Irã anuncia novo míssil capaz de ultrapassar defesas de Israel
O governo iraniano anunciou a realização de um teste bem sucedido de um novo modelo de míssil balístico de combustível sólido (pode ser amarzenado pronto para disparo por décadas), com capacidade de manobra e que seria capaz de se evadir dos sistemas de defesa Arrow e Thaad, utilizados por Israel. Teria alcance de 1.200 km.
No segundo e último ataque iraniano contra Israel, vimos, pelo menos, dois mísseis, hipersônicos se evadindo dos interceptadores e atingindo o solo em Israel a esmo, em alvo nenhum.
O principal problema de um míssil seja hipersônico, seja convencional que manobre para evitar ser interceptado é continuar apontado para o alvo pretendido. No caso dos hipersônicos, se manobrar, não acerta mais o alvo. A questão é que para iranianos, houtis, hezbollah ou hamas, acertar um alvo não tem qualquer importância e não é objetivo militar. O objetivo é lançar o míssil. Esta é a missão. Atacam um país, onde cair, caiu e esta é a vitória.
Sendo assim, devemos imaginar que o novo míssil possui as capacidades alegadas pelo Irã. Os sistemas Arrow e Thaad são hipersônicos e não são manobráveis. Não podem realizar as curvas que o Domo de Ferro consegue fazer. E o Domo de Ferro não se presta para abater estes grandes mísseis balísticos. Israel precisa inventar um míssil maior e manobrável, para dar conta do desafio.
No mapa, em vermelho, está a região do Irã compreendida dentro do alcance de 1.200 km de Tel Aviv, alcance anunciado para o novo míssil. Portanto, existe pouca flexibilidade de onde estes mísseis poderão ser armazenados e de onde eles poderão ser disparados. A área em vermelho mais escuro, ao sul é uma das áreas com terreno mais complexo no Irã, com várias dobras de montanhas paralelas ao longo de 300 km de largura, desde a fronteira, entre 900 metros e 1.900 metros de altura.
Pouquíssimas estradas. Essa região sempre foi uma barreira natural contra invasores nas épocas antigas. Não é uma área simples para deslocar caminhões com mísseis. Evidentemente, a força aérea de Israel conhece os detalhes desta região a fundo.
Na área mais escura, os lugares propícios são todos habitados por comunidades agrícolas. Na área em vermelho vivo ao norte existem inúmeras boas opções, pois a região mais a leste é um planalto desértico por onde caminhões militares podem se deslocar com relativa facilidade, se bem que em baixa velocidade. O restante do Irã está em verde.
por José Roitberg – jornalista e pesquisador
