Desde a revogação da desautorização alegando irrazoabilidade pela Suprema Corte, veja quais decisões irrazoáveis já foram tomadas
Itamar Ben Gvir, ministro da segurança nacional reclamou da prisão de dois jovens ortodoxos do movimento de ocupação das colinas, ligado ao “Sionismo Religioso”, pelo assassinato de uma jovem palestino de 24 anos. Um deles foi porta-voz da parlamentar …. do Sionismo Religioso. Segundo a polícia de Israel, um grupo destes jovens invadiu uma aldeia palestina e iniciou atos de vandalismo. Os moradores palestinos reagiram e uma briga generalizada aconteceu. No meio dela, o jovem morto teria dado uma pedrada na cabeça do rapaz judeu, que mesmo tendo o crânio fraturado e permanecendo em condição grave no hospital, teria ainda sacado uma pistola (para a qual tinha porte), efetuado um disparo que atingiu o pescoço do palestino. O ex-assessor da parlamentar declarou, após ser preso que apenas estava junto de levou o amigo para o hospital. O ministro da segurança nacional estampou as primeiras páginas dos jornais ao declarar que ao invés de serem presos, deveriam ser condecorados com a medalha de honra.
Bezalel Smotrich, o ministro da economia do Sionismo Religioso, desautorizou o primeiro-ministro afirmando que não vai aprovar medidas econômicas para auxiliar a Autoridade Palestina, após Bibi afirmar isso, relacionado a costura da inclusão da Arábia Saudita nos Acordos de Abraão. Vamos tentar entender isso: um partido político que prega a expulsão dos palestinos da Judeia e Samaria, da mesma forma que os palestinos pregam a expulsão dos judeus de Israel, não vai dar um passo para estabilizar a situação e manter os palestinos lá. Imaginar que existirá um acordo com os Sauditas envolvendo palestinos com os partidos ortodoxos no governo e em ministérios chave chega a ser ingenuidade.
No mesmo dia, ou seja, nesta segunda-feira 7/ago/2023, Bezalel Smotrich anunciou o congelamento de um fundo que estava aprovado no orçamento, de 680 milhões de dólares para um programa para o desenvolvimento de Jerusalém Oriental, o lado árabe da cidade.
No dia anterior, ou seja, no domingo 6/ago/2023, Bezalel Smotrich cortou uma verba de 58 milhões de dólares a ser dividida pelas prefeituras das cidades árabes israelenses, aprovada pelo governo anterior.
Outra decisão irrazoável é aumentar o nível e o volume dos protestos contra o governo e, como parlamentares do Likud estão gritando no Knesset corretamente, a polícia simplesmente não pode continuar permitindo que os manifestantes interrompam o trânsito, pois neste caso haveria um conflito entre o direito de livre manifestação e as leis de trânsito e o direito das pessoas se deslocarem pelo país. No momento, o direito dos que não participam das manifestações é um direito INFERIOR ao direito dos que participam e isso não é uma posição nem do governo, nem do ministro da segurança nacional, nem de prefeitos, mas da polícia. O que nos leva a questionar: pode a polícia escolher quem tem mais direitos num caso de conflito? É claro que não. Até hoje, em 31 semanas, nenhum juiz da Suprema Corte, ou ex-juiz foi a público pedir para as pessoas baixarem a bola nas ruas.
No dia primeiro de agosto, a ministra da proteção ambiental, Idit Silman, do Likud anunciou horários segregados por sexo em parques. Leia até o fim. À primeira vista parece uma medida absurda, mas foi produzida de forma muito coerente e razoável, ainda assim, já está sendo contestada na justiça. O problema aqui é o motivo, que estará no final deste texto. A medida ministerial atinge, incialmente apenas dois parques, de fato dois oásis, um no deserto da Judeia e outro mais próximo a Jerusalém onde as pessoas costumam ir para se divertir nos dois minúsculos laguinhos de lá. Talvez não mais de 20 metros quadrados. A portaria não altera em absolutamente nada o horário em que os locais são abertos a todos. Apenas cria um horário de abertura às 6h30 da manhã aos domingos e quartas, ao invés das 8 da manhã, para os ortodoxos num, enquanto no outro, nas quartas e quintas o horário de fechamento é as 17h para o público em geral e às 20h para o público que deseja a segregação, a separação de sexos. Muito coerente, não tira direitos de absolutamente nenhuma pessoa, mas o incêndio social é tão grande que as pessoas não estão dispostas a parar para pensar.
Agora o motivo alegado pela ministra, é preocupante. Teria ela atendido uma visão da sociedade ortodoxa e muçulmana de que a não existência de segregação de sexo discrimina os direitos de devotos judeus e muçulmanos. Todavia a inclusão de muçulmanos nesta questão não é correta. Não parece que os muçulmanos se importam com o que os judeus vestem ou deixam de vestir. A foto deste post é um exemplo de uma imagem que só pode existir na praia da Tel Aviv, com muçulmanas vestidas como acham que devem e judias vestidas como acham que devem compartilhando o mesmo espaço. Muita gente não quer que isso continue acontecendo.
E aqui é preciso acender a luz amarela no sinal. É inegável que uma sociedade que mistura sexos é incompatível com uma sociedade que segrega sexos. O programa piloto da ministra é coerente e uma tentativa de encontrar soluções que contemplem ambas as sociedades. Resta esperar o tempo passar e verificar se isso vai adiante de modo coerente ao enfiado goela abaixo.
Opinião de José Roitberg – jornalista e pesquisador
Imagem: foto da praia de Tel Aviv tirada em julho de 2022 por Eid al Ahda da Associated Press