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Saiba por que o míssil Burkan do Hezbollah é bem sucedido

O primeiro ataque registrado com o míssil Burkan (Vulcão), contra Israel, a partir do Líbano foi no dia 20 de novembro de 2023. De lá para cá foram ao menos 30 lançamentos. Quase todos atingindo áreas abertas.

Dias atrás, um deles acertou em cheio uma base do exército de Israel em Kyriat Shemona e causou grande destruição (abaixo), mas ninguém foi ferido.

O mais importante é não confundir esta arma manufaturada pelo Hezbollah, com a série de mísseis balísticos de mesmo nome fabricada pelo Irã. Os modelos iranianos tem mais de 1.500 km de alcance e são os utilizados pelos Houtis para tentar atingir Eilat.

O míssil balístico tem trajetória muito alta e as interceptações são realizadas pelo sistem Arrow israelense.

Já o Burkan do Hezbollah é um míssil de trajetória muito baixa e com alcance muito curto: apenas 10 km. Kyriat Shemona está a 3 km da linha de fronteira com o Líbano. É um míssil sem qualquer tipo de precisão e o impacto na base do IDF foi um “tiro de sorte”. Mas a ogiva normal é de 100 kg de explosivo. Na foto, dá para verificar exatamente o tamanho do artefato.

Aliás a foto foi divulgada pelo Hezbollah, no Telegram, no dia 10 de outubro de 2023, três dias após o ataque do Hamas à Israel e dois dias depois do Hezbollah declarar guerra à Israel, FATO que o Itamaraty e a presidência brasileira decidiram ignorar, colocando Israel como agressor do Hezbollah.

Dizem os analistas militares que existem outros modelos, todos denominados Burkan, maiores, com ogiva de 200 kg e de 500 kg, meia tonelada de explosivos o que pode causar danos muito extensos. Para comparação, a ogiva do drone iraniano Shaeed é de 50 kg apenas.

O sucesso deste míssil desajeitado, sem aerodinâmica é simples: ele voa baixo demais para o Domo de Ferro interceptar. No momento, este míssil artesanal é capaz de vencer o sistema de defesa de Israel. É um caso bizarro onde a baixíssima tecnologia vence a altíssima tecnologia.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.