Abu Mazem afirma que os templos de Jerusalém eram no Iémen.
Por duas vezes nos últimos dias, o presidente da Autoridade Palestina, Abu Mazem, disse publicamente que os Templos estavam no Iémen, e não em Jerusalém. “Eu digo a vocês que grande parte da história é falsa. Quem lê o Alcorão sabe disso”, disse ele na reunião do Conselho Central da OLP em Ramallah.
Mazen fez sua tese de doutorado sobre negacionismo do Holocausto, pelo viés, “como é bom, positivo, e historicamente correto negar o Holocausto”. Agora, nega a história universal da humanidade. Pelo menos ele é coerente.
Pesquisamos e podemos afirmar, sem risco algum de incorrer em falsidade, que nenhuma passagem do Corão afirma que os templos judaicos ficavam no Iémen. Até porque, o Iémen não existia na época bíblica ou início do islã como entidade nacional. Ninguém irá encontrar também qualquer referência ao Iémen no Corão.
Mas, nas hadiths, comentário sobre o Corão, onde o misticismo é um vale tudo, os comentaristas pegam trechos onde não aparece qualquer referência geográfica, tribal ou nacional, e simplesmente determinam: era no Iémen, eram os iemenitas, e assim por diante. É muito estranho.
Vamos dar um exemplo: “E levai convosco provisões, pois a melhor provisão é a piedade; e temei-Me, ó homens de entendimento. (Durante o Hajj) não há pecado em vós, se buscardes a graça (isto é, o sustento) do vosso Senhor.” Comentário: “Algumas pessoas do Iémen viajavam para o Haj sem provisões…”, portanto a passagem do Corão é sobre o Iémen… Muito louco.
Abas deve estar lendo uma versão revisionista do Corão. Se ele mantiver que o Segundo Templo não era em Jerusalém, e sim no Iémen, então ele vai contra os próprios fundamentos do Islã que colocam o profeta Maomé em sua jornada noturna no cavalo alado al-Burak, de Meca a Jerusalém, de onde ascende aos céus, a partir da Rocha (do Domo da Rocha) para discutir com Allah a exigência de 5.000 orações diárias, quando Allah decide que manteria 5, cada uma valendo por mil. É um dos momentos mais determinantes da fé islâmica.
E é exatamente ali, que o islã, quando conquista Jerusalém, faz suas primeiras orações, e depois estabelece o Domo da Rocha e a Mesquita de Al Aqsa. Se Abas diz que estão no lugar errado, está se posicionando contra 100% do islã. A pequena edificação para manter viva a memória de al-Burak está lá até hoje.
Ou seja, na pior das hipóteses, Abas está senil. Na melhor das hipóteses, ele está apenas sendo o mentiroso contumaz hipócrita que sempre foi.
por José Roitberg – jornalista e pesquisador