Lojas Riachuelo não estão vendendo uniforme de prisioneiros judeus de campo de concentração
Denúncia estapafúrdia viralizou na Internet brasileira acusando as lojas Riachuelo de estarem vendo uma roupa “igual” a um uniforme de prisioneiro judeu de campos de concentração da Alemanha Nazista. A denúncia é ignorante.
Uma roupa listrada em BRANCO e um tom muito escuro e estranho de azul NÃO É IGUAL a outra roupa listrada de CINZA e um tom muito nítido de azul. Ponto pacífico.
A foto do uniforme publicada neste post é do Museu do Campo de Concentração de Auschwitz, então, que ninguém venha a dizer que está errada. A foto publicada no artigo original da denúncia é uma foto COLORIZADA e muito mal colorizada, pois pode-se ver as calças do uniforme de prisioneiros em azul e branco, enquanto a camisa está em marrom e branco, erro típico de colorizações automáticas.
Apesar das pessoas IMAGINAREM ser o uniforme da Segunda Guerra Mundial, azul e branco, por se referir aos judeus, este é um conceito errado. O uniforme foi adotado pelo regime nazista como padrão para todos os presidiários do Reich, em 1937, quatro anos antes do início do genocídio. Não é um uniforme criado para os judeus com as “cores dos judeus, azul e branco”.
Prefiro aliviar um pouco o lado de quem denunciou. Viu algo que lhe remeteu à memória e achou que era, quando não era. Hoje é tão fácil confirmar qualquer coisa de caráter histórico que chega ser bizarro o portal do G1 que “nunca publica fake news”, porque eles se autodefinem como os balizadores e editores da correção jornalística, publicar um fake grotesco destes na seção de economia.
Se dermos ouvidos e credibilidade a quem tem certeza de que azul e branco e é igual a cinza e branco, então os conceitos de realidade ficam abalados.
Pela verdade a roupa à venda é feia para caramba. Imagino se alguém comprou.
Opinião de José Roitberg – formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem (Autoridade Nacional Israelense sobre o Holocausto), de Jerusalém, jornalista e pesquisador.