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Empresa de bondes que transportou Anne Frank procurou ressarcimento por viagens

A Empresa de Transporte do Município de Amsterdã (GVB na sigla em holandês), que opera serviços de metrô, bonde, ônibus e balsa na capital da Holanda, transportou dezenas de milhares de judeus para campos de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Segundo o The Telegraph, a GVB foi responsável pela deportação, via bonde, de 63.000 judeus, incluindo Anne Frank. Para cada bonde, a Gestapo pagava à companhia 10 florins (ou 12,50 por viagens noturnas).

Embora a empresa enviasse faturas mensais, nem todas foram pagas quando a Holanda foi liberta, em maio de 1945. Mas, conforme revelado pelo cineasta Willy Lindwer e o escritor Guus Luijters no livro e documentário ‘Verdwenen Stad’ (ou ‘Cidade Desaparecida’ em tradução livre), documentos apontam que a GVB enviou pedidos de reembolso até 1947; ou seja, dois anos após o fim do conflito.

Uma fatura da GVB referente às últimas 900 viagens de bonde datadas de 8 de agosto de 1944 mostrou que Anne Frank e sua família foram transportadas da Estação Central de Amsterdã. A jovem foi enviada para o campo de Bergen-Belsen em novembro daquele ano.

Ela morreu de tifo em fevereiro de 1945, dias após sua irmã, Margot. Edith, mãe delas, faleceu em janeiro daquele ano, separada das filhas em Auschwitz. Já Otto foi o único a sobreviver e responsável por publicar O Diário de Anne Frank em 1947.

A GVB publicou uma nota, em seu site oficial, na última segunda-feira, 5, em resposta aos pontos levantados pelo livro ‘Cidade Desaparecida’. Abaixo trechos da nota.

A história do Gemeentetram Amsterdam está intimamente ligada à história do município de Amsterdã. Afinal, a empresa de bondes pertenceu a GVB até 2006.
Temos plena consciência de que este terrível episódio da história da nossa cidade ainda dói muito. Que ainda há muita tristeza e raiva entre os sobreviventes do Holocausto e parentes dos judeus holandeses assassinados.

O livro e o documentário antecipam a extensa pesquisa do NIOD (Institute for War, Holocaust and Genocide Studies), que começou em 2020 em nome do município e investiga o papel do município de Amsterdã — e dos seus departamentos — durante a Segunda Guerra Mundial.

Não podemos enfatizar o suficiente o quão terrível é que isto aconteceu e é bom que um livro e um documentário tenham sido feitos sobre isto. A investigação do NIOD deve agora ser concluída rapidamente, mas com cuidado. Juntamente com o município, entraremos em discussões com a representação da comunidade judaica em Amsterdã.

Marcia Salomão

Publicitária, com formação em publicidade, propaganda, marketing e relações públicas, Atua nas áreas de produção editorial e assessoria de imprensa.