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Completado o muro entre Israel e a faixa de Gaza. Pasme: tem dois lados!

Para a esquerda encastelada na mídia só tem um lado: o muro que oprime os palestinos. O muro que promove o apartheid. O muro que massacra os palestinos. Coitados oprimidos pelos judeus sionistas opressores.

E quando os coitados oprimidos lançam milhares de mísseis militares contra as cidades de Israel estão apenas exercendo seu direito de resistir a ocupação. Mas a Faixa de Gaza não está ocupada desde que Israel retirou seus civis e soldados de lá há 16 anos atrás. Portanto, há 16 anos o Hamas não luta para a saída dos israelenses de lá. Luta para a saída dos israelenses do país reconhecido internacionalmente e chamado de Israel.

Em dezembro de 2019 o Hamas decretou através de seus clérigos muçulmanos jihadistas que a paz não existe e apenas o estado constante de guerra existe. É uma deturpação bizarríssima, no nosso ponto de vista e não aceita pelo restante bilhão e meio de muçulmanos no mundo, sobre um dos principais preceitos do Corão.

A “jihad” é a luta interna, pessoal, que cada muçulmano tem consigo próprio, para ser um muçulmano correto e cada vez melhor às vistas de Allah. A jihad pessoal é constante e permanente, até o dia da morte. O que os clérigos determinaram é que a jihad “guerra santa”, a jihad militar, passou a ter as mesmas características da jihad pessoal.

E ninguém no mundo está nem aí para o que eles estão dizendo. Podem gritar por todos os microfones que a paz não existe. Podem gritar que vão matar até o último judeu “que estiver escondido com medo atrás das árvores e das pedras”, como determina o Corão.

Podem gritar que não aceitam a Solução dos Dois Estados, apenas um estado único, muçulmano sunita jihadista. Podem educar abertamente suas crianças para derramar seu sangue pela mesquita de Al Aqsa. Podem ensinar na TV como se deve esfaquear um judeu e qual a faca de cozinha mais adequada para fazer isso. Podem mandar seus filhos e filhas crianças matar judeus para morrer e ir ao Paraíso. Ninguém os escuta. Os gritos de guerra não repercutem na mídia. Sequer boa parte da esquerda judaica, principalmente a que está fora de Israel e é imensamente maior, numericamente, que a que é cidadã de Israel escuta.

Mas todos os grupos sociais que não escutam os gritos de guerra do Hamas determinam que um muro de concreto e metal os mata. É gente oriunda de um mundo medieval que nunca acabou (na mente, na casa e nas famílias destas pessoas), sejam elas muçulmanas, católicas, judias, ou afirmem não ter religião. É gente oriunda de séculos onde os judeus eram confinados atrás de muros, onde as sinagogas e casas dos judeus não podiam ser mais altas que as igrejas, mesquitas ou casas de seus vizinhos católicos ou muçulmanos, onde os judeus não podiam ser proprietários de terras.

Essa gente de crenças medievais, que vive hoje e se autodenominam por “progressistas”, não aceita que judeus tenham terras, muito menos um estado nacional. Não aceitam que judeus tenham armas, muito menos que ganhem guerras. Não aceitam que judeus construam muros para se proteger, pois os muros sempre foram para excluir os judeus.

Nós os ouvimos, é claro. Pelo menos eu, como jornalista, sempre os ouvi. Mas não ligo para eles. Não me importo com eles. Aliás, quem é que é pautado pelo discurso do inimigo?

Dias atrás o chefe do Exército de Defesa de Israel inaugurou oficialmente o novo complexo defensivo denominado (incorretamente até por falta de outra palavra) Muro de Gaza seguindo os 65 km da linha de fronteira entre o Estado de Israel e o território inteiramente controlado pelos palestinos do Hamas há 16 anos. Nunca esqueça que eles, os palestinos do Hamas, mataram e expulsaram de lá os palestinos da Autoridade Nacional Palestina e as famílias deles: todas as pessoas da ANP são inimigas dos Hamas igualmente. Na visão do Hamas, o Estado da Palestina é apenas deles próprios.

Em primeiro lugar não se trata de uma muralha de seis metros de altura de concreto ao longo dos 65 km. A maior parte do percurso recebeu uma cerca metálica com seis metros de altura. Mas é uma muralha com pelo menos 20 metros de concreto reforçado no subsolo, ao longo de todo o seu trajeto. Obra única na história da humanidade. Visa tentar impedir que o Hamas continue escavando túneis para infiltrar combatentes dentro do território israelense. O novo “muro” foi construído inteiramente do lado israelense da fronteira. Mas como o Hamas e os aliados deles da esquerda política determinam que todo Israel é uma ocupação, então afirmam que o muro está no território ocupado pelos sionistas.

