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Apoio de Jimmy Carter aos Aiatolás

O ex-embaixador de Israel em Washington, Yoram Ettinger, faz uma retrospectiva sobre as políticas do ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, e como elas contribuíram para a ascensão do aiatolá Khomeini.

Por Shimon Cohen. Arutz Sheva

Com o falecimento do ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, Yoram Ettinger discutiu os erros trágicos cometidos por Carter, muitos dos quais ainda impactam o Oriente Médio hoje.

Ettinger lembrou:
“O presidente Jimmy Carter apoiou fortemente a tomada de poder do regime dos aiatolás no Irã. Em 1978, Carter e seus conselheiros concluíram que o Xá da Pérsia, o policial americano no Golfo, estava obsoleto. Eles acreditavam que o aiatolá Khomeini, que estava exilado em Paris, seria adequado para os EUA por ser anti-comunista e anti-soviético.”

“Carter chegou ao ponto de declarar — dez dias antes de Khomeini aterrissar em Teerã — que a inteligência dos EUA havia determinado que Khomeini seria um Gandhi iraniano. Ele também afirmou que Khomeini não tinha desejo de espalhar a revolução para fora do Irã, se concentraria mais em tratores do que em tanques e seria um leal representante dos interesses do mundo livre.”

Essas avaliações, segundo Ettinger, eram fruto de ilusões desconectadas da realidade do Oriente Médio. Ele destacou que essa abordagem de Carter também caracterizou sua posição sobre a questão palestina e influenciou o desenvolvimento do acordo de paz com o Egito.

Sobre o acordo de paz, Ettinger comentou como a insistência de Carter em incluir a criação de um lar nacional para os palestinos, possivelmente um estado palestino, quase comprometeu o acordo:

“Carter é creditado por ter trazido Israel e Egito a um acordo de paz. Embora nem Carter nem os EUA tenham iniciado ou sido as figuras centrais nesse processo, sua visão alternativa, que considerava a questão palestina como central no conflito árabe-israelense, o levou a pressionar para que ela fosse o foco das negociações de paz entre Israel e os estados árabes.”

“Ele não queria uma conferência israelo-egípcia, mas sim uma internacional, que incluísse a União Soviética e desse poder de veto aos extremistas do mundo árabe. O PM israelense Begin e o presidente egípcio Sadat rejeitaram essa ideia, e a iniciativa direta acabou levando a uma aproximação significativa entre Israel e Egito. Claro, os EUA desempenharam um papel importante devido às demandas egípcias, que só os EUA poderiam atender. Ainda assim, é crucial lembrar que a ideia de um estado palestino surgiu por causa de Carter, embora Sadat não considerasse isso significativo para o Egito,” explicou Ettinger.

O fato de ambos os lados terem se oposto a isso levou à exclusão da questão palestina do acordo de paz. Mesmo naquele momento 1978-1979 a administração do Partido Democrata nos Estados Unidos preferiu ignorar o Estatuto da OLP (Organização para Libertação da Palestina), de Yasser Arafat onde constava que a “solução dos Dois Estados não era de interesse dos palestinos”.

Na foto, Jimmy Carter, de maior plantador de amendoim dos EUA a presidente Democrata que costurou o acordo de paz entre Egito e Israel, assinado em março de 1979 por Anuar Sadat e Menahem Begin, fundador do Likud. Anos depois Sadat seria assassinado pela Al Qaeda considerado um “infiel traidor” por ter feito a paz com Israel. Na época não se sabia, mas o planejador do assassinado de Sadat, veio a ser o vice de Osama bin Laden.

José Roitberg

José Roitberg é um jornalista brasileiro e pesquisador em história, formado em Filosofia do Ensino sobre o Holocausto, pelo Yad Vashem de Jerusalém.