O Hamas foi expulso do Catar ou não foi?
As mídias sociais judaicas estamparam, em todo o mundo, que o Qatar tinha expulsado o Hamas de seu território. Quando a notícia viralizou, a discussão no Qatar já havia acontecido 15 dias antes. Citou pressões do governo Biden e insatisfação da própria família real Qatari.
Todo mundo preferiu acreditar. Mas, oficialmente não é bem isso que está acontecendo. Então vamos verificar.
O Qatar afirmou na semana passada ter dito ao Hamas e a Israel que iria suspender os esforços de mediação de um cessar-fogo em Gaza e de um acordo de libertação de reféns até que ambas as partes demonstrem seriedade no retomar das conversações. Doha afirmou ainda que as notícias veiculadas pelos meios de comunicação social de que teria dito ao Hamas para abandonar o país árabe do Golfo não eram corretas.
Em seguida um jornal da Arábia Saudita publicou que os cinco membros do comitê político do Hamas e assessores tinham ido para a Turquia.
Em Israel publicaram que o chefe do Shin Bet, Ronen Bar, viajou no fim de semana para a Turquia – onde um funcionário árabe disse ao ‘The Times of Israel’ que estão atualmente alojadas altas individualidades do Hamas – para conversações com Ibrahim Kalin, Diretor da Organização Nacional de Inteligência da Turquia, noticiou o site Walla. Mas a Turquia não rompeu relações diplomáticas com Israel dias atrás? Pois é.
Citando fontes envolvidas no assunto, o relatório diz que os dois discutiram os esforços para reiniciar as conversações sobre o cessar-fogo e os reféns em Gaza e a possibilidade de assistência turca.
Na segunda-feira 18/nov, os EUA advertem a Turquia contra o acolhimento de dirigentes do Hamas que abandonaram o Qatar. “Não acreditamos que os líderes de uma organização terrorista cruel devam viver confortavelmente em qualquer lugar”, especialmente numa grande cidade de um aliado dos EUA, diz o porta-voz do Departamento de Estado. Sempre lembre que a Turquia é membro da OTAN, portanto aliado militar dos EUA e Europa.
Também na segunda-feira, uma fonte diplomática turca rejeitou a informação de que o Hamas teria transferido o seu gabinete político para a Turquia, acrescentando que os membros do grupo terrorista palestino apenas visitam o país de vez em quando. “Os membros do gabinete político do Hamas visitam a Turquia de vez em quando. As afirmações que indicam que o gabinete político do Hamas se mudou para a Turquia não refletem a verdade”, disse a fonte diplomática turca.
Onde está a verdade? Só o Hamas sabe.
Quem está na Turquia? Da esquerda para a direita e de cima para baixo na foto.
Khaled Mashaal: Chefe do politburo no estrangeiro, é o mais conhecido e experiente dirigente vivo do Hamas, tendo liderado o politburo durante 22 anos, entre 1996 e 2017. Apesar das suas credenciais, não é apontado como um potencial futuro líder – o próprio Yahya Sinwar teria rejeitado a sua candidatura. Mashaal tem relações tensas com Teerã, que remontam ao momento em que se voltou contra o presidente sírio Bashar Assad, um aliado próximo do Irã, durante a guerra civil síria. Depois de o Hamas ter sido expulso da Síria, Mashaal tornou-se persona non grata também em Teerã, enquanto a maior parte do politburo do grupo se aproximava cada vez mais do regime iraniano. No início de outubro, encontrou-se com o presidente iraniano Masoud Pezeshkian em Doha, onde reside atualmente, o que indicia uma possível aproximação.
Zaher Jabarin: Responsável pelo Hamas na Cisjordânia desde janeiro, vive em Istambul e supervisiona o departamento financeiro do grupo terrorista. Acredita-se que Jabarin esteja por trás das tentativas de reavivar a estratégia do Hamas de atentados suicidas contra civis israelitas nos últimos meses. As autoridades de segurança israelenses indicaram que uma tentativa de atentado suicida em Telavive, em agosto, tinha sido supervisionada pelo Hamas na Turquia, o que sugere o envolvimento direto de Jabarin na conspiração.
Nizar Awadallah: é um político palestino membro do Gabinete Político do Hamas na Faixa de Gaza desde 2009. Foi detido e encarcerado durante seis anos (1989-1995) numa prisão israelense devido ao seu envolvimento num grupo armado chamado Mujahadin al-Filastayeen, traduzido como “Guerreiros Sagrados Palestinos”. Foi designado para liderar o movimento Hamas após a vitória do movimento nas eleições legislativas de 2006.
Khalil al-Hayya: Anteriormente adjunto de Sinwar, é atualmente o elo de ligação entre o Hamas em Gaza e no estrangeiro. Mudou-se de Gaza para o Qatar pouco antes do ataque de 7 de outubro e é visto como um provável candidato a líder da organização no futuro, principalmente devido à sua proximidade com o regime iraniano.
Muhammad Ismail Darwish: Darwish dirige o Conselho da Shura do Hamas, um órgão consultivo religioso composto por cerca de 50 clérigos. Darwish era uma figura desconhecida até que, em agosto, os meios de comunicação árabes afirmaram que ele iria suceder a Haniyeh na liderança do grupo terrorista, embora Sinwar tenha acabado por ser escolhido. Sabe-se muito pouco sobre ele, para além de que vive no Qatar.