Se eu me esquecer de ti, oh Jerusalém!
Ao pôr do sol desta quinta-feira (18) e até o anoitecer de sexta-feira (19), comemora-se em Israel, o Dia de Jerusalém (em hebraico Yom Yerushalayim) que celebra a data em que a cidade sagrada foi reunida sob controle israelense em junho de 1967. O dia é marcado por cerimônias oficiais de Estado, serviços religiosos em memória dos soldados que tombaram em batalha na defesa da cidade, desfiles militares, e a recitação de bênçãos especiais nas sinagogas. Há também festividades populares, com espetáculos de música e de dança.
Palco de acontecimentos históricos, contados pelas três principais religiões monoteístas – judaísmo, cristianismo e islamismo – Jerusalém também é cenário de intermináveis conflitos entre israelenses e palestinos, devido à sua importância religiosa e política. Localizada nas montanhas da Judéia, entre o mar Mediterrâneo e o mar Morto, a Cidade Santa, apesar de ser governada inteiramente pelos israelenses, está dividida em duas áreas: a Jerusalém Ocidental, onde vivem os israelenses judeus, e a Jerusalém Oriental, ocupado pelos árabes muçulmanos e cristãos. A parte oriental é reivindicada pela Autoridade Nacional Palestina para abrigar a capital do futuro estado palestino.
É nesta porção oriental onde encontra-se a Cidade Velha de Jerusalém e lugares sagrados para as três religiões monoteístas, como o Monte do Templo, o Muro das Lamentações e a Mesquita de Al-Aqsa. A luta pela soberania do território é o principal entrave ao processo de paz no Oriente Médio. Com o estabelecimento do Estado de Israel, em 1948, Jerusalém tornou-se sua capital.
A história desta cidade, tão conhecida por sua significância religiosa e por sua polêmica divisão, acompanhou a história do povo hebreu e é marcada por diversas invasões, destruições e reconstruções, bem como o êxodo e o retorno do povo judeu. Habitada inicialmente pelos jebuseus, Jerusalém foi conquistada pelo rei Davi, que nela fixou residência, unificou as 12 tribos dos hebreus e concentrou o poder em suas mãos. Davi levou para a cidade a Arca da Aliança, isto é, as tábuas dos Dez Mandamentos e outros objetos sagrados, que servia como veículo de comunicação entre Deus e seu povo escolhido. Ele foi sucedido pelo filho Salomão, que construiu o Templo Sagrado no Monte Moriá. O Templo de Salmão, conhecido também como Primeiro Templo, abrigou a Arca da Aliança.
Após a morte de Salomão, uma guerra civil estourou no Estado de Israel, dividindo Jerusalém em reino do sul, Judá, e reino de Israel (áreas do norte). Era apenas o começo de uma série de lutas pela região. Assírios e, em seguida, babilônios do rei Nabucodonosor conquistaram Judá, exilando a população para a Babilônia. A região foi dominada pelos persas, que autorizaram o retorno dos antigos habitantes de Judá. O Primeiro Templo, totalmente destruído durante a ocupação, deu lugar ao Segundo Templo. Em seguida, Alexandre Magno, o Grande, entrou em Jerusalém e aniquilou a hegemonia persa. A Cidade Santa também foi alvo dos romanos e passou a ser capital do reino de Herodes, vinculado ao Império Romano. A inflexibilidade de alguns governadores romanos deu lugar a um conflito que provocou a morte a muitos romanos. Sem alternativas diante do impasse, Tito, filho do imperador Vespasiano, destruiu Jerusalém. Na ocasião, o Segundo Templo de Salomão foi incendiado e o pouco que restou dele é conhecido hoje como o Muro das Lamentações.
Após passar por um período islâmico, ser conquistada pelas cruzadas cristãs e ser tomadas por egípcios, mamelucos e turcos, Jerusalém ficou sob domínio britânico. Há 66 anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) dividiu o território entre árabes e judeus. Jerusalém deveria ser administrada pela comunidade internacional, no entanto, com a guerra entre árabes o novo Estado de Israel, israelenses tomaram a área ocidental de Jerusalém, enquanto jordanianos ocuparam a zona oriental. A soberania sobre os territórios conquistados foi reconhecida por meio de armistício assinado entre Israel e Jordânia. Mas, durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, israelenses dominaram a parte jordaniana e comandaram a reunificação.
Conhecido pelos muçulmanos como Esplanada das Mesquitas, o território onde se situam o Domo da Rocha (Mesquita de Omar), a Mesquita de Al-Qsa e o Muro das Lamentações é, para eles, o local mais sagrado depois de Meca e Medina. Foi de uma pedra que está dentro do Domo da Rocha que, segundo os muçulmanos, o profeta Maomé subiu aos céus acompanhado pelo Arcanjo Gabriel. Os judeus chamam esta área de Monte do Templo e acreditam que nela foi erguido o Primeiro Templo de Salomão. Também afirmam que é nesta região que chegará o Messias. O Novo Testamento da bíblia cristã relata ensinamentos e milagres de Jesus no território sagrado.
Além de capital de Israel, Jerusalém é a maior e mais populosa cidade do país. De acordo com um estudo que foi apresentado ao presidente israelense Reuven Rivlin, nesta semana, por pesquisadores do Jerusalem Institute for Policy Research(Instituto Jerusalém de Políticas de Pesquisa), Jerusalém continua a ser a maior cidade de Israel, com 919.400 habitantes, o dobro de Tel Aviv e o triplo de Haifa. Jerusalém também tem a maior população árabe de Israel (349.600 residentes). A cidade é composta por 37% de judeus não-haredim e outros, 25% de haredim (ultraordoxos) e 38% de árabes. Jerusalém continua a ser o segundo maior centro financeiro de Israel.
Imagem: O Domo da Rocha, sobre o Monte do Templo, local ocupado pelo islã desde o ano 1280 e que abriga a rocha onde Abraão iria sacrificar seu filho Isaac, portanto o local exato onde foi realizado o Pacto pelo Monoteísmo entre Deus e os seres humanos, é o topo do Monte Moriá, em foto de Ronaldo Gomlevsky para a revista Menorah.