Israel

Israel facilita o acesso ao aborto removendo barreiras

Todas as religiões monoteístas são contrárias ao aborto. Ponto. Isso não significa que todos os estados nacionais, principalmente os que mais tem intercessões com a religião impeçam o aborto, muito pelo contrário.

Um exemplo interessante é a União Soviética/Rússia. Um dos primeiros estabelecimentos do comunismo lá foi a igualdade entre homens e mulheres o que levou a uma liberação sexual. O aborto era proibido ainda pelas leis imperiais russas, regime onde o clero cristão ortodoxo sentava-se ao lado do trono.

Em 1920, dada a constatação de que liberação sexual, numa época em que nos países ocidentais a mulher sequer tinha direito a voto, criou um enorme número de mulheres grávidas solteiras e o aborto, mesmo proibido era praticado. Assim, em 1920, Lenin não só liberou o aborto, mas também o introduziu o sistema público de saúde, o que é ideal.

Todavia, em 1935, nono ano de Stalin no poder, o ditador comunista revoga a lei leninista e proíbe o aborto. É curioso ver hoje, Biden no poder e os democratas culpando Trump, fora do poder pelo STF deles ter revogado o direito nacional incondicional ao aborto, direito este, que era visto como uma interferência do governo federal sobre a autonomia legislativa dos estados, e simplesmente voltou para os estados.

Sabe que foi o presidente em cujo mandato o aborto passou a ser lei nacional nos EUA? O odiadíssimo, pelos democratas, Richard Nixon (Republicano) em 1973. Odiado por ter liberado o aborto, odiado por querer encerrar a guerra do Vietnã iniciada por democratas, e muito mais odiado por ter posto um fim as leis segregacionistas “Jim Crow (Jim o Corvo, personagem de quadrinhos), não só contra negros, mas contra todos de pele colorida “coloreds”, introduzidas no governo democrata de Woodrow Wilson, após décadas de absoluta igualdade entre todos, nos governos republicanos desde a vitória Republicana na Guerra da Secessão.

Não veremos nenhuma linha história reclamando que Stalin proibiu o aborto em toda a União Soviética. Quando Stalin morre, em março de 1953, sobre ao poder Nikita Kruschev, que passou a denunciar os crimes do stalinismo. Uma das primeiras medidas de Kruschev foi a restauração do direito ao aborto em toda a União Soviética, e isso não mudou na Rússia a partir de 1991, não existindo oposição aberta da Igreja Ortodoxa Russa.

O QUE MUDA EM ISRAEL

E em Israel também inexiste oposição aberta por parte da ortodoxia e de seus partidos políticos. Até hoje, o aborto legal em Israel dependia da presença física da mulher perante uma comissão para expor o caso dela, ser questionada, ser aprovada ou não. A notícia que se tem é da comissão aprovar, historicamente, 99% dos pedidos. Sendo então o aborto induzido por drogas ou realizado no sistema público de saúde, com toda a segurança.

O Comitê de Saúde do Knesset (parlamento israelense), alterou o regulamento do comitê de autorização para abortos, nesta segunda-feira 27/jun. Mas para extinguir o comitê, é necessária uma lei, que não passaria no parlamento. O prazo para a mudança é de três meses e não será mais necessária a presença da mulher perante a comissão, sendo o pedido realizado de forma documental digital apenas. A entrevista adicional com uma representante do Serviço Social, também foi removida.

A mulher não tem direito ao aborto livre em Israel. O aborto é concedido pelo Estado, registrado e realizado em ambiente médico seguro.

De acordo com o Birô Central de Estatísticas de Israel, em 2020 foram recebidos 16.492 pedidos para abortos e aprovados 99,6%. O dado de 2021 não foi ainda divulgado, mas o Ministério da Saúde afirmou terem sido 17.548 pedidos.

Imagem – Ministério da Saúde em Israel – Google Maps.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.