A bomba MOAB não é o que dizem: entenda como funciona
Apesar do que está sendo publicado, inclusive pela mídia israelense, a bomba MOAB de 11 toneladas não é o que as pessoas estão imaginando e não tem o efeito que as mídias estão publicando. A MOAB é uma das bombas maiores de 250 kg mais BARATAS do arsenal norte-americano, orçadas em apenas 200 mil dólares cada.
É largada pela traseira de um avião de transporte Hércules C-130, arrastada para fora por um paraquedas que logo se desprende. A bomba inicia queda livre, suas aletas traseiras de direcionamento se abrem e ela é capaz de corrigir ligeiramente sua trajetória guiada por GPS, mas sem ter a precisão exata de uma bomba guiada, e nem precisa ter.
MOAB vem de “Massive Ordnance Air Blast”, traduzido livremente para Bomba de Explosão Enorme, e não Mãe de Todas as Bombas (mother of all bombs). Air Blast precisa de uma explicação. É uma bomba que dispersa toneladas de aerossol antes da explosão, que cria uma mistura externa altamente explosiva com oxigênio do ar. No momento da explosão principal, é o próprio ar que explode. É uma bomba que se aciona ANTES de atingir o solo, tendo ZERO de capacidade de penetração.
Este aerossol explosivo é capaz de penetrar em edificações, cavernas e bunkers CASO EXISTAM ABERTURAS, durante um ou dois segundos antes da explosão principal. Ou seja, NÃO TEM NENHUMA APLICAÇÃO TÁTICA para atacar os túneis e unidades militares e da indústria militar enterradas a dezenas ou centenas de metros de profundidade.
Grande poder de sucção de ar
É uma característica de qualquer explosão, em seus milisegundos iniciais, “chupar” o oxigênio que está em volta. Como a explosão da MOAB é enorme, esta chupada é enorme também e isso danifica os vasos sanguíneos dos pulmões e das vias respiratórias de quem estiver no alcance em que o ar é sugado, levando à morte.
Os vasos sanguíneos literalmente arrebentam, de dentro para fora, mesmo que o soldado não tenha sido atingido pela bola de fogo da explosão. Num terceiro momento, a onda de choque é enorme também e pode levar à fraturas de costelas, esmagamento de pulmões, traumatismos cerebrais e compressão do cérebro, bem como a certa destruição do sistema auditivo.
A Rússia já lançou dezenas de bombas convencionais de 3 toneladas sobre o tecido urbano de cidades ucranianas na zona de combate. Existem muitos filmes e se pode verificar uma enorme destruição (mas não completa), num raio de dois quarteirões, com danos médios no terceiro quarteirão e leves no quarto. Multiplique isso por 3,5 e podemos ter a ideia do estrago que uma MOAB pode fazer no tecido urbano. Até hoje, ela jamais foi lançada contra áreas urbanas ou com a presença de população civil.
Imaginemos que seja lançada contra uma área já devastada na Faixa de Gaza, pois os combatentes do Hamas estarão lá. Existem apenas alguns filmes oficiais de testes da MOAB e sempre lançados com áreas de tiro militares, áreas de alvo de treinamento planas e sem edificações. É impossível afirmar o que aconteceria se tal bomba fosse empregada na Faixa de Gaza, mas é muito provável que arremesse uma quantidade inimaginável de destroços já existentes, em altíssima velocidade, para todos os lados. O efeito da explosão somado aos destroços voadores é imprevisível, mas será devastador.
Não confunda a bomba com a Bíblia
Ah, pedimos encarecidamente aos nossos que não imaginem que MOAB tenha qualquer coisa a ver ou tenha qualquer relação com as tribos dos moabitas, tipificadas na Torá. É uma coincidência.
Imagem oficial do exército americano mostra duas soldados junto a uma bomba MOAB em sua carreta de transporte, dando uma noção boa das enormes dimensões dela.