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Atacar ou não atacar o Irã? Não deveria ser a questão


Não interessa nossa opinião pessoal. Não interessa o ódio pessoal ao Irã. Não interessa nenhuma opinião “machista” tipo, precisamos mostrar o tamanho de nossos paus para eles. É geopolítica no último nível.

Israel obteve uma vitória maiúscula e esperada, mesmo pelos iranianos. O tamanho da vitória é o que surpreendeu. Uma questão militar é clara: após uma vitória é preciso gastar ainda mais dinheiro para ter outra vitória que não vai levar a nada? Aliás, vai levar. Existe um apoio imenso à Israel no nível internacional (não na mídia é claro e muito menos do PT). Um ataque contra o Irã muito provavelmente vai inverter este apoio. E o que Israel sempre disse, não se importar com a guerra da mídia e sim com a guerra real, neste momento se converteu em vitória na real e não derrota na mídia. Está muito bom.

Se o desejo do Irã era complicar os Acordos de Abraão, o ataque fortaleceu os acordos. Todos os países árabes (e o Irã não é árabe) entenderam o recado da Jordânia lutar lado-a-lado com Israel e não contra. Todos eles sabem que o inimigo geral é outro, é o Iran. Os mesmos mísseis lançados contra Israel podem atingir o Egito, Sudão, Afeganistão, Paquistão, toda a Índia, Nepal, oeste da China (região dos uigures muçulmanos sunitas), Azerbaijão (aliado de Israel), Turcomenistão, Cazaquistão, Geórgia, Chechênia, Moscou, Ucrânia, Bielorrússia, Polônia, Hungria, Bulgária, Moldávia, Turquia, Grécia, Iugoslávia, Bósnia, Sérvia, Croácia, toda a Península da Arábia.

A posse dos mísseis pelo Irã não era o problema e já tem 20 anos. O problema é a disposição de utilizar para ataques à distância e isto muda o cenário para todos dentro do raio de 2.000 km, não apenas para Israel. Nenhum dos outros países tem a capacidade de defesa que Israel tem.

Por outro lado existe a certeza correta de que no Oriente Médio prevalece a força, prevalece quem tem o porrete maior. Este seria o argumento para Israel atacar. Mas o argumento para Israel não atacar é mais interessante: demonstraria que mesmo podendo não o faria pois de fato deseja a paz.

Neste momento estão falando na TV em Israel que o ataque deve ser para destruir o sistema petrolífero do Irã e deixar o Irã sem grana para fomentar o terrorismo e que isso criaria uma revolução interna. Mas o petróleo iraniano está embargado para o Ocidente. O grande comprador é a China, 100% dos combustíveis chineses vem do Irã. Destruir a capacidade iraniana de refino significa ferrar com a China e com o mundo, pois os Chineses vão ter que comprar em outros países e o preço do petróleo vais subir que nem os mísseis balísticos. É apenas uma asneira irresponsável que está sendo dita na TV em Israel.

Sabemos, pelas notícias que o Knesset está dividido na base do governo também entre as duas opções. A questão não é econômica nem militar, pois o ataques de Israel, qualquer que seja será muito bem sucedido. A questão é o peso político a ser enfrentado pelo sucesso. Tenham a certeza de Israel será ainda mais repudiado se atacar o Irã.

Por José Roitberg – jornalista e pesquisador

Imagem: F-16 armado e de prontidão para atacar o Irã. Foto de divulgação do IDF.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.