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6 de 40 – Batalha de Erez

120 terroristas invadiram a Passagem de Erez e a base adjacente em 7 de outubro, enquanto as tropas fizeram uma resistência corajosa. A Passagem de Erez é localizada no extremo norte da Faixa de Gaza, distante apenas 10 km da cidade de Ashkelon.

Na manhã de 7 de outubro de 2023, cerca de 120 terroristas liderados pelo Hamas invadiram o posto de controle de fronteira de Erez, na Faixa de Gaza, e uma base militar adjacente em duas ondas. As tropas estacionadas ali não conseguiram defender a instalação, que rapidamente caiu nas mãos dos terroristas, resultando na morte de nove soldados e no sequestro de outros três.

Antes da guerra, cerca de 18.000 moradores de Gaza possuíam permissões de trabalho para entrar em Israel através da Passagem de Erez. O posto foi amplamente destruído pelo grupo terrorista Hamas durante seu ataque em 7 de outubro, e todas as permissões de trabalho foram revogadas.

A Passagem de Erez e a base de ligação com Gaza estavam entre as várias instalações das Forças de Defesa de Israel (FDI) atacadas durante o ataque do Hamas em 7 de outubro, no qual cerca de 5.600 terroristas cruzaram a fronteira, massacraram aproximadamente 1.200 pessoas e levaram 251 reféns para Gaza. A maioria das vítimas era civis.

A equipe militar de investigação afirmou que “o IDF não conseguiu cumprir sua missão de proteger a base”. No entanto, os investigadores disseram que “o confronto das tropas na primeira hora ajudou a salvar muitas vidas e a evitar danos ainda mais extensos”.

“Além disso, ataques da Força Aérea neutralizaram a infiltração de dezenas de outros terroristas”, acrescentou o relatório. A investigação descobriu que cerca de 20 terroristas da força de elite Nukhba do Hamas invadiram a base primeiro, realizando assassinatos, sequestros, saques e “outros crimes cruéis”. Mais tarde, naquele dia, outros 100 terroristas, alguns deles membros da Jihad Islâmica Palestina e outros sem afiliação, infiltraram-se na área e realizaram mais saques.

OBS: as tropas das FDI e os guardas do Ministério da Defesa, foram subjugados por apenas 20 terroristas. O relatório, lamentavelmente não diz qual era o número total de soldados em Erez e na base de ligação. Mas, avaliando os números citados pontualmente no relatório (mais adiante) eu IMAGINO que seriam entre 20 e 30 soldados e guardas apenas.

OBS: Nos detalhes do relatório, veremos que vários deles optaram por se esconder e não combater. O texto do relatório não diz isso com estas palavras, mas quando diz que “foram para um escritório e se trancaram lá dentro”, é exatamente o que aconteceu. Sendo assim Erez não foi tomado por 120 terroristas: mas, apenas por 20. O que seria um efetivo de ataque igual ou inferior ao da defesa, acabou se confirmando maior que o da defesa. É curioso como o título empregado pela mídia Israelense decidiu imprimir “120” e não “20”. Talvez o número mais baixo seja desmoralizante demais.

A investigação determinou que o número de tropas destacadas para a área antes do ataque não teria sido suficiente para defender o local, mesmo em um cenário menor do que o que acabou ocorrendo em 7 de outubro de 2023. A investigação também concluiu que, se as tropas tivessem sido preparadas de maneira diferente, provavelmente poderiam ter evitado a invasão da base de ligação com Gaza por parte dos terroristas.

A base também abrigava uma companhia de tropas de reserva, ou seja, uma força que não estava designada para defender nenhuma parte específica da fronteira ou cidade, mas sim para responder em caso de incidente. A investigação constatou que a presença dessas tropas evitou danos maiores à base, mas elas ainda assim falharam em defendê-la.

OBS: o relatório não diz quantos soldados compunham esta companhia de reserva, nem se todos estavam lá, ou havia passes de folga devido à Simchá Torá. Como em cada um dos relatórios anteriores, há perguntas óbvias de determinantes que são de conhecimento das equipes de investigação, mas por alguma questão e ordem direta, não foram divulgadas.

A investigação apontou que a entrada principal da base foi rapidamente capturada pelos terroristas, permitindo que muitos deles alcançassem o centro da instalação rapidamente. Mesmo assim, os soldados tiveram quase meia hora para se preparar para a invasão, desde o momento em que avistaram os primeiros terroristas na Passagem de Erez adjacente às 6h35 até a primeira infiltração pouco antes das 7h. A investigação afirmou que esse tempo não foi utilizado corretamente pelas tropas para se prepararem para uma invasão da base.

