enorme e pouco desprezível de recursos na indústria bélica americana.

5) Biden anunciou a retirada do apoio à Arábia Saudita na Guerra do Iêmen e provavelmente retirará os Rebeldes Houtis (muçulmanos xiitas a mando do Irã), da lista internacional de terrorismo. Isto faz parte de um jogo maior com o Irã, que ainda não está claro. Não se sabe exatamente qual era a ajuda dos EUA a Arábia Saudita neste conflito nas suas fronteiras. Provavelmente é um ato político sem reflexos relevantes no cenário da Coalizão Sunita, que agora tem a presença aberta de Israel.

6) Por outro lado, Biden também determinou que não haverá volta ao Acordo Nuclear com o Irã, sem que a produção de urânio enriquecido cesse. Qualquer analista vai afirmar que o Irã não vai parar suas centrífugas e cada impasse deste significa tempo a favor do Irã. Produzir urânio enriquecido em grau militar é uma coisa. Conseguir construir uma bomba atômica é outra coisa. É muito provável que o Irã seja bem sucedido em ambos.

 Por José Roitberg

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.