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Israel vê queda na procura pelas vacinas e culpa antivaxers

O movimento descentralizado e sem liderança mundial denominado antivaxers (os que são contra vacinas) está causando um dano lamentável nos esforços em Israel para o combate à pandemia. O pico da vacinação chegou a imunizar 130.000 pessoas por dia e hoje mal chega a metade disto, exatamente quando a faixa majoritária da população é o objetivo.

Este comportamento pode balizar o que irá acontecer em todos os outros países democráticos.

Esclarecendo: os antivaxers não são contra algumas das vacinas para covid-19 – são contra todas as vacinas do cardápio médico. Portanto, não poderiam deixar de se posicionarem contra a vacinação atual.

Há antivaxers por más interpretações religiosas e há antivaxers seculares, principalmente entre o nicho voltado à alimentação saudável vegan ou vegetariana. Não é a questão religiosa que os une. Neste momento, parcela da população mundial, fora dos nichos anteriores está se posicionando contra a vacinação por motivos válidos (falta de tempo decorrido para os testes de segurança antes obrigatórios), mas principalmente aderindo à teorias de conspiração.

No momento existem duas campanhas muito ruins, e aparentemente efetivas acontecendo em Israel. Uma delas é perversa, e moralmente criminosa, mas não viola nenhuma lei existente. Os antivaxers agendam suas vacinações antecipadamente e as cancelam por telefone em cima da hora. E não imagine que o número é pequeno. Segundo o ministério da saúde de Israel, cerca de 14.000 doses da vacina Pfizer precisaram ser jogadas fora devido a esta manobra muito bem elaborada e destrutiva. Há membros do Knesset pretendendo processar antivaxers por tentativa de homicídio, mas isto não deverá vingar.

Até o momento os antivaxers nos vários países sempre se concentraram em não se vacinar, convencer a outros a não se vacinar, ou fazer protestos contra vacinações. Esta ‘operação’ planejada de forçar o estado a desperdiçar doses, quando o estoque é muito curto, acontece pela primeira vez no mundo.

A segunda ação é do rabino Yuval Hacohen Asherov (na imagem captada de um dos vídeos dele no Facebook), considerado “o rabino das estrelas”, das celebridades em Israel. Ele está usando a mesma lenga-lenga tradicional dos antivaxers declarando que a vacina causa infertilidade e pode ser fatal. Em um dos vídeos postados por ele, se sai com esta: “Eu não serei vacinado, com a ajuda de Deus”. Parece que o mandamento de não utilizar o nome de Deus em vão, está fora a agenda deste rabino.

Asherov é formado em fisioterapia e tem curso de acupunturista em Londres. É um dos pregadores de curas espirituais através da Cabbalá. Está em vias de ser processado pelo ministro da saúde, mas é pouco provável que ocorra também. O Facebook, nos últimos dias vem removendo comunidades antivaxers, e enviando mensagens a cada membro instando-os a se vacinarem.

Por José Roitberg

Com informações do Times de Israel, Haaretz, Arutz7 e Jerusalem Post.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.