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Consumo de energia em clima quente bate novo recorde em Israel

Israel usou 15.690 MW às 14h53 No domingo, quando o termômetro passou dos 40°C em algumas áreas.

Os números mostraram que o consumo de eletricidade quebrou todos os recordes no domingo, enquanto Israel resistia à última onda de calor.

Segundo dados do Operador Independente do Sistema do Setor Elétrico, conhecido pela sigla em hebraico Noga, os israelenses estavam consumindo 15.690 megawatts às 14h53, superando o recorde estabelecido em 25 de julho, de 15.384 megawatts.

Em ambas as horas, metade da eletricidade foi usada para ar-condicionado.

Segundo dados da Agência Meteorológica de Israel. No domingo, a temperatura em Jerusalém subiu acima de 40°C e atingiu 41°C em partes da Baixa Galileia e do Vale do Jordão.

Quando os recordes foram quebrados no domingo, a eletricidade veio principalmente do gás natural (9.239 MW – 58.9%), carvão (3.379 MW – 21,5 %) e painéis solares (2.846 MW – 18,1%).

“O uso de ar-condicionado aumentou ano a ano, e o aumento da frota de veículos elétricos, incluindo ônibus, impulsionou um aumento significativo no uso de energia”, disse o CEO da Noga, Shaul Goldstein.

Salvo grandes danos, o sistema está se preparando para uma carga maior do que no domingo, disse Goldstein. Em junho, ventos fortes vindos do Egito deixaram cerca de 300.000 casas sem energia devido à onda de calor, com temperaturas chegando a mais de 43°C em algumas áreas. Quedas de energia separadas ocorreram em duas usinas no sul de Israel. Outras estão manutenção. Os painéis solares também não funcionaram a 100% porque as ondas de calor são acompanhadas por uma névoa densa que diminui a incidência de luz solar.

COMENTÁRIO MENORAH: Confessamos que pela primeira vez nos deparamos com uma nota oficial de agência Israelense citando que 21,5% da energia elétrica consumida em Israel é produto da queima de carvão. Quando estamos em Israel não se tem a mínima noção disto. Não se vê caminhões transportando sacos de carvão pelo país. De todos os sistemas de geração este é o pior, o mais poluente, queimando carvão para produzir vapor de água e mover turbinas. Atualmente as fazendas de energia solar funcionam basicamente da mesma forma.

Mas o comentário do CEO do sistema elétrico Israelense é um alerta oficial do que parecia ser algo óbvio. A geração elétrica por energia solar não vai funcionar com o céu encoberto, principalmente durante o inverno e estações chuvosas. Também é primeira vez, na discussão do uso de energias renováveis, onde uma fonte oficial fala sobre a névoa e movimentação do ar-quente em dias de calor extremo, prejudicando a eficiência elétrica da geração solar. Fica óbvio que num cenário de mudança climática com efeito estufa e céus mais encobertos, esta modalidade de geração de eletricidade não vai funcionar, enquanto a queima de combustíveis a base de carbono pode ser realizada ininterruptamente com a mesma eficiência de geração. É uma equação muito desconfortável ecologicamente.

Ainda assim, isso não coloca em xeque a produção de eletricidade, seja através da conversão da luz em eletricidade (uso residencial, público e industrial) ou concentrando o calor para produzir vapor de água, como é a tendência das “fazendas”, ou usinas de geração de energia elétrica.

Imagem: foto oficial de divulgação da usina de Ashalim, no deserto do Negev ao sul de Be’er Sheva. Esta é a planta solar mais nova de Israel, entrando em operação no ano passado, 2022. O que parece um lago, é um mar de espelhos com posicionamento controlado por computador para manter um foco impressionante de luz solar sobre o captador no topo da torre de fervura de água. O vapor movimenta as turbinas que geram eletricidade, volta a se condensar em água que vai para o reservatório de fervura num sistema fechado de perda mínima. A usina de Ashalim é composta por três plantas produtoras. A de vapor, a principal, uma alternativa à gás natural e uma terceira fotovoltaica (conversão de luz em energia elétrica, eletronicamente).

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.