Guerra de GazaIsraelÚltimas notícias

Cenário provável sobre o ataque dos pagers

A operação inimaginável de explosão remota de pagers e rádios de uso pessoal pelos oficiais da cadeia de comando do Hezbollah foi o ataque mais inteligente, mais seletivo, contido e restrito da história militar. Só vamos saber o que aconteceu quando fora revelado oficialmente e pode estar em sigilo militar de 50 anos.

As narrativas são de que a operação teve uma duração de 15 anos e que Israel criou uma fábrica para produzir clones piratas totalmente funcionais de um pager de Taiwan e um rádio do Japão. A empresa “Icom” cuja marca está nos rádios afirma que deixou de fabricar os modelos há 10 anos. Os equipamentos adquiridos pelo Hezbollah eram novos. Há duas narrativas: foram comprados diretamente, ou foram comprados pelo Irã e entregues ao Hezbollah.

Fabricar os equipamentos deve ser sido uma operação menos complexa que conseguir vende-los, seja para o Irã seja para o Hezbollah.

Imaginando que Israel fabricou os equipamentos, fica bem mais simples compreender como os transformou em bombas. A suposição mais adequada, que fugiu aos exames, inclusive de raio-x de aeroporto, realizados pelo Hezbollah, seria a construção de baterias que em parte eram o explosivo. Muito provavelmente, com a evolução tecnológica das baterias, deve ter sido possível reduzir seu tamanho interno, mantendo as características elétricas e adicionando o explosivo no espaço interno restante. Neste caso poderia haver um detonador acionado pelo aquecimento anormal da bateria via comando remoto pela rede do próprio aparelho ou um detonador acionado diretamente por comando remoto. O aquecimento anormal da bateria, seria ocasionado por um comando que acionasse um curto circuito no equipamento, ou seja, especificamente projetado para isso e não uma adaptação.

Foi genial.

Caso a tese da bateria ser bateria e bomba seja verdadeira, o detonador também deveria ser interno disparado pelo aquecimento anormal. Em todos os casos, isso deve ter sido muito estudado e testado para impossibilitar explosões acidentais. Um detonador externo que perfurasse a bateria e explodisse a bomba, provavelmente seria visível.

Uma coisa é absolutamente certa: baterias de íon de lítio não explodem: entram em combustão, pegam fogo.

A explicação acima não contempla, o que parece ser fato, de terem existido também explosões de duas baterias de scooter elétricas, de sistema de acesso residencial no muro de uma casa, e de pelo menos um sistema de geração de eletricidade por energia solar. Os quatro casos citados acima tem vídeos e fotos e aconteceram. Mas, é impossível generalizar e expandir para o ataque também ter sido contra sistemas de energia solar, scooters, notebooks etc. De fato, ainda não se sabe exatamente o que aconteceu nestes casos e provavelmente não se vai saber.

opinião de José Roitberg – jornalista e pesquisador

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.