OBS: dá a entender que não havia plano nenhum de defesa da base e muito menos posições defensivas pré-constituídas as serem assumidas pelos soldados. Isso condiz com os outros relatórios que afirmaram que o cenário para se defender, em território israelense, de qualquer tipo de ataque direto, não existia.

Os investigadores também apontaram uma falta de comando e controle, o que levou muitos soldados a agirem por conta própria em meio aos combates. Assim como na base de Nahal Oz, a investigação observou que a base de ligação com Gaza, apesar de sua proximidade com a Faixa, não funciona como um posto militar defensável. A grande base, que serve a várias unidades militares e a uma unidade do Ministério da Defesa, era um “ponto fraco” em termos de defesa contra um ataque terrestre, segundo os investigadores.

Dos 120 terroristas que invadiram a área, um total de nove foram mortos por tropas dentro da base, enquanto dezenas de outros foram mortos na área da Passagem de Erez por ataques aéreos, de acordo com a investigação.

Cronologia do ataque

Às 5h30 de 7 de outubro, as tropas israelenses estacionadas na área assumiram suas posições ao longo da fronteira de Gaza em uma troca de turno. O ataque do Hamas começou uma hora depois.

Às 6h29, o Hamas lançou uma barragem inicial de mais de 1.000 foguetes, a maioria direcionada a bases e postos militares israelenses perto da fronteira de Gaza. As tropas estacionadas na base dirigiram-se para abrigos antiaéreos.

OBS: aqui temos um dado novo que não surgiu em outros relatórios – os soldados foram para abrigos contra mísseis, de onde não tinha condições de combater, de saber o que estava acontecendo do lado de fora, nem de se comunicar. Este é o quinto relatório que diz claramente que o Hamas lançou mísseis contra as posições militares e novamente não é relatado se um míssil sequer as atingiu. Afirmar que foram atingidas, 18 meses atrás, não se trata mais de “dar informação ao inimigo” e sim de sonegar informações ao público.

Às 6h32, soldados monitorando câmeras de vigilância identificaram um grupo de terroristas em caminhonetes vindo de Gaza em direção à Passagem de Erez.

Às 6h42, os primeiros terroristas do Hamas infiltraram-se na Passagem de Erez, capturando a faixa de veículos e o terminal de pedestres. Alguns dos terroristas subiram no telhado do posto na tentativa de realizar disparos de sniper a partir dali contra a base de ligação com Gaza. Algumas das tropas de reserva estacionadas na base tentaram chegar à Passagem de Erez e se encontrar com os guardas de segurança do Ministério da Defesa, mas não conseguiram devido aos disparos dos terroristas. As tropas recuaram e começaram a se dirigir para a comunidade próxima de Netiv Haasara, onde uma infiltração foi relatada.

Às 6h50, um comandante de um dos pelotões da companhia de reserva chamou suas tropas de volta à base para se prepararem para um ataque dos terroristas ali. Ele também instruiu uma equipe liderada por um sargento a defender a base com ele.

OBS: exemplo típico de falta de comando, mas não de comunicação. Tropas da companhia de reserva vão para um lado e 8 minutos depois são ordenadas a retornar.

Às 6h52, os cinco guardas de segurança do Ministério da Defesa avistaram dezenas de terroristas se aproximando deles a partir do terminal de pedestres. Os guardas fugiram para o segundo andar do terminal e se trancaram em uma sala.

OBS: o que se pode depreender disso? Sem plano de defesa de Erez, sem posições para travar combate defensivo. Estes cinco guardas armados, simplesmente se retiraram do combate e passaram o dia escondidos até serem encontrados, no final da tarde. Desculpem, mas 20, são dezenas? Ou são 20?

Às 6h54, um grupo de terroristas alcançou o lado sudeste da base e plantou uma bomba na parede do perímetro, na tentativa de derrubá-la. A explosão não conseguiu destruir a parede.

Ao mesmo tempo, a sargento de operações de plantão naquela manhã na base avistou os terroristas avançando em direção a uma posição fora da base usada por uma equipe de soldados que operava balões de vigilância. Ela chamou os soldados para entrarem na base. Alguns minutos depois, os primeiros terroristas conseguiram invadir a base pela entrada traseira no sul da instalação. As tropas já estavam posicionadas na área e trocaram tiros com os terroristas.

Outra equipe dirigiu-se para o lado leste da base para impedir uma infiltração pela entrada principal da instalação. Enquanto isso, um dos soldados avistou um terrorista no telhado do terminal da Passagem de Gaza e abriu fogo, matando-o.

Às 7h, três dos operadores de balões correram em direção à base para tentar buscar abrigo, apenas para descobrir que as salas à prova de bombas estavam trancadas. (Elas haviam sido convertidas anteriormente em escritórios e não serviam mais como abrigos antiaéreos.) Seu comandante juntou-se a eles pouco depois, enquanto se escondiam em um tubo de concreto.

