Por que a Arábia Saudita quer um programa nuclear?
Entendendo por que a Arábia Saudita quer um programa de geração de eletricidade com base nuclear.
Um artigo publicado em Israel explica facilmente esta questão. 68% da geração de eletricidade é por queima de gás natural e os restantes 32% por queima de petróleo cru.
Segundo o artigo, no mês mais quente, junho, estes 32% representam a queima de 1,4 milhões de barris de petróleo POR DIA. Isso corresponde a entre 8 e 10% da produção diária de petróleo lá. Ao preço internacional de hoje, seriam 125 milhões de dólares por dia, que poderiam estar sendo exportados. Numa conta muito mal feita, está se falando de mais de 40 bilhões de dólares por ano que poderiam ser exportados, mas são queimados.
O leitor pode achar que o número é exagerado e irreal. Mas consultamos um especialista brasileiro da área de petróleo e gás, pois também tínhamos dúvidas. Ele disse que essa queima está num volume realista, mas que não sabia que a Arábia Saudita gerava eletricidade, também queimando óleo cru. Segundo ele, o Catar é o maior produtor de gás da região e o país, todos os emirados e Oman, teriam sua geração elétrica 100% a gás. Acrescentou que o petróleo no Brasil tem um custo de 19 a 20 dólares por barril, enquanto o da Arábia Saudita é extraído facilmente, a pouquíssima profundidade e custa apenas 1,30 dólares por barril.
Assim, a conta que Bin Salman está visualizando é deixar de queimar 1,6 milhões de dólares por dia para gerar eletricidade e exportar 125 milhões de dólares. Nem precisa explicar mais nada.
Portanto, a substituição destes 32% por geração nuclear com turbinas de vapor é economicamente muito viável e desejável para o governo saudita. Na internet, os números de percentual de geração elétrica saudita variam muito, chegando a 40% de queima de óleo, mas também cerca de 1,5% de geração solar. Não fomos capazes de encontrar dados iguais aos do artigo original em cinco fontes pesquisadas.
A reserva de petróleo saudita conhecida é de 260 bilhões de barris. No ritmo de extração atual de 12 milhões de barris/dia, existiriam ainda 21.667 dias de produção, ou seja, 60 anos. E ainda nos lembramos dos cientistas em alarme, nos anos oitenta, afirmando que o petróleo iria acabar no ano 2000.
Durante o primeiro dia da visita oficial de Donald Trump, não foi anunciado um acordo nuclear com a Arábia Saudita.
por José Roitberg – jornalista e pesquisador
Imagem: ilustrativa, instalação petrolífera saudita, foto de Nicolas Plaveti.