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Estimativas realísticas sobre um ataque nuclear iraniano contra Tel Aviv


Em primeiro lugar, a imensa maioria do público acredita que bombas atômicas são absolutamente destruidoras, sendo capazes de obliterar países e até mesmo o mundo. Não são. Só para constar, já foram explodidas no planeta Terra, em sua atmosfera e estratosfera, mais de 2.000 bombas atômicas, 500 delas na atmosfera, 200 sobre os EUA e 200 sobre a URSS, sem qualquer efeito visível sobre os sistemas eletrônicos e de abastecimento de eletricidade dos países. Portanto, uma bomba não vai destruir o mundo, planetinha que mal foi arranhado por 2.000 delas.

Segundo os estudos, a massa crítica de urânio enriquecido a 90% para produzir UMA bomba atômica é de 50 kg. Projetos mais modernos permitem bombas com ogivas menores, com até 32 kg de U 235. Mas isso não significa que os 50 kg serão explodidos. A bomba de Hiroshima, por exemplo, possuía 64 kg de urânio 235, mas apenas 51 kg a 90% e apenas 1,4% dele performou a fissão nuclear. A explosão estimada foi de 15 kton (equivalente a 15.000 toneladas de TNT).

Dias as atrás a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), em artigo sobre o Irã, falou sobre 42 kg mínimos de U 235 90% para o Irã produzir uma bomba atômica. Pelos estudos disponíveis em público, como a eficiência de geração de fissão nuclear aumentou para 2%, com o desenvolvimento, a expectativa seria de uma explosão 12 kton (portanto MENOR que a de Hiroshima). Como não é possível realizar um cálculo preciso, trabalha-se com a faixa entre 10 a 20 kton.

E existe software de predição de efeitos da explosões nucleares. Não se pode tomar seus dados como precisos, mas são científicos, dentro da ordem de grandeza e não da exatidão. Na imagem à esquerda temos a simulação de uma detonação de 14 kton no centro de Tel Aviv. Obviamente não destrói o país e muito menos elimina todos os judeus de lá.

Os resultados são os seguintes:

Estimativa de mortos imediatamente pela explosão: 21.030. Estimativa de feridos pela explosão 35.420. Obviamente inexiste estrutura de resgate ou tratamento para este número de feridos.

Amarelo – bola de fogo de 254 metros de raio, portanto 508 metros diâmetro: tudo vaporizado. Se a explosão for ao nível do solo, aumenta o “fallout” precipitação radiativa e contaminação. Este foi um dos motivos por não ter havido forte contaminação em Hiroshima – a explosão foi em altitude.

Vermelho – 520 metros de raio, destruição pesada em todos as edificações. Taxa de mortalidade de 100% nas duas zonas.

Cinza – 1,1 km de raio, danos moderados e grande número de feridos, muitas fatalidades imediatas.

Verde – 1,32 km de raio, radiação fatal, morte provável em até um mês, 15% dos sobreviventes (a este mês) morrerão de câncer mais adiante.

Amarelo escuro – 1,64 km de raio, calor, queimaduras de terceiro, que não provocam dor pois são tão profundas que destroem os sensores de dor.

Cinza claro – 2,84 km, danos leves, todas as janelas quebradas, ferimentos quase todos causados por vidro.

Pelos ventos predominantes na região, o fallout radiativo está bem nítido no mapa e impactaria em três grandes cidades árabes: Qualqylia, Tukarem e Jenin. O fallout chegaria ao Kineret, Mar da Galileia. Para os que imaginam também que Israel pode e deve explodir “a faixa de Gaza com uma bomba atômica, além disso ser tecnicamente impossível, inviabilizaria a vida dentro de Israel na zona de fallout.

Mas existem projetos mais modernos de “implosão” que poderiam elevar a potência de uma bomba com 42 kg de U 235 a 90% para 50 kton, e é o que vemos na imagem da direita. Pelo que se sabe, o último ataque de Israel ao Irã destruiu a fábrica secreta que pesquisava e tentava produzir o explosivo plástico especial e seu entorno esférico de aço exatamente para produzir o efeito de implosão. Portanto, devemos acreditar que o Irã ia pelo caminho de um projeto moderno de bomba atômica e não de um projeto tradicional, mais simples.

Estimativa de vítimas fatais pela explosão: 115.000, com 171.550 feridos. Ou seja, impossível existir qualquer sistema de resgate o atendimento destas proporções. Ainda assim Israel não será destruído nem todos os judeus serão mortos.

Bola de fogo de 423 metros de raio, danos pesados a 800 metros de raio (uma milha de diâmetro, com todos dentro deste círculo mortos imediatamente), radiação fatal a 1.640 metros de raio, danos leves a 1.690 metros raio e queimaduras de terceiro grau a 2.870 metros de raio.

Pelo mapa, podemos entender que uma explosão de 50 kton destruiria ou inviabilizaria a vida em Tel Aviv, Ramat Gan, Bnai Brak, Hertzlia, Ranana e outros locais menores.

Não sei se estes dados aliviam ou causam mais angustia. Estou publicando isso, para tentar mostrar as pessoas que se o Irã explodir uma bomba atômica em Israel o país continua existindo e os judeus não serão exterminados.

É óbvio que Israel precisa impedir esta possibilidade antes dos mísseis serem lançados. Lembre ainda que produzir o U 235 a 90% é uma coisa, conseguir com ele construir uma bomba atômica operacional é outra coisa, montar esta bomba em um míssil balístico com a certeza de que o detonador vai funcionar é uma terceira coisa, e conseguir fazer com que este míssil chegue ao alvo em Israel e detone, é o mais difícil para os iranianos. Acertar o alvo correto é um drama para eles lá. Obviamente o míssil seria um entre mais de uma centena lançados contra Israel.

Quem pode garantir que já não fizeram isso e deu errado?

Por José Roitberg – jornalista e pesquisador

Imagem principal do post, ilustrativa gerada pela IA Grok.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.