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Paquistão diz que guerra com a Índia é inevitável

A invasão militar indiana é inevitável, declarou o Ministro da Defesa do Paquistão no canal de TV SAMAA. O ministro afirmou ainda que o Paquistão usará armas nucleares se houver uma ameaça real à existência do Estado.

Desde a Partilha do Subcontinente Indiano, posse do Império Britânico, em 1946, criando os atuais países Índia, Paquistão (então Paquistão Ocidental) e Bangladesh (então Paquistão Oriental), Índia e Paquistão já foram à guerra por três vezes. Todas as guerras grandes, que não levaram a qualquer perda de território para ambos os lados. Os dois países possuem arsenais nucleares e capacidade de lançar tais armas por mísseis balísticos de curto, médio e longo alcance (inclusive disparados por navios), por aviões com bombas guiadas e não guiadas, e artilharia convencional. Até hoje, o fator de deterrence (de intimidação nuclear) funcionou e nenhuma outra guerra aconteceu, apesar de dezenas de escaramuças e mortes de soldados nas fronteiras.

O Ministro da Defesa do Paquistão, disse ainda que em 2 a 4 dias, uma guerra entre a Índia e o Paquistão pode começar. As mídias sociais da região estão cheias de vídeos de grandes movimentações de tropas por ambos os lados, em direção à fronteira. Parece que os dois países estão dispostos a uma guerra convencional, por… absolutamente algo que não deveria estar acontecendo.

A Partilha de 1946 visava separar as populações muçulmanas, das outras, pois o Império Britânico tinha a certeza de que a convivência, no futuro, seria impossível. E tinha razão. Mas manteve a Keshemira, onde está a nascente do rio Indo, em poder da Índia, enquanto a água potável é absolutamente necessária ao Paquistão. No início dos anos sessenta, a Índia construiu uma represa hidrelétrica e canais para controlar e disponibilizar melhor a água, tendo assinado um acordo de fornecimento com o Paquistão, que nunca sofreu abalos por mais de meio século.

Após um ataque terrorista numa área turística idílica na Caxemira, onde mais de 30 indianos foram mortos a tiros num parque, perpetrado, não pelo Paquistão, mas por um dos grupos jihadistas fundamentalistas muçulmanos que existem no Paquistão, o governo indiano fechou a torneira de água potável para o Paquistão, que já havia declarado que, caso isso acontecesse, seria o equivalente a uma declaração de guerra.

No mapa, pode-se entender que todo o sistema hídrico do Paquistão, nasce na Caxemira, controlada pela Índia. Antigamente se falava da Índia com os grandes rios, Indo e Ganges, só que a parte da Índia, no entorno do rio Indo, é o Paquistão, desde 1946.

O Paquistão está em risco existencial de fato, privado de sua mais importante fonte de água, e a ameaça do ministro de usar armas atômicas se houver risco existencial, em nossa opinião, já está comprometida. Há décadas se espera por uma guerra nuclear entre os dois países e ela nunca esteve tão perto de acontecer.

Em geral, a Índia tem um exército mais moderno do que o Paquistão.

Veja por quê:

  • Orçamento de defesa: A Índia gasta de 5 a 6 vezes mais em defesa do que o Paquistão. Em 2024, o orçamento de defesa da Índia é de cerca de US$ 75 bilhões, enquanto o do Paquistão é de cerca de US$ 10-11 bilhões.
  • Equipamento militar: A Índia está modernizando ativamente suas forças, comprando equipamentos avançados como os caças franceses Rafale, a aeronave americana P-8 Poseidon, porta-aviões e expandindo suas forças de mísseis e sistemas de defesa aérea. O Paquistão depende principalmente de equipamentos chineses (como o caça JF-17) e de sistemas americanos mais antigos.
  • Marinha: A Índia tem uma das maiores marinhas da Ásia, operando porta-aviões e submarinos nucleares. A marinha do Paquistão é muito menor e menos avançada.
  • Armas nucleares: Ambos os países têm armas nucleares, mas a Índia tem um sistema de lançamento mais desenvolvido e diversificado, incluindo mísseis balísticos de longo alcance.
  • Produção interna: A Índia produz grande parte de seu próprio equipamento militar, incluindo tanques (Arjun), jatos de combate (Tejas) e navios de guerra. O Paquistão importa ou monta equipamentos principalmente de fornecedores estrangeiros, especialmente da China.

No Índice de Poder de Fogo Global, um sistema de estudos militares, por vezes criticado, a Índia está na posição 4, apenas atrás de EUA, Rússia e China. Já o Paquistão está na posição 12, diretamente atrás do Brasil. Como assim? O Brasil é o número 11 no mundo? Como dissemos, estes estudos não se limitam às armas e ao número de soldados que um país tem. Outras considerações são o número de reservistas mobilizáveis, o número de pessoas em idade militar a serem recrutadas em caso de guerra e principalmente a independência da matriz energética elétrica e do petróleo. Esses últimos dois colocam o Brasil numa posição privilegiada, que nem a China nem a Índia têm, mas o que alavanca o Brasil tabela acima é sua imensa capacidade agrícola, capaz de abastecer-se sem depender de outros países em caso de guerra. Quanto às armas, o Brasil está muito atrás.

ÍndiaPaquistão
Aeronaves Total2.2291.399
Caças513328
Ataque ao solo13090
Helicópteros899373
Helicópteros de ataque8057
Tanques de Guerra4.2012.627
Veículos militares148.59417.516
Veículos lançadores de mísseis264600
Artilaria4.0753.921
Soldados na ativa1.455.550654.000
Soldados na reserva1.155.000550.000
Mobilizáveis por ano23.562.0004.734.000
Marinha Mercante – portos – rios navegáveis1.859 – 56 – 14.500 km60 – 3 – zero km
Aeroportos311116

Números não ganham guerras.

Por José Roitberg – jornalista e pesquisador

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.