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Ministros da extrema-direita ortodoxa decidiram acusar o ministro da defesa, Gallant como responsável pelos ataques contra judeus da Cisjordânia

Só não enxerga quem não quer ver ou não quer ler, ou prefere não acreditar. Itamar Ben Gvir, ministro da segurança nacional e Bezalel Smotrich, ministro das finanças, acusaram abertamente o general Gallant, ministro da defesa de ser o responsável pelos abatidos a tiros nos últimos dias de quatro judeus na Cisjordânia.

Mas como? Não estão acusando os palestinos? Não. Não estão acusando Mahmoud Abbas? Não. Não é a vontade de Deus que estes quatro judeus tenham retornado suas almas a corrente eterna da vida? Não! A culpa é do ministro da defesa. Ou seja, verdade e misticismo não valem quando o discurso político exige mentir.

E qual é a culpa de Gallant? Segundo Ben Gvir e Smotrich a culpa dele está na inação do comando militar israelense em “se vingar” dos palestinos, de preferência arrasando suas vilas e matando todos os “amalekitas” como imaginam ser a vontade de Deus. Se valeu para Josué a 4.000 anos, então vale para Gallant no século 21.

Não existe possibilidade de qualquer ser humano coerente, aceitar que ministros de Israel preguem vingança arrasadora contra uma população, simplesmente porque a imensa maioria dos judeus, inclusive os da direita política não religiosa não são assim.

Nesta segunda feira um carro onde estavam Aryeh Gottlieb e Batsheva Nigri, foi alvejado ao sul de Hevron. Ela morreu e ele está em estado grave no hospital. Ambos na faixa dos 40 anos de idade.

A ministra das missões nacionais, um cargo artificial criado para encastelar Orit Strock, do novo Sionismo Religioso, partido de Smotrich como mais um ministro (vários ministérios artificiais com nomes estranhos foram criados para acomodar cargos na coalizão de governo e a lei israelense permite isso), declarou abertamente que o IDF tem limitar ainda mais a possibilidade de deslocamento dos palestinos na Judeia e Samaria. Aproveitando o gancho o Itamar bem Gvir exigiu uma reunião do gabinete de segurança nacional para decidir “o fechamento de algumas cidades palestinas”. Algo completamente absurdo.

Já o assassinato ocorrido no sábado de um pai de 60 anos recém feitos e do filho de 24 na aldeia palestina de Huwara não tem nada a ver com ortodoxos judeus ou colonos da Cisjordânia. É um caso sui generis. A família vivia em Ashdot, no litoral, a 96 km de Huwara ao sul de Jenim.

Num shabat, o pai, que é motorista decide levar o carro a uma oficina de um palestino conhecido dele lá em Huwara. Nunca tinha havido problemas antes e o pai costumava ir a Huwara tendo amigos lá. O carro não deveria ter problemas sérios para fazer este trajeto de mais de uma hora. O carro foi consertado e eles decidiram ir a um lava-jato dar uma lavada nele antes de voltar para casa. Coisa normal de um dia de sábado na Cisjordânia? Talvez não.

Durante o tempo que levou o conserto, pai e filho andaram por Huwara e não se sabe o que fizeram nem com quem falaram. Quando voltaram para pegar o carro e voltar para Ashdot foram fuzilados por um palestino que também nenhuma testemunha disse quem era, de onde veio e para onde foi.  Ainda não se pode descartar que eles foram lá para fazer algo diferente de consertar e lavar o carro, mas pode ter sido apenas isso e algum palestino que não era amigo deles e nem sabia serem eles amigos das pessoas em Huwara e judeus interessados na convivência o mais normal possível com os palestinos muçulmanos, os abateu apenas por serem judeus, atendendo as prédicas de clérigos palestinos muçulmanos sunitas jihadistas que ao invés de pregar proteger os judeus como está escrito no início do Corão, preferem pregar a obrigatoriedade de levar os judeus ao inferno, como está escrito no final do Corão. Pai e filho foram sepultados na cidade onde viviam, Ashdot.

No G1 a Globo publicou e jamais retificou que dois judeus morreram numa colônia na Cisjordânia ocupada por Israel desde 1948, ainda que a história verdadeira do planeta Terra mostre que entre 1948 e junho de 1967 o país que ocupou a Cisjordânia foi a Jordânia, mas ninguém está minimamente interessado na verdade. E como a Globo afirma e reafirma que não publica fake news então talvez estejamos numa linha do tempo alternativa e eu esteja maluco imaginando que a Jordânia ocupou a Cisjordânia e o Egito ocupou a Faixa de Gaza de maio de 1948 a junho de 1967.

Opinião de José Roitberg – jornalista e pesquisador

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.