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Os antissionistas estão fora dos limites da humanidade?

Não costumamos publicar artigos de outras mídias. Mas este é uma exceção. A Dra. Alexandria Fanjoy Silver, abordou a questão do antissionismo judaico de uma forma profunda e contundente. Entendemos que traduzindo para o português estamos ampliando o público para ela, até porque temos a situação do antissionismo e também antissemitismo puro, oriundo de judeus bobocas no Brasil. O artigo original é do The Times of Israel do dia 3/fev/2025 e pode ser lido neste link https://blogs.timesofisrael.com/are-anti-zionists-beyond-the-pale-of-peoplehood/ Recomendamos o Times of Israel.

Aqueles que negam o direito à existência do Estado de Israel rejeitam a conexão judaica com a terra, ignoram as realidades da história judaica.

Em 1918, rabinos em Odessa se reuniram para participar de uma das experiências judaicas mais incomuns: uma excomunhão. Eles decidiram que os judeus que participaram da Revolução Bolchevique cometeram um ato tão grave, tão contrário ao judaísmo, que precisavam ser removidos da comunidade da forma mais definitiva possível.

Se a validade dessa excomunhão ainda resiste ao teste do tempo (embora, considerando que muito da retórica antissionista se origina diretamente na URSS, eu argumentaria que sim), é preciso refletir se há um exemplo moderno de um “pecado ideológico” que colocaria alguém irrevogavelmente fora da comunidade judaica. E, para ser provocativa, quero oferecer uma opinião: talvez os judeus antissionistas tenham se colocado fora dos limites das opiniões judaicas aceitáveis.

Sara Hirschhorn recentemente disse que aqueles que não estão acompanhando a libertação dos reféns não estão participando de um imperativo judaico fundamental – com todas as implicações que isso traz. Embora seja uma afirmação forte, até para mim, entendo o impulso moral por trás dela: quer você consiga ou não “realmente” assistir às libertações, as pessoas que não se sentem ligadas por um destino comum àqueles mantidos em Gaza, que não sentem o alívio e a ansiedade de seu retorno como uma expressão do povo judeu, são aquelas que se colocaram fora até da expressão mais ampla do povo judeu.

Agora, para esclarecer, não estou falando de pessoas que são agnósticas em relação ao Estado de Israel ou que são profundamente críticas de suas políticas. Acredito que qualquer um que esteja disposto a participar da conversa e do debate sobre o papel de Israel na experiência judaica faz parte do povo judeu. Mas aqueles que não concordam que o Estado de Israel tem o direito de existir, ou para quem o Estado de Israel é visto inteiramente através das lentes do antissemitismo internalizado, eu argumentaria que estão agindo de forma tão grave quanto os Trotskys, Kamenevs e Zinovievs do passado.

Não é apenas porque discordo deles, e eu discordo, ou porque considero a opinião deles fundamentalmente imoral, o que eu considero, mas porque sua posição é tanto uma expressão de falta de conhecimento judaico quanto de falta de compromisso com o povo judeu. Me escute:

Eles não entendem as realidades da história judaica.

Pessoas que acreditam que o Estado de Israel não precisa existir fundamentalmente não conhecem as realidades da história judaica. Elas assumem que a calma relativa do período pós-1945 é o estado natural do povo judeu. Infelizmente, no mundo verdadeiramente pós-Holocausto que começou em 7 de outubro, nossas férias da história terminaram e entramos em uma nova era – ou, na verdade, uma que é simplesmente um retorno ao normal. A linha entre os destinos dos judeus da Diáspora e dos judeus israelenses acabou naquele dia, quando em cidades ao redor do mundo as pessoas celebraram a morte de nossos irmãos.

Terminou quando os ataques antissemitas dispararam, quando sinagogas e escolas judaicas foram atacadas.

Isso demonstrou algo fundamental: o antissemitismo explícito pode ter se tornado “inaceitável” após o Holocausto, mas esse período acabou.

E, para piorar, agora nos encontramos como alvos de três grupos extremistas: a extrema direita, a extrema esquerda e os islamistas. E para aqueles que argumentam, como muitos antissionistas, que o antissemitismo é resultado das ações do Estado Judeu, pergunto: qual era a fonte do antissemitismo antes de 1948, então?

Eles se colocam fora da conexão fundamental entre o judaísmo e o Estado de Israel.

Israel e o judaísmo estão inextricavelmente conectados, tanto historicamente quanto religiosamente. Pessach, Shavuot e Sucot comemoram momentos em que os judeus precisavam retornar a Jerusalém para fazer sacrifícios no Templo.

Chanucá é sobre o desespero judaico para permanecer em Jerusalém e na Judeia.

Yom Kipur era o único momento em que o Sumo Sacerdote podia entrar no Kodesh ha’Kodashim no Templo.

Tishá b’Av, um dia de luto, é pelo nosso templo e independência perdidos. Por 2000 anos, os judeus desejaram retornar a Israel e reconstruir o Templo; em Yom Kipur e em Pessach, gritamos “no próximo ano em Jerusalém” desde a Espanha do século 12, desde a Itália do século 15 e desde a Polônia do século 20.