OBS: você leu isso, sim. Salas seguras da base foram convertidas em escritórios e parte dos soldados não sabiam disso.

Enquanto isso, os terroristas conseguiram invadir a entrada principal da base. Um comandante de plantão naquela manhã abriu fogo, atrasando a entrada dos terroristas na base por alguns minutos. Após ficar sem munição, às 7h04, o comandante dirigiu-se à sala de guerra da base, onde se trancou com outros.

OBS: sem munição, ok, não tem como prosseguir no combate. Evidentemente a munição é muito controlada nas bases das FDI, pois balas são perigosas, não é mesmo? Não! O inimigo é perigoso!

Os terroristas, enquanto isso, entraram na base pela entrada principal e se dividiram, dirigindo-se para diferentes áreas da instalação. Um terrorista lançou uma granada em direção ao refeitório da base, perto de onde os operadores de balões estavam escondidos. Como resultado da explosão, os soldados saíram do tubo de concreto e correram para a sala de guerra. Os terroristas abriram fogo contra eles, matando dois: o Sargento Or Mizrahi e o Sargento Max Rabinov.

OBS: será que os três operadores de balão de vigilância estavam desarmados? O relatório não diz, mas parece que sim. Conceptzia: para que um operador de balão em território israelense precisa estar armado? A resposta foi paga com a vida.

Os terroristas avançaram para os alojamentos da base de ligação com Gaza, onde assassinaram outros três soldados e sequestraram outros três: Sherman, Beizer e Nimrodi.

Às 7h22, um drone da Força Aérea Israelense realizou seu primeiro ataque na área da Passagem de Erez. Simultaneamente, as tropas trocavam tiros com os terroristas do Hamas ao redor de um abrigo antiaéreo no estacionamento da base. Um soldado foi morto e outro ficou ferido durante o confronto, e as tropas pediram reforços.

Momentos depois, três soldados liderados pelo sargento tentaram se juntar aos outros soldados. Quando os quatro chegaram, os terroristas abriram fogo, matando o sargento. O comandante de um pelotão então enfrentou os terroristas, matando dois.

Às 8h22, vários ataques de drones da Força Aérea Israelense foram realizados contra veículos do Hamas na área. Alguns foram atingidos, enquanto outros voltaram para Gaza. A investigação constatou que esses ataques impediram outra onda de terroristas de invadir a base.

Por volta das 8h30, os combates na base haviam terminado, com os terroristas do Hamas mortos ou retornando à Faixa de Gaza. A maioria dos soldados começou a sair da base nesta etapa.

Entre 9h e 9h30, o comandante do pelotão instruiu as tropas que estavam próximas à cozinha da base a permanecerem dentro de um abrigo antiaéreo, pois a Força Aérea estava prestes a realizar vários ataques na área.

Às 9h30, o comandante da companhia chegou à área da cozinha e viu que não havia tropas ali, pensando erroneamente que não havia mais ninguém na base para resgatar, quando, na verdade, vários estavam escondidos dentro do abrigo antiaéreo.

OBS: comunicação em zona de combate igual a zero.

Às 10h30, cerca de 100 terroristas da Jihad Islâmica Palestina e outros palestinos sem afiliação infiltraram-se na base e realizaram saques e incêndios.

O comandante da companhia estava escondido com outro soldado e, ao ouvir os terroristas, continuou acreditando que não havia mais soldados na base. Às 13h30, o comandante deixou a base e dirigiu-se para Netiv Haasara com o segundo soldado, escapando da segunda onda de terroristas.

Às 15h, membros da unidade de engenharia de combate de elite Yahalom chegaram à base e começaram a vasculhá-la. As tropas não encontraram terroristas vivos durante suas buscas e localizaram os soldados que estavam escondidos no abrigo antiaéreo.

Às 15h45, membros da unidade de reconhecimento da Brigada de Paraquedistas dirigiram-se ao terminal de pedestres da Passagem de Erez, onde resgataram os cinco guardas de segurança do Ministério da Defesa que estavam escondidos em uma sala de servidores. Os paraquedistas não encontraram terroristas durante as buscas.

Às 19h, os soldados da Yahalom trouxeram todos os soldados do escritório de ligação com Gaza para o entroncamento de Yad Mordechai, e os feridos foram levados para hospitais. Às 23h, o comando sobre a base foi devolvido à unidade regional.

Imagem – frame de câmera de segurança dentro do saguão do posto de passagem de Erez. Existem vários vídeo das câmeras de segurança que não foram liberados ao público, fonte Ministério da Defesa de Israel.

Comentério de José Roitberg – jornalsita e pesquisador.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.