Israel anuncia trem de alta velocidade que cruzará todo o país e chegará até à Arábia Saudita
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou um projeto de US$ 27 bilhões para construir um trem de alta velocidade que conectará as extremidades norte e sul do país, chegando eventualmente à Arábia Saudita.
“Hoje estamos lançando o projeto ‘One Israel’: conectando todo o país com um trem rápido”, de Kiryat Shemona, perto da fronteira norte com o Líbano, a Eilat, no extremo sul do Mar Vermelho, na fronteira com Egito, Jordânia e Arábia Saudita. Arábia, disse Netanyahu, no início de sua reunião semanal de gabinete, de acordo com um comunicado do Gabinete do Governo.
Este projeto será lançado “com um orçamento plurianual de 100 bilhões de shekels (cerca de 27 bilhões de dólares). Minha visão é que todo cidadão do país possa ir e vir do centro do país, de qualquer parte do Estado, em menos de duas horas”, acrescentou.
Em entrevista coletiva, Netanyahu disse que sua “revolução ferroviária” redistribuirá a população de Israel ao atingir 30 milhões de pessoas (atualmente pouco mais de 9 milhões), sem especificar quanto tempo levará para concluir o projeto de transporte.
Embora tenha dito que “existem várias ideias sobre como financiar” o projeto, não esclareceu nenhuma em particular.
Além de transportar pessoas numa distância superior a 450 quilómetros, a linha vai permitir a movimentação de mercadorias desde o porto de Eilat até aos terminais no Mediterrâneo, “sem engarrafamentos, sem poluição atmosférica, sem problemas de estacionamento”.
“Também poderemos conectar Israel por via férrea com a Arábia Saudita e a Península Arábica”, prometeu Netanyahu ao anunciar o projeto, uma de suas promessas de campanha.
Por meio da mediação dos Estados Unidos, Israel busca normalizar suas relações com a Arábia Saudita, como já fez com outros países árabes no âmbito dos Acordos de Abraham.
De acordo com o New York Times no sábado, as autoridades americanas expressaram “otimismo cauteloso” sobre o acordo de normalização, se as negociações diplomáticas continuarem. O relatório também observou que, embora nenhum avanço tenha sido anunciado, a Casa Branca “vê sérias perspectivas para um acordo”.
Ao que tudo indica esse anúncio é apenas um factoide como vários outros frequentemente emitidos nos governos anteriores de Bibi Netanyahu. Entre eles, a linha de trem de alta velocidade entre Haifa e Meca; a canalização de água salgada do Mediterrâneo para o oeste do Mar Morto; gasoduto ligando Israel à Itália, mesmo que o Mediterrâneo tenha mais de 4.000 metros profundidade ao longo do percurso e não exista tecnologia que permita tal construção; canalização de água do Mar Vermelho até o sul do Mar Morto com a criação de várias turbinas de geração de eletricidade na queda da água etc. Projetos espetaculares, mirabolantes e que não tem a mínima viabilidade técnica ou econômica.
No dia seguinte do anúncio vários políticos da oposição e situação já alertavam para não existirem estes 27 bilhões de dólares necessários e muito menos alguém sabe como este valor foi estipulado ou se foi realizado algum estudo de trajeto. Provavelmente não foi realizado pois o projeto é só para ser anunciado e não existir como os outros. A última previsão de crescimento populacional de Israel, divulgada em novembro de 2021 era para 15,7 milhões de habitantes no ano 2050, 80% deles ortodoxos e ultra-ortodoxos, ainda a metade dos 30 milhões ditos pelo primeiro-ministro no lançamento do projeto irrealista.
A única possibilidade para o projeto vir a acontecer seria a entrada da Arábia Saudita nos Acordos de Abraão, pois interessa aos sauditas um acesso direto ao porto de Haifa o que baratearia não só as importações dos produtos europeus, mas também facilitaria o fluxo de peregrinos anuais para o Haj em Meca, com milhões de passageiros/ano na rota. O número de passageiros internos em Israel de norte a sul inviabiliza o projeto, mas se a linha foi de Haifa a Meca com um ramal para Eilat-Sharm el Sheik (balneário egípcio muçulmano top) aí será muito rentável. E os sauditas tem dinheiro a vontade para este investimento, provavelmente com tecnologia ferroviária chinesa de última geração.
Pela verdade, existem vários outros projetos especificamente bem realizados nos governos de Bibi Netanyahu. O primeiro é o do fomento às startups de tecnologia. O segundo foi a grande expansão das linhas ferroviárias modernas inclusive com a ligação Tel Aviv – aeroporto – Jerusalém. Terceiro foi o sistema viário moderno em Jerusalém com túneis. Quarto foi o túnel através do Monte Carmel e toda a estrutura viária espetacular para os acessos desta via, que todos achavam que nunca existiria. Quinto foi o muro e cerca de proteção no entorno da Faixa de Gaza. Sexto foram os gasodutos por terra para o Egito e para a Jordânia. Sexto área conjunta industrial com a Jordânia, onde as fábricas ficam em solo jordaniano e a logística fica em solo israelenses com estrada privativa direto para o porto de Haifa. Sétimo, as várias usinas de dessalinização de água do mar que hoje abastecem todo o país com água potável. Decidimos mostrar apenas estes feitos espetaculares na infraestrutura israelense, frutos dos governos de Bibi Netanyahu desde 2008. Existem mais.
Imagem: foto oficial de divulgação do anúncio do trem de alta velocidade por Haim Zach / GPO