Também não era apenas um impulso interno; no surgimento do nacionalismo na Europa dos séculos 19 e 20, os judeus eram vistos como estranhos a essas ambições, e os chamados para que “voltassem à Palestina” proliferaram pelo continente. Ignorar esses fatos em favor de alegações de colonialismo e “diasporismo” é intelectualmente desonesto.

Eles buscam segurança de fora, não de dentro.

O que quer que você sinta sobre o Estado de Israel e seu governo atual, há uma realidade fundamental: a existência de Israel é uma rejeição de dois mil anos de apatridia e impotência, uma rejeição da incapacidade de nos protegermos. Aqueles antissionistas que proliferam em campi universitários, que acusam de genocídio e colonialismo, estão se alinhando com aqueles fora da comunidade judaica, particularmente na sensação de que a segurança pode ser encontrada na aceitação externa.

O problema é que eles também ignoram a história. Tomemos Varsóvia no período entre guerras, por exemplo. Os BUNDistas, ou socialistas judeus, (NT: bund significa união ou federação, no caso era a União Geral Trabalhista Judaica da Polônia) acreditavam que a proteção viria principalmente da negação da soberania judaica e da conexão com os socialistas poloneses. Eles trabalharam duro para construir conexões com trabalhadores não judeus, acreditando que esse era o caminho para reduzir o antissemitismo e ganhar aceitação. Mas quando os BUNDistas se viram do outro lado do muro do gueto, os relacionamentos que tanto buscaram criar quase não valeram de nada; a lealdade que pensaram ter incutido se desintegrou no minuto em que se tornou difícil ou inconveniente para seus antigos aliados. Aqueles que acreditam que rejeitar o universo de obrigação judaico em favor de não judeus não entendem algo fundamental: quando as mesas viram, quase nunca estamos no universo de obrigação de ninguém, não importa o quanto tentemos incluir outros no nosso.

Eles representam a natureza insidiosa do antissemitismo internalizado.

Por último, mas não menos importante, o antissionismo judaico é uma manifestação fundamental do antissemitismo internalizado.

Isso não quer dizer que aqueles que são profundamente críticos do Estado de Israel sejam antissemitas internalizados – admito que tenho uma desconfiança e desgosto generalizado pelo governo atual, o que às vezes me causa problemas. Estou me referindo às pessoas que protestam contra a existência do Estado de Israel, que argumentam – sem dados – que ele é um estado genocida, que enquadram o retorno judeu como colonialismo, que argumentam que os judeus são “nacionalistas brancos” e que o sionismo é racismo (aparentemente fundamentalmente diferente de todos os outros movimentos nacionalistas).

Antissemitismo e antissionismo são a mesma coisa quando se manifestam de três maneiras: deslegitimação, demonização e a aplicação de padrões duplos. Se eles também deslegitimam, demonizam e ignoram esses padrões duplos, então se colocaram na posição de antissemitas.

Entendo que isso é provocativo, mas vale a pena considerar. Os antissionistas radicais estão agindo de maneiras fundamentalmente antijudaicas, assim como os líderes bolcheviques ou, mais recentemente, os “Judeus por Jesus” nos campi, que também foram firmemente colocados do lado de fora? As semelhanças entre esses dois grupos são que estão ligados a movimentos profundamente opostos aos fundamentos do judaísmo. O antissionismo não é o mesmo?

Então, mantendo em mente o conceito de “dois judeus, três opiniões”, vamos lá. O que você acha?

A Dra. Alexandria Fanjoy Silver possui um B.A. da Queen’s University, um M.A. da Brandeis e um PhD da Universidade de Toronto (todos em história e educação). Ela mora em Toronto com o marido e três filhos e trabalha como professora de história judaica. Ela escreve sobre a história da comida judaica no Substack @bitesizedhistory e fala sobre a história de Israel no Instagram @historywithAFS.

Na imagem, um print de tela da página inicial do Jewish Voice For Peace, onde eles se gabam de terem ocupado a Central Station no Nova Iorque e tem a mensagem “Aqui é seu lugar”, venha… Fizeram várias ocupações nos EUA depois de 7 de outubro e tiveram mai de 3.500 ativistas presos por desobediência a ordem de sair dos locais públicos ocupados. Em nenhuma ocupação JVP pediu a libertação dos reféns. Em nenhuma ocupação JVP pediu para o hamas ou o Hezbollah ou os Houtis ou o Iêmen cessarem seus ataques. Em nenhuma ocupação JVP pediu pediu para os palestinos reuniarem ao terrorismo. Em nenhuma ocupação JVP pediu para os palestinos aceitarem a Solução dos Dois Estados. As únicas coisas que pedem é que Israel pare de atacar e se retire totalmente, que os EUA, as empresas norte-americanas e as universidades, rompam todos os contatos e acordos com Israel pois aí sim a paz existiria. Primeiro sem Israel, depois sem os judeus de esquerda que apoiam a destruição de Israel, ignoraram os inimigos de Israel e aplaudem terroristas que matam judeus.

