IsraelÚltimas notícias

EUA, pacotes de armamentos para Israel e Arábia Saudita

Os sauditas vão receber 3.000 bombas de pequeno diâmetro GBU-39, fabricadas pela Boeing em várias versões. É uma bomba planadora guiada que pode ser lançada a 110 km do alvo e tem precisão de um metro. Pesa apenas 110 kg, usam menos explosivos, pois todos os modelos são penetrantes, principalmente contra edificações de explodem dentro. Foi o modelo menos destrutivo dessa família, com ogiva (bomba de apenas 16 kg) que Israel usou, dias atrás contra a sala onde se reuniam 31 terroristas do Hamas e Jihad Islâmica.

Além destas, a Arábia Saudita vai receber 7.000 (você leu direito, sete mil) bombas guiadas por GPS e Laser Paveway IV, penetrantes de bunkers. Esta bomba de 230 kg tem diversas possibilidades de regulagens de detonação, inclusive a altitudes precisas em relação ao solo. Isto é, pode explodir a 10 metros ou 5 metros acima de uma posição inimiga, por exemplo. É muito manobrável e pode atingir alvos se deslocando a até 112 km/h. De fato, toda a família Paveway da empresa Raytheon, norte-americana é um kit de parte da frente e parte de trás, que são acopladas em bombas comuns mais antigas as transformando em bombas inteligentes. Mas precisa ser lançada bem próxima do alvo, com um alcance de apenas 15 km.

Qual seria o objetivo de alocar estas 10.000 bombas de precisão para a Arábia Saudita? Muito provavelmente a coalizão vai partir para cima dos houtis, no Iêmen, sempre lembrando que Sanaa, a capital do Iêmen dominada pelos houtis xiitas está apenas a 400 km de Meca o centro do islã e controlado pelos sunitas. Clérigos iranianos, deixaram claro, no Haj deste ano, que “Meca é governada por bandidos e a segurança é feita por sionistas”. Quem não quiser entender que Meca é um objetivo muito mais relevante para os aiatolás iranianos que Jerusalém, que não entenda. Já aconteceram anos de guerra no Iêmen e o conflito lá tende a aumentar.

O pacote saudita é “barato”, apenas 750 milhões de dólares. Já para Israel, o Secretário de Estado norte-americano aprovou um acordo de 18,82 bilhões de dólares (bilhões mesmo).

Parte do acordo com Israel tem um prazo de oito anos até ser inteiramente concretizado, pois prevê a venda de 50 aviões de combate F-15EX (renomeados de F-15IA) e 25 kits completos de modificação que a IAF irá instalar em seus F-15 já existentes, incluindo motores novos e modernos, painéis digitais completos, sistemas eletrônicos e de radar de última geração.

Mas o que está acontecendo aqui? Falamos de F-18, F-22 e F-35 e Israel está comprando F-15 Eagle antigos? Não é bem assim. A plataforma F-15 é ótima e a Boeing realizou um programa muito profundo de atualização para um modelo avançado, do qual foram construídos já 125 unidades desde 2018, e que culminou o desenvolvimento em paralelo tanto da versão EX, aeronaves completamente novas, quanto do kit de conversão para aeronaves mais antigas. No mês passado, os sete protótipos do EX terminaram todos os testes e duas semanas depois já estão a venda.

Israel colocou, em 2020, uma pretensão de compra de 25 aeronaves destas, agora serão 50 e mais 25 kits. Este é o programa que vai durar oito anos para terminar. Tudo que existe de eletrônica de combate mais avançada, o F-15IA vai receber. O sistema de controle da aeronave, que era eletro-mecânico, agora passa a ser totalmente eletrônico, com computador controlando a estabilidade em voo.

Essa mudança do controle de estabilidade permitiu aos engenheiros colocarem mais dois pontos de suporte de armamentos nas asas. Na configuração de caça, pode ser armado com 12 mísseis ar-ar, AIM-120, o mais moderno para 250 km ou AIM-9 Sidewinder, de alcance bem menor e um carrasco da aviação inimiga. Na configuração de ataque ao solo, pode transportar nada menos que 16 bombas planadoras guiadas GBU-39. Também pode ser dotado de 4 mísseis de cruzeiro AGM-158 JASSM cujo alcance é de 350 km e tem uma ogiva enorme, de 450 kg de explosivos. O míssil pesa uma tonelada.

E esta é uma característica que ainda permite a plataforma F-15 ser vencedora: sua grande capacidade de carga de armamento. Em altas altitudes pode voar a Mach 2.5 (2.655 km/h) enquanto em baixas altitudes por voar a 1.482 km/h. Marcas ainda impressionantes.

O pacote para Israel ainda envolve mísseis AIM-120 AMRAAM, veículos blindados, 32.739 cartuchos para canhão de 120 mm do Merkava e 50.000 munições para morteiros pesados, também de 120 mm.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.