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Evento de Durban 2021 na ONU, o que de fato aconteceu?

Em primeiro lugar há um fake circulando pelas mídias sociais judaicas, mostrando uma foto da assembleia de 2021 e declarando que a foto mostra o fracasso da Conferência de Durban, que teria sido antissemita, mas com apenas “meia dúzia de países, no plenário.” As fotos que compõe este post, são apenas quatro de mais de 50 disponíveis oficialmente na área de imprensa da ONU.

 O plenário só esteve cheio na abertura, com o discurso estranho de Bolsonaro e até o discurso do presidente Biden dos EUA (foto debaixo à esquerda). Depois disto, se esvaziou. Absolutamente todos os outros discursos foram realizados com plenário com um número muito pequeno de países, como se pode verificar nas outras três fotos, presidente da Argentina, da China e enviado da Noruega, preferindo os outros dignitários e embaixadores presentes em Nova Iorque, e também ausentes da cidade, acompanhar pela TV ONU AO VIVO PELA INTERNET.

 Aliás, todas as quase 5 horas de pronunciamentos no evento sobre o evento Durban+20 (anos) giraram em torno da “Década Internacional de Pessoas de Origem Africana (2014-2024)”, com contou o dia 31 de agosto como a primeira edição do Dia Internacional para as Pessoas de Origem Africana. Há um livreto oficial com todo o programa de ações relacionadas ao que já aconteceu desde 2014 e o que ainda deve acontecer.

 Os pronunciamentos giraram em torno do tema, do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras São Importantes), reconhecimento pelos países europeus sobre a escravização dos negros e seu comércio, reconhecimento pelos países americanos do comércio de escravizados e a adoção dos escravizados em suas populações e, principalmente, restituições e compensações tanto à África negra, pelo rapto de suas populações, quanto aos negros descendentes hoje nas Américas. O racismo na Europa contra os imigrantes muçulmanos, principalmente da África e da Síria também foi abordado.

 Israel, sionismo, islã, Oriente Médio, não fizeram parte da Durban+20, acontecida no dia 22 de setembro. O número de posts reclamando e achando um absurdo o que teria acontecido e não aconteceu e ainda de outras pessoas querendo saber quando vai acontecer é muito grande e desconcertante.

 Quem tiver qualquer dúvida pode procurar no Google por “Durban-20-anniversay UN” e vai poder assistir, na íntegra as quatro transmissões que foram realizadas ao vivo no dia 22 e tecer suas próprias certezas.

 Confesso que eu mesmo publiquei sobre o acerto dos países de boicotarem a Durban+20 pela certeza do antissemitismo que viria, mas com o passar dos dias, concluí que foi uma arapuca na qual os países preocupados com o antissemitismo caíram. Da mesma forma que em outras ocasiões, de fato estava prevista a ratificação do “sionismo é racismo”, mas foi retirada de pauta antes do evento começar.

 A resolução da ONU de que o “sionismo é uma forma de racismo”, foi adotada em 10/nov/1975, com o mundo ocidental refém do petróleo árabe e dos brutais aumentos após a Guerra do Iom Kippur (1973), com 75 votos a favor (inclusive do Brasil, do presidente Geisel), 35 votos contra e bizarríssimas 32 abstenções, que poderiam ter elevado a conta para 75 a favor e 77 contra.

Foi revogada em 16/dez/1991, por pressão do presidente americano George W. Busch (Republicano), outro nazista e fascista segundo o pensamento de muitos democratas e esquerdistas, por 111 votos a favor, 25 contra, 13 abstenções e 11 ausências. O Brasil foi um dos 88 países que patrocinou a revogação, no governo do presidente Collor de Melo.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.