Opinião de Menorah, por José Roitberg – Uma das questões principais na América do Norte é a fortíssima presença de judeus antissionistas. Historicamente eles existem desde que o sionismo de Herzl existe. Os motivos são simples. A proposta de Theodor Herzl, numa Europa Imperial onde os judeus não tinham cidadania plena, exigia um País Dos Judeus “Judensttat” (Juden é judeus no plural e não pode ser traduzido como Estado Judeu) onde os judeus iriam ter cidadania plena.

Ocorre que Herzl não sabia, e não sabia mesmo, que nos EUA, na data do Primeiro Congresso Sionista Mundial já existiam cerca de 750.000 do leste europeu imigrados e com cidadania plena. Não consta que nos congressos sionistas tenha se discutido a liberdade que os judeus europeus encontravam nos EUA. Portanto, a mensagem sionista inicial de que os judeus do leste europeu recém imigrados para os EUA onde tinham liberdade total e cidadania plena, para o Canadá, México, Argentina, Brasil e Chile, deveriam imigrar novamente para um local no Império Turco-Otomano e lá construir um país para serem livres, vista desta forma simplista e simplificada, era uma asneira!

Portanto, a mensagem sionista nunca penetrou à sociedade judaica norte-americana, que até poucos anos atrás tinha uma população judaica maior que a população judaica de Israel. A formação do status quo judaico nos EUA é antissionista raiz.

A Reforma Alemã (reformismo judaico) que se radicou de forma impressionante nos EUA era antissionista original pois pregava o patriotismo e nacionalismo, lutava para que na Alemanha os judeus do século 19 pudessem ser cidadãos plenos. O Primeiro Congresso Sionista teve como local de marcação, Munique, mas os rabinos reformistas impediram a realização e isso obrigou Theodor Herzl e Max Nordau, a mudarem o evento para Basileia, na Suíça. Resumindo, e ampliando o que a professora explicou, a Reforma Alemã pregava a integração dos judeus na sociedade, o que conseguiu e em seguida foram trucidados.

É um erro imaginar que o número divulgado pela ADL da B’nai Brith nos EUA de que em pouco pais de 6 milhões de judeus lá, cerca de 660.000 são antissionistas raízes envolvidos com Jewish Voice For Peace (Voz Judaica pela Paz) e IfNotNow (SeNãoAgora “quando”) para os quais a existência de Israel é algo que lhes incomoda pois são questionados por amigos, vizinhos, companheiros de trabalho, principalmente da academia universitária de como podem compactuar com as ações de Israel, é de pessoas que “estão” antissemitas e antissionistas devido à guerra. Sempre foram. Estamos falando aqui de um número de judeus equivalente a seis vezes a população judaica brasileira. É muita gente.

A resposta deste tipo de judeu não-judeu (termo antigo que deveria voltar a ser utilizado), a quem lhes questiona sobre Israel é simples: eu não tenho nada a ver com Israel, eles são imperialistas, racistas, nazistas e genocidas, e eu sou humanista pois os humanistas devem odiar Israel e odiar os judeus que vivem lá.

Este artigo da professora Silver, encaixa como um consolo na abundância do pensamento dos judeus não-judeus no Brasil. Quando um dos ícones deles é atacado na Universidade Federal do Sergipe e fica batendo boca com o marxistinha sergipano aos gritos de “eu disse que eram genocidas”, percebendo que isso não limpava sua ausência de prepúcio e seu sobrenome, eles deviam ter percebido.

Quando uma revista marxista, que tem ou tinha 3 ou 4 judeus entre seu quadro editorial e publica que não existem sionistas socialistas e que todos os sionistas são nazistas, eles e todo o ramo sionista judeu deveria ter enetendido.

E neste momento quando o desqualificado mór da matilha, o macho zeta, exige que o governo brasileiro investigue as escolas judaicas porque elas fazem lavagem cerebral nas crianças judias, pois na visão dele, apenas alguém que sofreu lavagem cerebral perversa pode gostar de Israel, vem a professora falar da excomunhão dos bolsheviques em 1918. Porque tem muita gente pedindo a excomunhão deste ou daquele bobocão brasileiro e os nossos rabinos, dizem, temem fazer.

Seria a excomunhão uma forma de defesa da comunidade judaica? Vou deixar claro que não, por uma simples questão: o boboca zeta é filho de pai judeu e mãe não judia, portanto nenhum ramo da ortodoxia sequer o considera judeu. E como isso não impede o sujeito de afirmar ser judeu, caso fosse excomungado continuaria afirmando exatamente a mesma coisa, pois isso lhe rende frutos. Ser aclamado nos becos dele como um judeu corajoso que fala a verdade sobre os outros judeus e Israel não tem preço. Deve ser adorável. Jamais ouvi falar da reforma ou do liberalismo judaico que podem aceitar que filho só de pai judeu é judeu, tenha excomungado alguém. Portanto isso não vai acontecer.

Existe uma grande diferença entre um judeu não gostar de Israel, não gostar do sionismo, não gostar dos outros e de um judeu militar e atacar os outros judeus dos quais ele não gosta, pretender criminalizar o sionismo, e ser ativista para a destruição do Estado Judeu. A primeira parte é aceitável, a segunda parte deveria ser inadmissível, mais ainda não é.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.