Suíços querem proibir símbolos nazistas no país
Na Suíça, quem faz uso de símbolos nazistas em público, como a saudação de Hitler, nem sempre é punido. Agora vários grupos estão se manifestando no Parlamento e no Conselho dos Suíços no Exterior para exigir tolerância zero. Após alguma hesitação, o governo está analisando a reinvindicação.
Durante uma manifestação contra as medidas de prevenção ao coronavírus em setembro de 2021, um manifestante levantou o braço para fazer a saudação nazista no coração do centro histórico de Berna. Como resultado, ele recebeu um despacho do Ministério Público por conduta imprópria. O homem apelou e ganhou o caso. O tribunal regional considerou que não havia base legal para condená-lo…
MEMORIAL OFICIAL SOBRE O HOLOCAUSTO
Até hoje a Suíça não possui um memorial oficial, apesar de contar com 54 esculturas e memorais produzidas e instaladas de forma privada com autorização das municipalidades. Além delas, existem instaladas 13 pedras de tropeço, colocadas defronte as casas de 13 judeus suíços assassinados pelos nazistas. Fazem parte de milhares de placas semelhantes e totalmente identificadas colocadas por toda a Europa desde o ano de 2013.
A questão do memorial oficial se arrasta no parlamento há 20 anos. Nos últimos 15 dias parece ter sido criada uma maioria para finalmente produzir o monumento. Não há posição partidária definida e eleitos por todos os partidos são a favor e também contra.
As opiniões contrárias chegam a ser absurdas e precisamos lembrar que Suíça é o país onde foi criado o primeiro gueto judaico do mundo, denominado “Cancel” (Cancela), criado em Genebra em 1428, portanto, 88 anos antes do Gueto de Veneza. Mas os suíços se saíram muito bem para não ficar com esta pecha, e os italianos mantém o orgulho de serem reconhecidos pelo Gueto de Veneza, insistindo tendo ele sido o primeiro. Os suíços, diplomaticamente denominam de “primeiro bairro judaico fechado do mundo”, deixando o termo “gueto”, a margem da história. E também que a Suíça, como nação, preserva seu passado judaico podendo-se encontrar lá construções judaicas, túmulos e artes internas de paredes de casas de judeus, até mesmo do rabino de Genebra da Idade Média.
Por outro lado, o abate kosher é proibido lá desde o meados do século 19. Portanto, há ações favoráveis aos judeus e contrárias aos judeus. Sempre atentando para que a proibição do abate ritual abrange o abate kosher judaico e também o abate hallal muçulmano, que são iguais, e geralmente feitos na mesma instalação.
Dizem os deputados contrários ao Memorial do Holocausto na Suíça que o tema é complexo demais e não pode ser tratado por uma escultura, precisando ficar restrito ao ambiente histórico e ensino escolar. O argumento de que em dezenas de outros países os memoriais existem, é considerado irrelevante.
Outra ala contrária é que impede até os dias de hoje que sequer se saiba quanto dinheiro roubado dos judeus pelos nazistas se encontra depositado nos bancos suíços e a quem beneficiam estes fundos e ouro. Ou seja, quem os usa e lucra com eles: os bancos? Certamente sim.
Ainda a ala contrária afirma que em 1989, a Suíça foi o primeiro país de Europa a passar a comemorar anualmente a mobilização geral do exército, em 1939, no início da Segunda Guerra Mundial, determinando que seus militares foram todos heróis naquele conflito. Sem combater, é claro.
A imagem deste post é um cartum de 1989 publicado em comemoração e crítica à mobilização geral militar suíça de 39. Um soldado desesperado, sem saber o que fazer, num posto de fronteira, diante de uma massa fantasmas de judeus vindos da Alemanha. O texto diz: “Podemos entrar desta vez? Para a comemoração dos 50 anos de mobilização das forças armadas? Algum consolo para o momento, já que poderíamos realmente ficar sem ar.”
Hoje existem cerca de 21.000 judeus na Suíça, um terço deles vivendo em Zurique.
Com informações de Swissinfo.