Meus cheiros preferidos!
Tenho amigos, “finíssimos” cujos avós e em diversos casos, os pais, eram artesãos em pequenas aldeias no leste europeu, sem calçamento nas ruas, enfrentando antissemitismo, desemprego, perseguições, estupros e cultura hegemônica diferente. As famílias chegaram ao Brasil, se recompuseram, se recuperaram e começaram a melhorar de vida. Essas primeira e segunda geração de filhos brasileiros de pais e avós europeus, ao invés de dar vazão à simplicidade que aprenderam em casa, se “sofisticaram”. Cultural e intelectualmente? Jamais! Ainda que tenham estudado em ótimas universidades, alguns até no exterior, o aprendizado foi e continua sendo como pó em cima de móveis. Nada profundo. Raso como o Rio Jordão em Banias onde nasce como um filete d’água.
Portanto, Terre de Hèrmés, Fleur de Rocaille, Dioríssimo e outros desse gabarito, são os cheirinhos que homens e mulheres, filhos e netos da turma que chegou nua com a mão no bolso ao Brasil, aprenderam a usar depois, muitas vezes, de um banho mal lavado.
Vou confessar: gosto mesmo é de cheiro de bosta de vaca. Cheiro de capim molhado. Cheiro de relva, cheiro de estrume de cavalo, cheiro de cachorro, de plantas e de flores.
Na verdade, gosto do cheiro da natureza e de todo o aprendizado que os animais nos trazem quando paramos para prestar atenção nessas divinas criaturas tais quais cavalos, cachorros, patos e gansos que nos dão aulas diárias de convivência nos habitats naturais onde vivem e se reproduzem, ainda que vez por outra, testemunhemos pelejas por espaço, ataques sexuais e algumas mordidas e dentadas, próprias do reino animal.
Vendo esse Brasilzão tão dividido pelo ódio ideológico entre brancos e negros, heteros e homos, judeus e cristãos, muçulmanos e budistas, católicos e umbandistas, esquerda e direita, Flamengo e Palmeiras, Lula e Bolsonaro, de verdade, acabo optando por uma vida no campo, longe da cidade, onde posso sentir o cheiro dos animais e do capim como se fosse o melhor Polo do judeu estilista mais bem-sucedido no mundo, Ralph Lauren.
Assim, espero ansioso, o dia em que o cheiro de enxofre abandone o nosso país e nós todos possamos viver dentro dos padrões da Constituição Federal, sem que um dos três poderes queira avançar sobre a nacionalidade e o resultado das eleições seja respeitado.
Esse Brasil de hoje, está enxovalhando a democracia, pela qual tenho lutado com coragem.
Espero viver para ver o meu país entrando nos eixos.
Ronaldo Gomlevsky
Na foto, Ronaldo Gomlevsky e o filhote de pastor belga malinois recém-chegado na família, Rex.