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Liga italiana de futebol proíbe número 88 nas camisas contra antissemitismo. Saiba o motivo.

A medida faz parte de um pacote de luta contra o antissemitismo no esporte assinado pelo governo italiano e Federação Italiana de Futebol (FIGC).

Nos grupos neonazistas, o número 88 é utilizado para dizer “Heil Hitler”. A letra “H” é a oitava letra do alfabeto.

Na carta assinada no final de junho, que enumera 13 pontos, o futebol italiano também prevê como poder paralisar um jogo em caso de “cânticos, atos e expressões antissemitas” nos estádios, além disso, é “proibido que os torcedores usem qualquer símbolo que possa evocar o nazismo e o antissemitismo”, a “responsabilizar os clubes pelo uso de linguagem discriminatória”.

Em março, depois do clássico entre Roma e Lazio, a presidente da comunidade judaica da capital italiana, Ruth Dureghello, denunciou comportamentos antissemitas de torcedores da Lazio.

Uma fotografia mostrava um homem nas arquibancadas usando uma camisa com o nome “Hitlerson” e o número 88. Dois dias depois do episódio, esse torcedor foi identificado e banido “para sempre” pela Lazio.

Em setembro do ano passado, também foram ouvidos cânticos antissemitas entre torcedores da Juventus e da Inter de Milão.

Ataques antissemitas têm sido comuns nos estádios italianos, com vaias e insultos a jogadores negros, o uso de “judeu” como xingamento e a exibição de símbolos fascistas e nazistas.

uffon usou o 88, foi acusado de nazismo e teve que se explicar

Alguns jogadores já utilizaram o número, como o goleiro Gianluigi Buffon, em sua primeira passagem pelo Parma e teve que se explicar.

A comunidade judaica cobrou o goleiro, o que fez o goleiro até mesmo ter que ir a público falar sobre o assunto.

No dia 8 de setembro de 2000, quando ainda defendia o Parma, Buffon, então com 22 anos, deu uma coletiva de imprensa para falar sobre o assunto. “Eu escolhi o 88 porque me lembra de quatro bolas e na Itália todos sabemos o que significa ter bolas: força e determinação. E nesta temporada, eu tenho que ter a bolas para voltar a ter o meu lugar na seleção italiana”, afirmou o goleiro.

“No começo, eu não escolhi o 88. Eu queria o 00, mas a liga me disse que era impossível.”

Buffon disse que o Holocausto “o deixava com nojo” e que esse rumor sobre a sua associação ao nazismo o magoou muito. Mais do que isso, ele se mostrou disposto a mudar. “Estou pronto para mudar de número se isso ajudar. Eu não sabia do significado escondido do 88”.

Naquela mesma temporada, o goleiro recebeu autorização para trocar o número 88 para 77.

Na foto,o goleiro Buffon em 2016. Doha Stadium Plus Qatar from Doha, Qatar, CC BY 2.0 , via Wikimedia Commons.

Marcia Salomão

Publicitária, com formação em publicidade, propaganda, marketing e relações públicas, Atua nas áreas de produção editorial e assessoria de imprensa.