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Documento inédito revela que papa Pio XII tinha conhecimento do Holocausto

Uma correspondência recém-publicada mostrou que o Papa Pio XII, durante a Segunda Guerra Mundial, tinha informações detalhadas sobre os assassinatos em massa de judeus pelos nazistas, informou a agência de notícias AP.

Os documentos, encontrados nos arquivos do Vaticano, contradizem a afirmação da Santa Sé de que não poderia confirmar os relatos das atrocidades nazistas para condená-los. Isto reacendeu o antigo debate sobre o legado do Papa Pio XII. Suas ações durante a Segunda Guerra Mundial têm sido objeto de contestação entre os historiadores.

Os seus apoiadores argumentam que ele usou uma diplomacia silenciosa para salvar vidas judaicas. No entanto, os críticos afirmam que ele permaneceu em silêncio face ao Holocausto.

A carta recentemente descoberta, pelo arquivista Giovanni Coco, datada de 14 de dezembro de 1942, foi escrita por um padre jesuíta alemão de confiança, chamado Rev. Lothar Koenig, ao secretário do Papa Pio XII, Rev. Robert Leiber, que também era um jesuíta alemão.

A carta pôde ser encontrada graças ao fato de que em 2 de março de 2020 foram divulgados todos os documentos relativos ao pontificado de Pio, os horrores do regime nazista.

A Santa Sé nunca formulou uma condenação explícita do Terceiro Reich e do seu regime, nem Pio XII indicou claramente os judeus como vítimas do extermínio em curso.

O historiador Giovanni Coco sublinhou a importância do documento, afirmando que proporciona a certeza de que o Papa Pio XII estava a receber informações detalhadas sobre crimes contra judeus por parte da Igreja Católica Alemã. No entanto, Coco disse que o padre Koenig também pediu ao Vaticano que não divulgasse a informação devido a preocupações com a sua segurança e com a segurança das suas fontes.

O legado do Papa Pio XII e as revelações dos arquivos recentemente abertos do Vaticano serão objeto de discussão numa próxima conferência na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

A conferência recebeu apoio de várias instituições, incluindo o Vaticano, o Instituto de Pesquisa do Holocausto Yad Vashem de Israel, o Museu Memorial do Holocausto dos EUA e as embaixadas de Israel e dos EUA.

Leia o esclarecimento completo sobre a questão levantada por esta carta a Pio XII. O Vaticano e a Igreja na Alemanha não é exatamente o que você imagina que foram e nem tinham liberdade de ação.

Explicação da foto por José Roitberg – jornalista e pesquisador

Imagem: poderíamos utilizar a foto do Papa Pio XII, foto oficial do Vaticano, em domínio público via Wikimedia Commons, junto com a foto dos dois clérigos fazendo a saudação nazista junto com oficiais da Alemanha Nazista e afirmar o que dezenas de sites e postagens da foto nas mídias sociais afirmam: local e data desconhecidas. Se vc conhecer os personagens da cúpula nazista hitlerista, então reconheceu Joseph Goebels, o baixinho nada-ariano à direita e mais ninguém. Algumas postagens identificam o alto como Frick, sem dizer ao leitor quem de fato são. Todas as postagens nas mídias sociais utilizam esta foto para mostrar como A IGREJA CATÓLICA apoiava o nazismo. Mas a foto mostra apenas DOIS CLÉRIGOS. E a foto faz parte de um grupo de fotos de um evento muito bem documentado pela mídia da Alemanha Nazista, do qual abundam informações.

Pode até parecer que estão numa igreja, pelas janelas desfocadas atrás. Mas estão na prefeitura da cidade de Saarbrucken, marcando o retorno da região Saar ao Reich Alemão. É um estado alemão localizado imediatamente abaixo de Luxemburgo com quem faz fronteira ao norte. A oeste é a França e a leste é a Alemanha, Em francês de denomina Sarre. Em 1815 com a derrota de Napoleão a maior parte do Sarre passou a fazer parte da Prússia e em 1921 após o Tratado de Versalhes, voltou para a França (é um resumo simplista de muito mais guerras e combates entre Bélgica, Estados Germânicos, França e romanos que aconteceu ali. Região conturbada.

O evento na prefeitura aconteceu em 1/março/1935. Wilhelm Frick, era o ministro do interior do Reich (Império) Nazista. Joseph Goebels era o ministro da propaganda do Reich. Os clérigos são Franz Rudolf Bornewasser (Dispo de Trier) à esq, e Ludwig Sebastian (Bispo de Speyer) com óculos, ambas cidades de Prússia e não do Saar. Na segunda foto conhecida, abaixo, o momento do discurso de Frick.

Foto da Enciclopédia do Holocausto – USHM

Destino dos principais nomes da foto.

Goebels assassinou as filhas dele no bunker de Hitler em Berlim no momento da queda da capital alemã. Ele e a esposa envenenaram as crianças e depois ingeriram veneno suicidando-se também.

Frick foi julgado e condenado à morte por crimes de guerra pelo Tribunal de Nuremberg, executado no dia 15/out/1946.

Franz Rudolf Bornewasser – Nos anos que se seguiram a esta foto, o bispo foi atacado duas vezes pelas tropas das SA (camisas marrons) antes da Segunda Guerra Mundial e se opôs ao programa T4 de eutanásia de deficientes físicos e mentais. faleceu em 1951 aos 85 anos de idade. No dia da foto, tinha 69 anos de idade.

Ludwig Sebastian – no dia 25/jun/1937, este bispo foi acusado no tribunal de Speyer, pelo líder distrital nazista de traição. Segundo publicado no jornal The New York Times do dia seguinte, a acusação de traição se deu após cartas dele ao Vaticano terem sido interceptadas. O tribunal declarou que o bispo enviava relatórios regulares sobre as condições sociais do Reich a “uma potência estrangeira hostil”, neste caso o Vaticano. O bispo teve que pagar uma multa. Morreu no dia 20/mai/1943, durante a guerra, aos 76 anos de idade. As cartas de Sebastian também tinham como destino a Secretaria de Estado do Vaticano, igual às do padre jesuíta na questão atual.

Portanto, imaginar um contexto geral baseado numa foto é uma atitude perigosa, mas normal. Ambos os bispos que parecem ser a face católica de apoio ao nazismo, de fato foram opositores e não existia a possibilidade de não fazer a saudação nazista num evento a nível de ministério do Reich.

Marcia Salomão

Publicitária, com formação em publicidade, propaganda, marketing e relações públicas, Atua nas áreas de produção editorial e assessoria de imprensa.