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Tribunal em Israel é ameaça a segurança do país

As audiências a que o primeiro-ministro de Israel está obrigado a comparecer, por decisão de UM juiz, começam nesta terça-feira num formato a que nenhum investigado jamais foi obrigado em Israel. A corte decidiu que serão três dias por semana, seis horas por dia, até (inicialmente) o final de dezembro. E isso sim é uma “ameaça de segurança ao Estado de Israel”.

Estão previstas mais de 48 horas de interrogatório sobre acusações, praticamente sem provas, que vem rolando há oito anos. A advogacia do governo, cujo cargo é absurdamente ocupado por numa nomeada pelo governo anterior, rival aberto contumaz do governo atual, já indicou que pretende acionar a Suprema Corte, alegando que Bibi está “inapto” a exercer o cargo de primeiro-ministro durante uma guerra, devido ao tempo que ficará trancafiado com o tribunal. Pergunte se ela tem coragem de iniciar ação tão estúpida? Tem sim. E será uma surpresa se não o fizer.

O mesmo judiciário que acusa dois militares da reserva de ameaçar a segurança nacional por terem entregue um documento “pretensamente capturado com Sinwar” (pois até hoje ninguém agfirmou que o documento é verdadeiro, vai ameaçar a segurança nacional, vai ameaçar a governabilidade, durante uma guerra, ao obrigar o primeiro-ministro a ficar incomunicável por três dias por semana, por seis horas por dia.

Talvez seja o exemplo mais podre de ativismo judiciário no mundo.

E precisou existir uma negociação dura entre a defesa e o tribunal, pois o juiz exigia que os trabalhos fossem na área dele, um salão com enormes janelas e teto de vidro. Poderíamos dizer que este juiz é um imbecíl, mas não vamos taxá-lo assim, em respeito à toga.

O que poderá acontecer com Bibi incomunicável por 6 horas por dia ninguém sabe. Mas sabemos que os manifestantes bobocas que pulalam nas ruas e o Yar Lapid vão exigir a renúncia dele por inaptidão.

É pouquíssimo provável que os casos contra Bibi sequer vão a julgamento, pois caso a promotoria tivesse qualquer prova concreta, já o teria indiciado.

Dias atrás, o juiz druso com caso Feldestein, recusou o inciamento, alegando que a promotoria e o Shin Bet não apresentaram provas que sustentassem a alegação de “de por em risco a segurança nacional”.

Se você não sabe do que se trata, o resumo é simples. Fedelstein, capitão da reserva e assessro direto de Bibi a anos, lhe entregou um manuscrito que “teria sido encontrado com Yahia Sinwar”. Seria um plano estratégico onde Sinwar “teria escrito”, que as manifestações de rua contra Bibi ajudavam o Hamas a manter dos reféns. Mas tal documento que “estaria em posse do Shin Bet”, não teria sido incluído na pasta oficial sobre Sinwar entregue ao primeiro-ministro. O mesmo documento foi publicado por um jornal alemão e o Shin Bet “imagina” que foi Fedelstein que o entregou.

Seria, teria, talvez, imagina, estas são as “provas” do caso bizarrícimo que está em andamento. E voltamos a afirmar: o Shin Bet não confirmou que o documento é real , que existe, que foi escrito por Sinwar ou que estava em sua posse. Também não declarou como Fedelstein o obteve.

E que as manifestações exigindo que Bibi traga os reféns de volta e não cobrando nada do Hamas ou exigindo que o Hamas liberte os reféns AJUDAM O HAMAS mesmo, não precisa ser nenhum gênio da inteligência ou da geopolítica para saber: todos sabem, inclusive os que estão nas ruas.

Por José Roitberg – jornalista e pesquisador

Imagem: ilustrativa, divulgação oficial do gabinete do primeiro-ministro

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.