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Jornal português acusa comunidade judaica de abusar da lei de cidadania

Um importante jornal local acusou judeus na cidade do Porto de abusar da legislação que concede cidadania a descendentes de judeus espanhóis e portugueses, que foram exilados na época medieval, para enriquecer.

A extensa reportagem, publicada no jornal Diário Público, apresenta duras críticas que apresentam sinais de antissemitismo.

A notícia reporta que até uma década atrás, a comunidade judaica do Porto não conseguia reunir recursos suficientes nem para contratar os serviços de um rabino ou mesmo consertar o telhado da sinagoga local.

Mas, a partir de 2019, as coisas vêm mudando, já que a comunidade agora administra um hotel kosher, um mikveh [um banho ritual] e terminou a construção de um novo museu, além de contratar um cantor para a sinagoga e segurança.

O Público alegou ainda que a comunidade judaica local ganha 250 euros por cada pedido de cidadania que examina.

“O que começou como um gesto de boa vontade e correção de um erro histórico acabou por se tornar um negócio com enormes lucros para a comunidade judaica do Porto”, afirmou o jornal.

O artigo veio no contexto do reconhecimento da comunidade do bilionário judeu nascido na Rússia Roman Abramovich – o principal proprietário da empresa de investimentos privados Millhouse LLC e proprietário do clube de futebol da Premier League inglesa Chelsea, que também possui cidadania israelense – como descendente de espanhóis exilados e judeus portugueses.

Por conta disso, o Ministério da Justiça de Portugal concedeu a cidadania a Abramovich em uma decisão que gerou amplas críticas. A polícia abriu uma investigação sobre o caso. A comunidade judaica e o ministério negaram qualquer irregularidade.

Em comunicado, a comunidade judaica do Porto “lamenta o discurso dos que, em Portugal, põem a tônica nos efeitos negativos na lei da nacionalidade, nos supostos lucros milionários das comunidades certificadoras e em tudo o que possa denegrir a lei, mesmo que baseados em denúncias anônimas, fontes anônimas, teorias da conspiração e os velhos mitos antissemitas do dinheiro e dos truques de maçonarias judaicas”.

No documento, a comunidade judaica do Porto defende que os emolumentos cobrados pelas comunidades certificadoras em Portugal- para além da CIP, esse processo está também autorizado à Comunidade Israelita de Lisboa (CIL)-“são os mesmos emolumentos cobrados quer pela Conservatória de Portugal, que ninguém acusa de lucros milionários, quer pelas comunidades certificadoras de todo o mundo nos casos de certificações com vista à migração dos certificandos para Israel”.

A comunidade judaica do Porto declara que as receitas das comunidades são usadas para promover a cultura e religião judaicas e a filantropia social e acrescenta que “sempre dispensou do pagamento de emolumentos todos quantos são parentes de membros da comunidade e quantos estão desempregados, ou são estudantes, ou não tenham condições financeiras, e outros motivos”.

O governo português aprovou a lei de cidadania em 2015 para permitir que os descendentes de famílias judias deportadas da Península Ibérica há cerca de 500 anos recebam a cidadania portuguesa.

Com informações Ytnews e Lusa.

Marcia Salomão

Publicitária, com formação em publicidade, propaganda, marketing e relações públicas, Atua nas áreas de produção editorial e assessoria de imprensa.