O Egito já abriu uma enorme trincheira do lado dele da fronteira de 12 km que faz com o Sul da Faixa de Gaza, há anos, tendo declarado oficialmente que encontraram e destruíram centenas de túneis de contrabando do Hamas. De fato, parecem ter existido muito mais túneis para dentro do Egito que para dentro de Israel. A ação do Egito jamais sequer foi notinha de três linhas no noticiário internacional e nem oprime nem mata nenhum palestino. Israel jamais revelou quantos túneis já existentes foram cortados pelas obras do muro.

Aliás, Egito, Jordânia, UAE, Barhein e Marrocos, veem o novo muro com muito bons olhos.

A parte subterrânea do muro, não é apenas uma barreira física, mas também eletrônica eivada de sensores na tentativa de detectar novas escavações realizadas pelo Hamas. As torres de vigilância não comportam mais soldados. São inteiramente automatizadas e/ou de controle remoto, com os mais modernos sistemas de câmeras para todas as situações e armamento. Isso é ótimo, pois a figura do soldado na torre de vigia deixou de existir.

Mas o muro tem dois lados, por mais estúpido que seja falar ou escrever isto. E nenhum jornalista assalariado pela grande mídia terá a petulância de declarar que o muro tem dois lados.

Se protege Israel da entrada ilegal de pequenos grupos de guerrilheiros ou terroristas do Hamas, protege mais ainda o Hamas da entrada das tropas de Israel. Será que ninguém percebe isso? Os defensores da ideia bizarra de Israel arrasar a Faixa de Gaza, de “entrar lá com tudo e resolver de uma vez”, agora tem um fortíssimo muro e fortíssimas cercas pela frente.

Eu acredito, pelas fotos das cercas que tanques vindos pelo lado israelense possam simplesmente derrubá-las e passar por cima delas caídas. Parecem ter sido projetadas assim e por isso não existe o muro de concreto ao longo dos 65 km. Mas soldados de infantaria não passam sozinhos. O que é ótimo.

E óbvio: 20 metros de muros enterrados no subsolo não atrapalham uma vírgula dos ataques de mísseis realizados pelo Hamas nem interferem nos ataques com facas e armas de fogo realizados dentro de Israel.

No fim das contas para que serve realmente este bilhão de dólares gasto na cerca, só o tempo dirá.

O que se disse nos últimos dias contra o Muro de Gaza foi exatamente a mesma gramática publicada antes contra os Muros de Sharon (do Ariel Sharon) na Cisjordânia. Os mais jovens veem os muros lá na propaganda palestina, nas pinturas de Banksi e não sabem que eles foram construídos para impedir a entrada em Israel de homens e mulheres-bombas homicidas suicidas que se explodiram dentro de ônibus, restaurantes, boates, no meio da rua e em esquinas movimentadas, tentando matar o maior número possível de sionistas enquanto iam ao Paraíso. Sharon foi criticado ao extremo e resolveu a questão. Erigidos os muros na Cisjordânia e permitida a passagem apenas por postos de controle, os massacres terminaram.

Como os muçulmanos podem tudo e os judeus não podem nada, nos mesmos três anos que Israel precisou para construir os 65 km desta linha de defesa estática, a Turquia construiu um muro de 210 km, fechando já quase metade dos 500 km de fronteira que possui com o Irã, lembrando que os países são inimigos: turcos muçulmanos sunitas não árabes, e iranianos muçulmanos xiitas não árabes. O muro turco tem 4 metros de altura e é apoiado por uma moderna estrada militar pavimentada de fronteira, com 500 km de extensão.

Colagem de imagens de noticiário do canal France 24 da TV francesa mostrando o muro entre a Turquia e o Irã.

O Irã também já construiu centenas de km de muros e cercas na fronteira dele com o Afeganistão, tentando conter, sem sucesso o tráfico de drogas promovido pelo Talibã (enquanto estava ilegal) e também para tentar impedir a entrada de terroristas da Al Qaeda e do Estado Islâmico que efetivamente operam dentro do território iraniano. E ninguém se importa com o muro iraniano.

Erdogam declacrou: “A Turquia quer que o mundo saiba que não vai permitir a passagem ilegal de nenhuma pessoa para seu território, mesmo sem a cooperação do Irã.”

Mas Israel não tem o direito de impedir a entrada ilegal de gente armada que vem com a missão de assassinar cidadãos israelenses.

Ninguém se importa também com o muro turco. Apenas os judeus não podem construir muros. De fato, não são os muros dos judeus que são perversos, mas os próprios judeus, como pensam seus inimigos externos e internos. E aos inimigos dos judeus, deixo aqui meu ponto final: vão se danar!

Opinião de José Roitberg, jornalista e pesquisador, com informações do Times de Israel, das agências internacionais, e dos canais France 24 e WION.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.