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Inteligência militar tinha os planos de ataque do Hamas e não passou para cima

Se você é uma das pessoas que procura culpados no lado das vítimas do ataque de 7 de Outubro ou se alinha com uma das várias teorias de conspiração vai ficar chocado. A realidade é mais estúpida que qualquer elocubração.

Em novembro de 2023 o jornal The New York Times publicou sobre o plano “Muralhas de Jericó”, codinome dado pela inteligência militar israelense a um documento de 40 páginas em árabe que detalhava o ataque de 7 de Outubro. A situação em torno desta questão evoluiu até um programa especial do Canal 12 da TV israelense no sábado a noite, agora com mais dados.

Não mostraram o documento, mas dão a entender que possuem uma cópia. A data do documento do Hamas é de outubro de 2021 e a Unidade 8200, a de Inteligência Militar o recebeu em abril de 2022 e o traduziu. Ainda não existe informação pública sobre como o documento veio parar em Israel.

A reportagem afirma que o documento foi visto pelo chefe da inteligência das FDI Maj. Gen. Aharon Haliva, pelo comandante da 8200 Brig. Gen. Yossi Sariel, pelo comandante da Divisão de Gaza Brig. Gen. Avi Rosenfeld, e pelo então Comandante do Sul das FDI Maj. Gen. Eliezer Toledano. No dia 22 de abril de 2024, o major general Haliva pediu demissão alegando seus erros, o que pode corroborar o que vem a seguir. No dia 17 de outubro de 2023, Haliva escreveu um carta aos soldados dele, que acabou vazando, assumindo toda a culpa pelo 7 de Outubro, mas existiram setores afirmando que ele fazia isso apenas para livrar a cara do primeiro

E o general Haliva, o mais graduado deste grupo de o chefe da inteligência não comunicou a mais ninguém. O comando das FDI e o primeiro-ministro não foram comunicados. O motivo é simples: o general Haliva aceitou a avaliação de seus oficias e analistas subalternos que “determinaram que o grupo terrorista era incapaz de realizar uma operação de invasão com o escopo tão grande, ou possivelmente NÃO TERIA A VONTADE de realizar”, e desconsideraram o documento.

Não precisamos escrever aqui quais eram as linhas gerais do plano de 40 páginas, porque o Hamas executou todas elas no dia 7 de Outubro.

A reportagem disse ainda que nos meses antes do ataque o chefe da força aérea, entendeu que estava recebendo poucas informações sobre Gaza e se reuniu com o general Haliva várias vezes. A última foi uma semana antes do ataque. E Haliva jamais lhe falou sobre a existência do plano de batalha “Muralhas de Jericó”.

Existe ainda o relato de um oficial subalterno da 8200, cuja identidade está sendo mantida em sigilo, é denominado “A” (Alef). Ele revelou que algo extremamente fora do usual estava acontecendo em Gaza e telefonou direto para os generais Haliva e Yaron Finkelman (comandante do Sul). E isso foi APÓS a 8200 perceber que centenas de SIM cards de telefones celulares tinham sido ativados em Gaza em poucos minutos, outro sinal então ignorado (já comprovado).

Haliva estava de férias em Eilat, e não se preocupou com a informação passada por “A”.  Finkelman se preocupou e também telefonou para Haliva. Ambos ainda precisam esclarecer isso e explicar o que conversaram. Mas o fato é que qualquer um deles poderia ter dado um alerta geral e nenhum dos dois o fez.

“A” também entrou em contato com o general Sariel, seu comandante da 8200, por Whatsapp, descrevendo as informações e atividades do Hamas que estava vendo. Sariel declarou que sua rede caiu e que ele ficou sem acesso de internet por horas e o sinal só voltou praticamente no momento em que a invasão começou.

Hoje também já se sabe que as soldados de monitoramento da 8200, nas horas antes da invasão enviaram seis emails com informações e descrições para o que a 8200 afirmou depois ser um “usuário irrelevante”. Esta questão e a identidade deste usuário e porque era o contato de emergência do monitoramento ainda precisa ser esclarecido.

Os nomes, os cargos e os erros de avaliação estão ficando cada vez mais claros. Resta que Haliva se explique se conseguir continuar vivendo com o peso da desgraça pela qual é o maior responsável conhecido até o momento.

Por José Roitberg – jornalista e pesquisador
Com informações do Canal 12, Times de Israel e Jerusalém Post.

Imagem: não consideramos correto que o major general Halima continue a ser retratado junto com a bandeira de Israel, mas sim com o que o futuro lhe reserva. Não foi uma falha, um erro: foi uma catástrofe.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.