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O hospital Shifa não é um prédio, mas um complexo imenso com mais de 30 edificações. Em vermelho, onde aconteceram combates. Pelo tamanho dos carros, nas ruas, dá para ter uma ideia das dimensões do complexo do hospital. Imagem de divulgação do IDF.
⁂ Depois de 14 dias de operação militar no complexo do hospital Shifa, em Gaza, o IDF se retirou pela manhã de segunda-feira. O resultado da operação foram 200 terroristas mortos, inclusive comandantes do Hamas e da Jihad Islâmica e 900 presos, dos quais 500 eram terroristas dos dois grupos. Para todos os efeitos, o hospital Shifa deixou de existir. 6.000 civis foram retirados da área para sua própria proteção e os pacientes levados para outros hospitais.
 Militarmente a operação nos prédios do hospital foi sem precedentes na história das guerras: combate nos mesmos prédios durante 14 dias, de cômodo em cômodo, sala em sala, porta em porta, em cada corredor. Os terroristas se entrincheiraram no hospital e utilizaram grande número de granadas de mão dentro da instalação. Apesar de uma vitória militar isralense incontestável, o Hamas sai vitorioso na mídia e na demonização de Israel: atacou o maior hospital e o destruiu! Crime de guerra! Enquanto o porta-voz do Hamas continua a negar que seus homens estivessem lá dentro. A mídia, evidentemente, vai comprar a versão do Hamas
 Imaginar que o Hamas havia voltado a se infiltrar no hospital da Shifa para dali combater e derrotar Israel não faz sentido. O objetivo era forçar Israel a destruir o hospital.
⁂ A irmã do líder do Hamas, Ismail Haniyeh (que se esconde em Doha no Catar) veja só, é cidadã israelense e foi presa neste dia 1/abr/2024, na cidade beduína de Tel Sheva, no sul de Israel. Foram aprendidos vários telefones celulares, documentos e centenas de milhares de shekels em dinheiro escondidos na casa. Sabah Avad al-Salam Haniyeh, 57 anos de idade e foi acusada de violações sérias da segurança.
 Agora, por esta você não esperava. O Haniyeh tem três irmãs, todas cidadãs de Israel. Alguns dos filhos delas serviram ao IDF. É um mundo completamente louco. A informação foi dada no ano de 2006 pelo jornal inglês Daily Telegraph e ninguém levou a sério. Israel e o Hamas nunca haviam confirmado ou desmentido. Parece que era verdade.
⁂ O dia terminou lá em Israel. É como se nada tivesse mudado na política. Um protesto de hareidim contra o recrutamento. Estamos diante de algumas possibilidades para o cumprimento da lei que obriga o alistamento de hareidim de 18 a 26 anos de idade, que passou a vigorar. Uma é o IDF se mover com absoluta lentidão em relação a lei. O Arie Dery, pelo que entendi, vai manter o Shas lutando de dentro do governo para retornar a condição anterior. E o IDF deve promover o alistamento, mas não a incorporação.

Não conhecemos o texto da lei. Mas, por exemplo, aqui no Brasil o alistamento militar é obrigatório. Em muitos países não é. Isso não significa que os alistados vão para as forças armadas. Além da questão de aptidão física existem AS NECESSIDADES DAS FORÇAS ARMADAS, e é por aí que a coisa deve ir em Israel. Eu estou vendo outra condição. O aluno de yeshiva vai, se alista, e a escola dele volta a ficar legalizada e receber as verbas. Em um ou dois meses ele não é chamado para servir, é dispensado, e com isso está quite com o serviço militar e não vai depender do adiamento anual até os 26 anos. Isso seria absolutamente normal e legal, como em vários países. Seria uma solução PONDERADA vinda a partir do IDF e não do governo ou da oposição.

