“TENHO UM FOGO E UM BICHO DENTRO DO MEU CORAÇÃO”

A frase acima foi pronunciada por Filipa Rodrigues, após ter sido presa e torturada pela Inquisição portuguesa, ao fim do século XVI. Filipa Rodrigues sob violência extrema nas mãos dos inquisidores, denunciou o marido Gaspar Rodrigues, ela e ele, cristãos-novos. A frase título deste texto pode ser lida na penúltima frase da página 44 do livro Arrancados da Terra, escrito pelo premiado Lira Neto que precisa ser lido, sobre os crimes praticados em nome de Jesus, pelos padres católicos, na Península Ibérica.

Qualquer judeu que critique hoje a vontade de voltar ao judaísmo que vive no âmago de cada ben ou bat anuss,  palavras hebraicas que querem dizer filho ou filha dos forçados atualmente vivendo em qualquer parte da América Latina, especialmente no Brasil (onde podem estes relegados alcançar uma quantidade de 40 milhões de almas) certamente não teria agido muito diferente dos antepassados cristãos-novos, ascendentes dos milhões destes atuais cristãos que sob tortura intensa e assassinatos em fogueiras, viravam as costas para a fé de Moisés e para escaparem com vida, mediante administração de pancadas e torturas violentíssimas, acusavam de judaizar as próprias mães, os maridos, os pais, os filhos, parentes e amigos.

Quem, dentre os detratores dos bnei anussim que querem voltar ao judaísmo, resistiria a psicopatas travestidos de padres, com a chibata e os aparelhos de tortura sob as ordens da Santa Madre Igreja, obrigando-os a vomitarem para não morrer e deixar de sofrer fisicamente, o que sabiam e o que não sabiam, até a assinatura de uma confissão em processos sem transparência, sem contraditório e sem defesa?

É fácil hoje, em regimes pretensamente democráticos, negar a porta aberta àqueles que querem voltar ao judaísmo, acusando-os de oportunistas, golpistas ou levianos.

Por outro lado, o Senhor dos Exércitos, na Torá, nos manda tratar nossos iguais como queremos ser tratados. Com respeito, com compaixão, com carinho e com compreensão. Sempre olho no olho. Nunca pelas costas!

Volto a afirmar, perguntando:- Qual de nós, rabino, alfaiate, comerciante, milionário, pobre, médico, filósofo, jornalista ou engenheiro, diante dos apetrechos para matar usados pelos curas da Igreja contra os judeus, se manteria íntegro, calado ou ficaria firme na fé do Deus Único de Israel? Os que se mantiveram intactos na fé, foram assassinados nas forcas, a pauladas ou em fogueiras.

Refastelados em poltronas de uma bem fornida sala de estar, diante de livros, de uma TV com diversos canais possíveis de acesso, com contas bancárias em nível satisfatório, presidindo ou dirigindo instituições representativas é fácil negar espaço a quem deve ser acolhido.

Difícil deve ter sido para os antepassados desses nossos irmãos, enfrentar a vida de perseguições, torturas, espancamentos, enforcamentos, fogueiras, assassinatos de diversas formas e conversões forçadas! Pior ainda, de onde estão, provavelmente, nos Jardins do Paraíso, assistirem os próprios filhos sendo rejeitados!

Aos filhos dos forçados, declaro:- Voltem! Há muito mais judeus como eu, de braços abertos para lhes abraçar do que os poucos que preferem rechaçar vocês!

Façam da vida judaica que vocês já estão vivendo, um exemplo para os hipócritas que não os aceitam, enquanto por debaixo das cobertas, praticam uma infinidade de crimes contra a Torá, mais conhecida pelo nome de Bíblia ou Pentateuco, os 5 livros de Moisés.

SEJAM MUITO BEM-VINDOS!

Ronaldo Gomlevsky