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Minha viagem à Nigéria

Ninguém entra em país algum sem visto de entrada, salvo se existe um acordo bilateral entre o país de origem do cidadão e o país a ser visitado.

Me dirigi então, quando decidi que meu destino seria a Nigéria, ao consulado nigeriano no Rio de Janeiro. Enfrentei dificuldades. Não só as burocráticas mas também aquelas oriundas da demora em função da má vontade do agente diplomático que não tem vontade alguma de facilitar a vida de quem deseja visitar o país dele, na África, mais ainda, sem um motivo aparente e sendo branco.

A Sinagoga Mount Zion. Onitsha. Sudeste da Nigéria. Ronaldo Gomlevsky acompanhado do presidente da Sinagoga e mais cerca de duas dezenas de igbos-judeus nigerianos.

Apresentei passagem de ida e volta, convite para estar na casa de um nigeriano que se responsabilizou por minha estada no país, declaração de imposto de renda, contrato social da empresa Menorah e declaração sobre o propósito de minha viagem.

Leia mais em sobre judeus na Nigéria, aqui.

Tudo feito, me deram o visto, dois dias antes do meu embarque, após sucessivas investidas para saber o motivo de tanta demora, após bastante tempo, para apenas um carimbo no meu passaporte.

Enfim, cheguei ao aeroporto de Lagos onde reinava um clima estranho. Eu, o único branco na área, me senti como um negro brasileiro. Vítima de olhares e de atitudes questionadoras.

Meu anfitrião chegou atrasado. Fiquei tranquilo, pois encontrei um cidadão que me viu abafado e se ofereceu para me dar apoio. Usei o celular dele. O inglês falado na Nigéria é difícil de compreender. Kinsley Onyia que me recebeu no aeroporto me atendeu ao celular, me deu algumas instruções que entendi pela metade e, no final de umas duas horas consegui encontrá-lo e ir com ele até a casa onde me aguardava a família dele que me recepcionou como um membro da casa que chegava de longa viagem. Com muita alegria.

Bem, visitei o sudeste do país em busca de informações, fotografias e filmes.

À duras penas, consegui tudo o que queria. Por um bom par de semanas, fui de casa em casa, de sinagoga em sinagoga, de igbo em igbo e consegui compreender que Biafra foi uma guerra de separação empreendida e perdida pelos Igbo que são os judeus nigerianos.

Após esta derrota, recrudesceu a ideia de volta ao judaísmo que está se tornando uma forte inda na Nigéria, inclusive, interessando à imprensa e a TV israelenses que agora tem dois cidadãos jornalistas do Estado Judeu, presos, exatamente dentro da sinagoga onde fiz as minhas melhores tomadas cinematográficas com destaque para a dança dos igbo com a Torá passando de mão em mão, inclusive pelas minhas.

A viagem à Nigéria é perigosa. Diversas vezes fui incomodado, tanto pelo exército quanto por agentes alfandegários.

Minha educação de rua no Rio de Janeiro, me foi muito útil e consegui me safar são e salvo desta aventura que não estou disposto a repetir.

Espero que os israelenses voltem para casa, sem avarias e com o material desejado, conseguido.

Fora isso, amo todos os igbo e desejo a eles um feliz retorno ao judaísmo!

Ronaldo Gomlevsky

Ronaldo Gomlevsky é jornalista, advogado e empresário.