Estamos pensando em possibilidades pragmáticas e não místicas. Existe a questão (nos recusamos a denominar de problema) mística, mas existe a lei pragmática. Os setores, dentre os hareidim, que não aceitam as leis do estado, não aceitam as decisões judiciais e não aceitam ordens da polícia, aí só imaginam soluções místicas. O mais doido nesta questão toda (em nossa opinião) é que sendo 1.500 yeshivas, existem 1.500 rabinos que são 100% ouvidos pelos seus alunos, cada qual com visões e opiniões pessoais que podem ser diferentes em torno das mesmas questões. Um deles disse hoje que Israel só existe porque eles estudam a Torá (‘eles’ significa, os alunos deles, e não todos). Disse ainda que os seculares (e aí significa todos os que não são hareidim, inclusive reforma, conservative, liberal, modern orthodox e quem não pratica nada) ODEIAM A TORÁ e odeiam os que estudam a Torá e é por isso que estão agindo assim. E neste caso, não tem jeito de aturar, respeitar ou ter tolerância com este tipo de discurso.
⁂ Israel eliminou o brigadeiro general iraniano Mohamed Reza Zahedi, 80, ex-comandante da força aérea e ex-comandante do exército do Irã. Atualmente comandante do ramo de operações especiais da Guarda Revolucionária. O vice-comandante também foi morto. Estavam no anexo embaixada do Irã em Damasco, que foi completamente destruído, sem que uma só vidraça da embaixada ou do prédio residencial aos fundos tivesse quebrado. Provavelmente míssil guiado por GPS disparado por um caça F-35i (invisível ao radar). O IDF afirmou que o drone que danificou uma parede de um abrigo de navios da base naval de Eilat foi lançado pelo Irã, caracterizando um ataque direto que teria sido respondido hoje com a eliminação do comando a unidade. A saber, o drone iraniano Shahed 136 hoje fabricado em massa no Irã e na Rússia, utilizado diariamente às dezenas contra os ucranianos tem alcance de 2.500 km, portanto pode ser lançado de qualquer ponto do território iraniano contra Eilat, até mesmo de um local tão distante quanto a área de fronteira com o Afeganistão. Israel precisa modificar a defesa de Eilat rapidamente. Os canhões antiaéreos controlados por radar que já não são capazes de abater aviões são perfeitos contra drones. Uma meia dúzia lá deve cobrir a aproximação aérea à cidade.
⁂ Quando o Talibã voltou ao poder no Afeganistão após uma veloz campanha militar, a mídia ocidental comprou e acreditou nos pronunciamentos falsos dos líderes jihadistas talibãs de que “desta vez as mulheres não seriam alvo do regime”. Isto foi em 2021. No dia 29 de março de 2024, o líder supremo Hibatullah Akhundzada, anunciou que volta a prática de estado de apedrejar mulheres adúlteras até a morte e chicotear mulheres em público por outros delitos. O anúncio foi feito na última semana do Ramadã. Entre 1996 e 2001, os apedrejamentos eram realizados no estádio de futebol da capital, Cabul, com milhares de pessoas obrigadas por homens armados a irem lá assistir, sem que a Fifa emitisse qualquer comunicado. Em 2001 a Fifa emitiu pesada nota contra Israel por ter lançado uma bomba num campinho de futebol vazio na Faixa de Gaza. As ONGs femininas internacionais jamais se importaram com o destino cruel das mulheres muçulmanas nas mãos dos talibãs muçulmanos, nem com as mulheres judias nas mãos dos muçulmanos. Só existe um problema para as mulheres muçulmanas: quando os judeus as matam em guerra.
Na primavera de 2022, as meninas acima de 6 anos de idade foram removidas das escolas e as com mais de 18 anos foram removidas das universidades o outros cursos. Para o Talibã as mulheres são uma “coisa” que precisa ser mantida ignorante, chicoteada quando merecer e apedrejada quando a lei islâmica determinar. Foi assim no primeiro governo e voltou a ser assim no segundo governo. O que a ONU vai dizer? Nada. O que o Conselho de Segurança da ONU vai dizer? Nada. O que o Conselho de Direitos Humanos da ONU vai dizer? Espero que alguma coisa pois atualmente a presidência é do Irã, inimigo jurado dos talibãs, mas provavelmente, nada.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.