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Reino Unido impõe sanções a dois ministros israelenses por falas extremistas sobre a guerra em Gaza

O clima internacional em torno da guerra em Gaza acabou de esquentar ainda mais. Nesta terça-feira, o Reino Unido, em conjunto com Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Noruega, anunciou um duro pacote de sanções contra dois ministros do governo israelense: Itamar Ben‑Gvir, ministro da Segurança Nacional, e Bezalel Smotrich, ministro das Finanças. As sanções envolvem congelamento de bens e veto de viagens a esses países.

Por que essa medida?

O ministro britânico das Relações Exteriores, David Lammy, justificou a decisão afirmando que os dois “incitaram à violência extremista e a graves abusos dos direitos humanos dos palestinos”. Smotrich chegou a declarar que “Gaza será totalmente destruída” e se opôs à entrada de ajuda humanitária no território, enquanto Ben‑Gvir defendeu publicamente a reimplantação de colonatos em Gaza e na Cisjordânia.

Essas falas, segundo o Reino Unido e outros aliados, incitam ao ódio e ameaçam a perspectiva de uma solução de dois Estados – considerada essencial para a paz na região (como nas notícias oficiais).

É óbvio que os mesmos governos não entendem que a conclamação do genocídio dos judeus na Carta do Hamas de 1988 seja discurso de ódio. Não consideram que “Palestina Livre do Rio ao Mar”, seja ameaça à Solução dos Dois Estados, e implique na eliminação de Israel. Preferem não entender que a eliminação de Israel e seus judeus seja limpeza étnica e genocídio. Contra os judeus, qualquer fala é permitida, “resistente”, humanista e progressista. Contra os palestinos, qualquer fala semelhante é incitação ao ódio.

Os governos de esquerda e ditos humanistas simplesmente se recusam a ver que os discursos palestinos, desde a criação da OLP em 1964 QUATRO ANOS ANTES DA GUERRA DOS SEIS DIAS, quando a Cisjordânia fazia parte do território da Jordânia e a Faixa de Gaza pertencia ao Egito, sempre foi a destruição de Israel e a remoção total dos judeus, como foi praticada nos diversos países árabes. Em alguns, a remoção não foi total. Remover judeus é agenda humanista. Remover palestinos é limpeza étnica.

Os países se recusam a ver que todos os emblemas dos grupos palestinos trazem o Estado Único da Palestina, em todo o mapa. Nunca existiu a Solução dos Dois Estados, pelo lado palestino. Eles escrevem isto nos seus documentos de constituição, usam em suas bandeiras e símbolos militares e ninguém vê ou lê.

As restrições na prática

Congelamento de bens dos dois ministros em jurisdições que cooperaram na ação.

Proibição de entrada no Reino Unido e nos demais países signatários.

A expectativa é de que outros aliados europeus adotem medidas similares.

A reação de Israel

O governo israelense reagiu de forma enérgica. O ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, qualificou a ação como “inaceitável” e anunciou reunião do Conselho de Ministros para discutir uma resposta. Smotrich, por sua vez, ressaltou em discurso que “o Reino Unido já tentou impedir nossa colonização… e não deixaremos que isso aconteça novamente”.

Contexto internacional

Essa é uma movimentação inédita entre parceiros historicamente alinhados com Israel, e ocorre em meio a pressões globais sobre a ofensiva em Gaza.

Além disso, é a primeira vez que ministros de tão alto escalão enfrentam sanções pessoais acusados de “retórica extremista”, o que analistas consideram um marco na responsabilização internacional.

Por que isso importa?


Além de punir falas que inflamam ainda mais o conflito, essas sanções podem dificultar o acesso financeiro e diplomático de figuras políticas extremistas — e sinalizam a disposição de países aliados de agir quando há discurso violento, mesmo que Israel seja tradicionalmente visto como parceiro.

O que vem pela frente?

A adesão de outros países será decisiva para ampliar o impacto das sanções. Já do lado de Israel, uma resposta diplomática ou retaliações econômicas internas podem estar em curso. E, claro, esse episódio evidencia que a crise em Gaza está no foco das maiores potências mundiais — com consequências reais no tabuleiro geopolítico. A crise no Sudão e o apartheid das mulheres no Afeganistão Talibã não importam a ninguém.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.